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Estereótipo Usuários de Maconha

Por:   •  9/2/2018  •  2.200 Palavras (9 Páginas)  •  291 Visualizações

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Sendo que, fomos de certa forma, incentivados por Nietzsche a construir esta arte, ao lermos do referido autor: “Os homens de conhecimento podem desenvolver uma nova atitude valendo-se da arte. Parte dessa nova postura supõe um abandono da seriedade científica ou filosófica tradicional e o reconhecimento da fragilidade e instabilidade de nossas operações de conhecimento. Temos de descansar temporariamente de nós, olhando-se de cima e de longe, de uma distância artística, rindo sobre nós, ou chorando sobre nós, temos de descobrir o herói, assim como o vilão, que reside em nossa paixão pelo conhecimento.”

Aprofundando-se um pouco mais sobre o que seria esse conceito de representação social, podemos afirmar que a representação é sempre a atribuição da posição que as pessoas ocupam na sociedade, toda representação social é representação de alguma coisa ou de alguém, neste caso do usuário de maconha e do sujeito contrário ao uso da cannabis. Ela não é cópia do real, nem cópia do ideal, nem a parte objetiva do sujeito, nem a parte subjetiva do objeto, ela é o processo pelo qual se estabelece a relação entre o mundo e as coisas.

Mesmo nas representações sociais mais simples, é o processo de elaboração cognitiva e simbólica que estabelece os comportamentos. E esta é a grande inovação presente na representação social, ela relaciona processos simbólicos e procedimentos, e por circularem na sociedade, elas (representações) terão um papel e uma eficácia específica.

De acordo com Denise Jodelet, a representação social tem cinco características fundamentais: 1- é sempre representação de um objeto; 2- tem sempre um caráter imagético e a propriedade de deixar intercambiáveis as percepções e os conceitos, as sensações e as ideias; 3- tem um caráter simbólico e significante; 4- tem um caráter construtivo; 5- tem um caráter autônomo e criativo. Dessa forma, enfatizaremos a característica cinco para construirmos a caricatura do “vagabundo” e do “careta” (referenciando a música de autoria do Raul Seixas “Meu amigo Pedro”), usando-se do caráter criativo presente nas representações sociais.

E partindo do mesmo pressuposto que Moscovici acreditamos que cada um de nós vive dentro de seu mundo fechado e tenta reproduzir nos outros comportamentos que confirmem as ideias pré-concebidas que fazemos deles, sendo que na verdade, criamos essas informações, assim como criamos os estereótipos, e uma vez que essas informações se manifestem, elas confirmam as coordenadas iniciais do nosso mundo individual e perpetuam-no.

As representações sociais nascem do curso das variadas transformações que geram novos conteúdos. Durante essas metamorfoses, as coisas não apenas se modificam, mas são também vistas de um ponto mais claro. As pessoas tornam-se mais receptivas a manifestações que anteriormente ignoraram. Todas as coisas que nos afetam na realidade circuncidante são, tanto efeito de nossas representações como as causas de nossas representações.

Para Moscovici, os preconceitos são dificilmente dissipados e os estereótipos não são enfraquecidos, pois não existe nada na representação que não esteja na realidade, exceto a representação em si.

Por sua vez, a origem etimológica da palavra estigma é proveniente dos gregos que usavam o termo para se referir a sinais corporais (feitos com cortes ou fogo) que tinham como intento evidenciar algo de mau ou extraordinário sobre o status moral de determinado indivíduo, enfatizando que aquela pessoa devia ser evitada. Hoje em dia, o termo é utilizado de forma similar ao original, no entanto é mais aplicado a uma característica do que ao sinal corporal.

E de acordo com Goffman (2004) os meios de categorizar as pessoas e o total de atributos que são vistos como comuns e naturais são estabelecidos pela sociedade. E as rotinas de relações sociais nesses ambientes estabelecidos fazem com que nossos relacionamentos com outras pessoas sejam feitos sem reflexão particular e a partir de algumas poucas características que temos dela, formamos o status moral que aquela pessoa terá para quem a está interpretando

E na leitura deste mesmo autor, e na realização das entrevistas pudemos perceber que durante todo o tempo as pessoas (incluindo nós) fazem afirmativas em relação àquilo que o indivíduo que nos relacionamos deveria ser. Com isso, a partir de nossas exigências imputamos um caráter ao indivíduo, que pode ser considerada uma identidade social virtual, já os atributos e categorias que o indivíduo prova possuir, seriam sua identidade social real.

Após a revisão bibliográfica, iniciamos o processo de entrevistas para a construção do mapa semântico que nos guiou até a formação da caricatura, ou seja, a partir as entrevistas, focamos nos adjetivos e caracterizações utilizadas pelos entrevistados para se referirem ao “maconheiro” e ao “careta” para a partir disso, podermos fazer a arte.

Durante as entrevistas muitas pessoas não-usuárias de maconha afirmaram ter dificuldade para estigmatizar os nossos personagens, disseram que muitas pessoas fumam e que é difícil estabelecer um padrão, porém, depois de mais algumas indagações foram capazes de verbalizar a imagem que lhes veio à cabeça ao ouvir a palavra “maconheiro”, com isso, nos questionamos a priori se o discurso inicial não se enquadraria na desejabilidade social, ou seja, as pessoas têm certo estigma, ou representação social, mas acham que isso é moralmente ruim e hesitam em externalizá-lo.

Dentro desse fenômeno, observamos que ninguém citou cor ou etnia para designar nossos personagens, se tal fato se enquadra na desejabilidade social ou não, não sabemos, mas é interessante notar que nos Estados Unidos durante as propagandas proibicionistas, a cannabis era extremamente relacionada a mexicanos e demais imigrantes, e no Brasil relacionada aos escravos (negros), e hoje, esse caráter racial parece ter se enfraquecido ou até mesmo se perdido para a maioria das pessoas.

Esse processo de difamação das drogas acabou procriando um medo das “outras pessoas” que faziam o uso delas, em 1950 negros americanos foram estigmatizados pelo uso de heroína, nos anos 60 os hippies e os psicodélicos sofreram com esse processo por se oporem a guerra do Vietnã, sendo que a histeria entorno do impacto da maconha na juventude foi provocada pela impressa americana que a relacionou com homens Mexicanos agressores de mulher e consumidores da erva, lançando o famigerado termo “Marijuana”.

Com isso, uma mudança no pensamento do grupo é que as novas descobertas sobre os aspectos medicinais e a popularidade

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