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A adoção de crianças portadoras de necessidades especiais: um olhar sobre as escolhas e rejeições

Por:   •  11/6/2018  •  2.282 Palavras (10 Páginas)  •  477 Visualizações

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Dessa forma, elas eram abandonadas em frente a Igrejas ou casas de famílias abastadas para que pudessem ter perspectivas de sobrevivência.

Vários profissionais da época como advogados, médicos e socialistas começaram a formular leis que amparassem essas crianças. Porém a preocupação gerava em torno da manutenção social e não diretamente na qualidade de vida das crianças. Tornando permanente o abandono de crianças e adolescentes em abrigos.

Ainda segundo Moura (2008), a adoção também se trata de um constructo que sempre existiu na história da humanidade, tendo aportes tanto na religião como na mitologia Greco-romana, sendo uma instituição jurídica com ampla conotação social que foi praticada ao longo da história com finalidades diversas, entretanto, atendendo mais especificamente a determinações culturais, religiosas, políticas e econômicas do que a própria necessidade de crianças e adolescentes abandonados em terem a possibilidade de estabelecer vínculos familiares estruturantes.

A adoção surgiu por vários motivos, historicamente falando, famílias com problemas com fertilidade garantiam um herdeiro para que o nome da família não se extinguisse. Já os religiosos adotavam por meio da generosidade ou amor ao próximo e caridade. Mas no Brasil essa pratica quase não era possível por meio das exigências governamentais como; o adotante teria que ter mais de 50 anos e tinha que deixar claro as distinções entre filhos legítimos e adotados. (Moura,2008)

Mesmo com os avanços institucionais e a formulação do estatuto da criança e do adolescente o abandono de crianças portadoras de deficiência ainda é uma realidade Brasileira e ainda sofre muitos obstáculos na reinserção familiar.

Segundo Camargo (2006 citado por Moura, 2008, s\p):

Na raiz desse problema se encontra uma confusão conceitual entre abandono e pobreza, já que a maioria das crianças abrigadas possui vínculos familiares. O motivo do abandono, na maioria das vezes, não é a rejeição ou negligência dos pais, mas sim uma alternativa de sobrevivência a condições de vida precárias.

Fonseca e Santos (2009, s/p):

apontam para os aspectos positivos da adoção de uma criança com deficiência para sua vida, desmistificando-a, ao afirmar que o fato de seu filho ter uma deficiência não é bom nem ruim, é apenas um fato, do qual pode ser positivo, dependendo da forma como os pais lidam com isso.

Fonseca e Dias (2009, s/p) também afirmam que a importância de se destacar que toda criança tem uma características especial . Segundo os autores, essas crianças precisam de apoio, de uma segunda chance para reverter esse quadro, e ser adequadamente tratadas para viver com dignidade.

O PAPEL DO PSICÓLOGO NOS CONTEXTOS DE ADOÇÃO E ABANDONO

Quanto à adoção, Casellato (1998, citado por Costa e Campos ,2003) afirma que, no Brasil, a demanda para adoção se caracteriza pela busca de solução de conflitos ou satisfação de necessidades dos adotantes e não necessariamente do adotado. Nesse contexto, predomina-se a busca por adoções clássicas tendo em vista a maior procura por crianças de pele clara, recém-nascida, saudáveis e fisicamente e cognitivamente, e que tenha semelhança com os adotantes, o que se relaciona a preconceitos e estigmatizações da própria sociedade que são revestidas e materializadas em discursos de preocupação com a adaptação da criança em seu novo lar.

Como foi visto acima os processos de adoção além burocráticos nem sempre favorecem ambos os lados, existe um crescimento visível de crianças abandonadas por seus pais, e seguindo os padrões sociais existe outra classe que são as crianças portadoras de necessidades especiais.

Essas são por muitas vezes vistas como estorvo, e suas chances de adoção se torna quase zero, porém Niblett (2001, citado por Fonseca, Santos e Dias, 2009) levanta algumas hipóteses que podem levar a pessoa a adotar a criança portadoras de necessidades especiais, são elas: impulso religioso, filosofia de vida, porque querem se dedicar a esta causa por acharem útil e gratificante; e algumas querem ser úteis a alguém que ninguém mais poderia assumir.

É importante lembrar que as crianças portadoras de necessidades especiais que vivem em abrigos precisam de apoio, amor e uma chance para mostrar seu potencial dentro de seus limites. Neste caso, a pessoa que aceita a dar uma chance para essa criança passa por um longo processo jurídico e psicológico para que o bem-estar emocional e psicológico da criança seja mantido. Tal profissional deve averiguar os reais motivos da adoção e que estão conscientes da escolha que estão fazendo.

Levison (2004, s/p):

O acompanhamento com os candidatos à adoção traz a possibilidade de se tornarem mais “maleáveis” quanto as suas exigências em relação às características da criança fantasiada. O preparo com os candidatos para a adoção possibilita que eles flexibilizem as suas exigências para a criança real. Para tanto, torna-se necessário que os pais estejam conscientes da possibilidade de haver diferença na criança e de passarem pelo desafio apresentado pela adoção, estando assim preparados para conviver com a criança conforme sua especificidade. Quanto mais eles tiverem consciência de que podem exercer um papel ativo na construção do lugar que desejam destinar a essa criança, não só na família, mas no mundo, melhores pais adotivos poderão ser.

Weber (1999, p.35) fala da necessidade de uma preparação, porque são raras as pessoas que se preparam para ter um filho, seja biológico ou adotivo, e isso “refere-se a uma reflexão sobre as próprias motivações, riscos, expectativas, desejos, medos, entre outros... significa tomar consciência dos limites e possibilidades de si mesmo, dos outros e do mundo”.

O psicólogo jurídico fica responsável pelas avaliações dos candidatos a adoção fazendo avaliações psicológicas, perícias, orientações, acompanhamento e contribui para políticas preventivas.

Outros aspectos do trabalho do psicólogo seriam os aspectos além das necessidades básicas, mas assim avaliação biopsicossocial das crianças portadoras de necessidades especiais onde elas serão inseridas. Analisando fatores como adaptação, aceitação, e integração da criança.

Segundo Silva (2003), para atingir esses objetivos o Psicólogo pode se utilizar de entrevistas, investigações, visitas, análise dos dados coletados, dos valores, de

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