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CONTRIBUIÇÕES DO PSICODIAGNÓSTICO INTERVENTIVO EM UMA CRIANÇA COM RETRAIMENTO SOCIAL

Por:   •  16/9/2018  •  2.419 Palavras (10 Páginas)  •  274 Visualizações

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No psicodiagnóstico tradicional, se têm uma estrutura prévia, sendo o primeiro passo a ser realizado, a entrevista que consiste em um rico procedimento, pois se adequa a diversas situações e é capaz de revelar particularidades que não são explicitas nas outras técnicas. Com isso, a entrevista inicial objetiva conhecer os aspectos pessoais, sociais e familiares do paciente, visando elaborar hipóteses para formulação de um plano de ação. Deve ser realizado por um entrevistador capacitado que tem embasamento psicológico e ter como visão propor intervenções, encaminhamentos e recomendações pertinentes para cada caso (BARBIERI,2010).

A entrevista lúdica ou hora de jogo diagnóstica é realizada com a criança. Esta também consiste em uma técnica científica utilizada no psicodiagnóstico, que tem como intuito conhecer a realidade da criança em questão, levando em consideração os aspectos particulares e esperados de cada faixa etária. Esse processo possui tempo delimitado, brinquedos padronizados e observação minuciosa de aspectos como: criatividade, motricidade, capacidade simbólica, personificação, tolerância a frustração, adequação à realidade, escolha de brinquedos e brincadeiras e suas modalidade (BARBIERI,2010).

E por fim, a entrevista devolutiva que é a última parte do processo psicodiagnóstico. Esta tem como finalidade comunicar os resultados aos responsáveis pelo encaminhamento, disponibilizando em alguns casos o laudo psicológico e indicando recomendações e encaminhamentos, quando necessários, visando auxiliar o paciente a obtenção de um tratamento adequado e melhor qualidade de vida (GASPARETTO; SCHIMIDT, 2013).

Diante do exposto, o presente trabalho trata-se de um relato de experiência realizado durante o ano de 2016 em uma clínica escola, durante a disciplina de psicodiagnóstico. A mesma tem por objetivo, apresentar a análise do caso e as contribuições do psicodiagnóstico interventivo em uma criança com 5 anos.

2 MATERIAL CLÍNICO

2.1 Dados do paciente

O paciente será descrito pela sigla J.V. a fim preservar a identidade do sujeito. J.V., sexo masculino, 5 anos de idade, estudante do 2º período do ensino infantil, oriundo de Teresina, Piauí. Filho único de pais separados, reside atualmente com a mãe, mas mantém bom relacionamento com o pai e irmãos do primeiro casamento do pai. A mãe buscou o serviço de psicologia, encaminhada pela escola com queixa de rendimento escolar e comportamentos abaixo do esperado para sua idade cronológica. Realizou o atendimento de psicodiagnóstico supervisionado no ano de 2016 em uma clínica escola, sendo as sessões semanais, com duração entre 30 e 50 minutos. Durante os procedimentos, o mesmo vinha acompanhado pela mãe, na qual aguardava o atendimento na sala de espera da clínica. O psicodiagnóstico de J.V. teve 8 encontros, que resumiram-se em: entrevista inicial e anamnese com a mãe; hora de jogo; aplicação de teste psicológico (HTP); visita à escola e entrevista devolutiva.

2.2 Análise clínica do caso

A entrevista clínica e de anamnese são uma porta entrada para compreender os motivos que levaram o paciente a buscar o serviço de psicologia, bem como sua história de vida pessoal, social e familiar (GASPARETTO e SCHMIDT, 2013). Neste sentido, a mãe de J.V. procurou o atendimento por encaminhamento da escola, com a queixa de desempenho escolar inferior para a sua série e comportamentos abaixo do esperado para sua idade.

A mãe diz já ter realizado a tentativa de mudança de escola, pois verificava esses mesmos comportamentos, mas acreditava que era falta de estímulo dos professores da instituição. No entanto, o comportamento se repetiu na atual escola, a qual solicita clareza da situação. A mesma relata ainda, considera-lo uma criança solitária, que não tem amigos e que prefere brincar sozinho, o que também considera um comportamento diferente para a sua faixa etária.

A mãe relatou que apesar de ter tido uma gravidez e parto saudáveis, J.V. apresentou atraso e fragilidade no seu desenvolvimento, demorando a endurecer o pescoço, engatinhar, andar e falar. A mesma mencionou que J.V. foi uma criança desejada e, posteriormente, expos que morou em outro estado por dois anos, deixando nesse período, o filho de cinco meses, com sua mãe. Diz ainda, não ter observado nenhuma reação emocional do filho, visto que considera ter um bom relacionamento.

J.V. é filho único de pais separados, e a mãe conta que o ele tem contato e bom relacionamento com o pai e os filhos do primeiro casamento do mesmo. Refere-se que o mesmo é um pai presente, que estar sempre disponível e atencioso com o filho. Ao ser questionada sobre a presença do pai durante a entrevista, a mãe relata que ele considera J.V uma criança normal, que não vê necessidade em buscar tratamento para o mesmo.

Após os dados obtidos, formulou-se o plano de ação para o paciente. Na primeira sessão de J.V., foi proposto realizar a hora de jogo, que consiste em uma técnica científica, que tem como objetivo conhecer a realidade da criança, considerando os aspectos particulares e esperados para sua idade (OCAMPO, 2005). No entanto, o paciente não reagiu aos estímulos propostos, respondendo ao terapeuta apenas o que lhe era perguntado, além de cochilar durante os 30 minutos da sessão.

Durante a segunda sessão, realizou-se a tentativa de aplicação do teste HTP. Este é um teste de personalidade, que avalia a imagem que o indivíduo tem de si mesmo e do meio em que vive (ROSA e BATISTA, 2011). Entretanto, J.V. apesar de compreender e responder verbalmente o que lhe era solicitado, o mesmo continuo inerte ao pedido da terapeuta, cochilando da mesma forma que na sessão anterior.

Diante da estagnação do paciente, optou-se por na terceira sessão, modificar o plano de ação e realizar um psicodiagnóstico interventivo. Com isso, a estagiária buscou auxílio da mãe de J.V. para indicar as brincadeiras e atividades que o mesmo gostava de realizar para preparar a sessão. Ao entrar na sala, e olhá-la cuidadosamente, J.V. interagiu com a terapeuta, mostrando interesse nos brinquedos, apesar de não tocá-los sem pedir autorização. Após a permissão, J.V. brincou e contou histórias, além de concordar e realizar as atividades propostas – desenho livre; pintura a tinta e jogo do rabisco de Winnicott - demonstrando boa capacidade intelectual e criatividade, apesar de apresentar rigidez nas brincadeiras.

Com o intuito de dar prosseguimento ao que foi planejado, e verificar a evolução da relação terapêutica, optou-se por

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