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Funções Psíquicas Compostas e Suas Alterações: Consciência e Valoração do Eu, Esquema Corporal e Identidade

Por:   •  17/9/2018  •  2.211 Palavras (9 Páginas)  •  710 Visualizações

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A criança formará gradativamente o seu eu por meio:

- Do contínuo contato com a realidade e consequentemente submissão ao principio de realidade.

- Do investimento amoroso e narcísico dos pais sobre a criança.

- Da projeção dos desejos inconscientes dos pais sobre a criança e consequente assimilação desses desejos pela própria criança.

- Das identificações da própria criança via mecanismos conscientes e inconscientes de introjeção, no relacionamento com as figuras parentais primárias.

2.1 ALTERAÇÕES DA CONSCIÊNCIA DA EXISTÊNCIA

Consiste na suspensão da sensação normal do próprio Eu, corporal e psíquico, na carência da consciência do fazer próprio, no distanciamento do mundo perceptivo, na perda da consciência do sentimento do Eu. Para Jaspers, o curioso desse fenômeno é a condição na qual o homem existindo já não poder sentir a sua existência. Os doentes relatam que se sentem modificados, estranhos a si mesmos.

2.2 ALTERAÇÕES DA CONSCIÊNCIA DE EXECUÇÃO

Na alteração da consciência de execução, o doente, ao pensar ou desejar alguma coisa, sente, porém que de fato foi um outro que pensou ou desejou tais pensamentos ou desejos e os impôs de alguma maneira. Os pensamentos podem ser vivenciados como feitos e impostos por alguém ou algo externo, ou como extraídos, arrancados do paciente.

A sensação de “algo feito” por uma força externa pode abarcar todos os tipos de atividades psíquicas, não apenas o pensamento, mas também o falar, o fazer, o caminhar, o querer, os impulsos (inclusive sexuais).

3.0 A CONSTRUÇÃO DO SELF, IDENTIDADE E SUAS ALTERAÇÕES

A construção do Self, consiste no progressivo processo de construção e qualificação de um auto-conceito. Segundo Dalgalarrondo (2008) a criança começa a estruturar este processo ao longo do primeiro ano de vida através de experiências específicas, das quais o autor salienta o:

1. Contato contínuo com a realidade e conseqüente submissão às suas vicissitudes (princípio de realidade). Para Jaspers (1979), a realidade é aquilo que oferece resistência ao indivíduo, opondo-se aos seus desejos, possibilitando que um mundo externo e objetivo seja reconhecido com o tempo. 2. Investimento amoroso e narcísico dos pais sobre a criança. 3. Projeção dos desejos inconscientes dos pais sobre a criança e conseqüente assimilação desses desejos pela própria criança. 4. Identificações da própria criança, por meio de mecanismos conscientes e inconscientes de introjeção, no relacionamento com as figuras parentais primárias. Então, os “pais psicológicos” são tomados como modelos de identificação e, assim, introjetados, assimilados à personalidade da criança. A criança busca ser como o pai e a mãe, copiá-los, agir e sentir como eles.

(DALGALARRONDO, 2008 P. 246)

Neste sentido, segundo o autor, já ao fim do primeiro ano de vida a criança começa a estruturar o arcabouço distintivo entre os espaços internos e externos, os quais a medida que tornam-se progressivamente mais nítidos passam a se conectar a significantes. Aos quatro anos, já é esperado que este processo tenha disposto a criança referenciações mais nítidas de auto-conceito.

Uma vez estabelecido, o Eu torna-se uma estratificação do psiquismo responsável por referenciar todos os processos mentais relacionados às concepções de identidade e auto-conceito; das quais Jaspers (apud Dalgalarrondo 2008 p. 246) salienta as consciências de atividade, unidade, identidade e de delimitação da realidade.

Mais adiante, explorando o processo de constituição identitária, o autor situa esta discussão a luz da teoria psicossocial de Erikson (1985) o qual define a identidade como o sentimento que proporciona a capacidade para experimentar o próprio eu como algo que tem continuidade e unidade, permitindo que o indivíduo se insira no meio sociocultural de maneira coerente. O sentimento de identidade refere-se à sensação de pertencer a algo, de ser parte de algo. A identidade psicossocial permite que o indivíduo oriente-se em relação às outras pessoas e ao seu meio ambiente, estabeleça e delineia as fronteiras do eu corporal e do eu mental.

A identidade é formada a partir do conjunto de identificações conscientes e inconscientes que a criança faz ao longo de seu desenvolvimento. Por meio desse processo de identificação, a criança vai introjetando (incorporando ao seu eu) aspectos diversos dos adultos (pais, avós, tios, professores, amigos, etc.) e também das outras crianças com quem convive.

A identidade psicossocial total é, portanto, composta de múltiplas identidades parciais, como a identidade sexual, a identidade étnica ou racial, a religiosa, a identidade profissional, a identidade relativa à nacionalidade, etc. Incluem-se também as identidades relativas ao sentimento de pertencer a pequenos grupos: ser estudante de medicina, de psicologia, ser membro de um clube, time de futebol, grupo de jovens e assim por diante. A identidade psicossocial é uma fonte básica de amor próprio, de reconhecimento social e de prestigio.

Posto isso, torna-se explícito observar que o processo de estruturação e estabelecimento, coeso, do Eu consiste em uma tarefa de vital importância para o ulterior desenvolvimento da identidade sujeito; perturbações durante este processo podem incorrer em quadros clínicos diversos, os quais variam em função do grau e da estrutura específica comprometida durante o processo.

Neste quesito, Dalgalarrondo (2008 p. 246 e 247) descreve os quadros de despersonalização, desrealização, quadros delirantes (licantropia, sonorização do pensamento, roubo do pensamento, publicação do pensamento), organizações cindidas de personalidade, transtornos de personalidade e até mesmo organizações psicóticas de personalidade.

4.0 IMAGEM CORPORAL, ESQUEMA CORPORAL E SUAS ALTERAÇÕES

[...] a imagem corporal está sempre ligada à experiência afetiva, imposta pela relação com o outro. A imagem corporal corresponde à totalidade da organização psicológica do indivíduo. Um atleta, um bailarino, um trabalhador braçal e um intelectual percebem e representam o corpo de forma bastante diferenciada, havendo indícios de que os diferentes grupos sociais percebem- no e representam-no de forma muito distinta (Boltanski,1984).

(DALGALARRONDO,

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