A CLÍNICA PSICOLÓGICA E O EXERCÍCIO DA LIBERDADE
Por: SonSolimar • 18/12/2018 • 11.673 Palavras (47 Páginas) • 358 Visualizações
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1.3. Sartre e a Liberdade 19
2 – A PSICOLOGIA E A LIBERDADE 23
2.1. Pressuspostos Existencialistas 23
2.2. Os Conceitos Fundamentais Existencialistas 26
2.2.1 Autoconsciência 26
2.2.2 Solidão 27
2.2.3 A cosnciência de Morte 28
2.2.4 A Experiência de Ligação 29
2.2.5 Liberdade, Responsabilidade e Ansiedade 31
3 – CLÍNICA PSICOLÓGICA – O EXERCÍCIO DE LIBERDADE 33
3.1. A Atuação do Psicólogo e os Objetivos da Psicoterapia Existencial 33
3.2. O Encontro Terapêutico 37
3.3. A Proposta do Psicólogo Existencial 40
CONCLUSÃO 44
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 46
INTRODUÇÃO
O presente trabalho tem como objetivo mostrar o desenvolvimento do tema liberdade, suas características, ramificações e principalmente sua intrínseca relação com a Psicologia, onde é participante ativo em suas principais teorias, suas psicoterapias e até nos prognósticos e diagnósticos dados aos clientes. Existe uma necessidade de ter o conceito de liberdade esclarecido, porém definir uma palavra não é uma tarefa tão simples. Segundo Bruno Leoni (1990), com efeito, não é fácil definir “liberdade” ou estarmos completamente conscientes do que estamos fazendo quando a definimos. Se quisermos definir “liberdade”, precisamos antes decidir o propósito da nossa definição.
A monografia propõe uma reflexão que nos leve a uma compreensão da liberdade, não uma definição de campo geral, mas bem especifico dentro da clínica psicológica, numa visão existencial. Segundo Rollo May "A liberdade é a capacidade do homem de assumir seu próprio desenvolvimento. É nossa capacidade de moldar a nós mesmos'' (MAY, R.,1993). Nessa clara definição sobre como a liberdade é presente no nosso dia a dia, podemos perceber a importância do conceito, pois a liberdade está ligada ao ato de escolher, e ao decorrer do trabalho aprofundaremos a relação entre liberdade e escolha e como isso pode ser aproveitado pelo psicólogo na clínica. Procuraremos ao longo do texto mostrar os pós e contras do ser humano livre respondendo a questionamentos como: Ser livre faz de nós ser humanos superiores aqueles que não desejam essa liberdade? Até que ponto somos realmente livres?
Quando adquirimos uma consciência livre de fobias, aversões, medo, pânico quando passamos a pensar fora da caixa nos tornamos motivados para aprender, interessados pelo que fazemos confiantes em nossa própria capacidade, trabalhamos com mais dedicação, produzimos mais e conseguimos alcançar nossos objetivos. A conquista da liberdade gera alegria e satisfação para quem o faz e resulta em realização pessoal e atitudes positivas em relação aos outros. Por isso a importância de se falar na atualidade de um assunto que nos levará a sair de inúmeras gaiolas que nos oprimem ou de permanecer nelas, o homem está condenado a ser livre ou se enganar na sua má-fé (SARTRE, 1997).
Desde do Primeiro momento em que decidi escrever esse trabalho percebi a importância do tema e me preoucupei com as dificuldades que poderia enfrentar, porém ao modo que fui adquirindo informações pude sentir que estava no caminho certo, e que consegueria levar a todos a mesma sensação que tive o ler sobre o exercício de liberdade, percebi que todas as teorias e teóricos da psicologia falam sobre o tema em questão, alguns em grande intensidade outros bem menos, porém raramente vi algum teórico não usar a liberdade como ferramenta para obter sucesso em seus textos ou em seus casos, a partir daí resolvi elaborar um trabalho que conceituasse a liberdade e que também tivesse ela como chave para muitos casos psicológicos. A importância do trabalho vai além do conceito e sua relação com a psicologia, mas como poderemos usar e trabalhar a liberdade junto ao cliente dentro da clínica, dentro dos campos terapêuticos e até depois da alta.
1 – O CONCEITO FILOSÓFICO DE LIBERDADE
Não poderíamos deixar de iniciar esse trabalho que é voltado para o exercício de liberdade, sem buscarmos dentro da filosofia uma base como construção de pensamento sobre o assunto em questão. Podemos em toda gama de conhecimento filosófico encontrar discursos e discussões sobre o presente tema, e o propósito de iniciarmos o conceito de liberdade numa visão filosófica é para podermos adquirir uma estrutura mais firme para os próximos passos dentro do campo psicológico.
- O conceito de liberdade em Kierkegaard
Nesse primeiro momento vamos discutir a formação da idéia do exercício da liberdade no campo da filosofia, tendo como base inicialmente os textos do celebre pensador, filósofo e teólogo Søren Aabye Kierkegaard, onde ele descortina o conceito de liberdade, nos levando a refletir sobre toda a estrutura que cerca o conceito, como também a essência do pensamento acerca do ser humano livre.
Diante da temática proposta não poderíamos deixar de freqüentar a visão kierkegaardiana sobre a liberdade, onde podemos perceber como uma das idéias fundamentais para o filósofo, um busca sempre associada ao fato de existir como prática do exercício da liberdade, pois o autor nos deixa entender que a existência é uma tarefa que será marcada por um interesse infinito em relação a si mesmo e também ao seu destino, sendo este si mesmo um “vir a ser” que é sentido e experimentado como um contínuo trabalho realizado sob o domínio da liberdade, onde se calcula possibilidades e o existir se caracteriza pela liberdade de o individuo escolher (KIERKEGAARD, 2010).
Este trabalho se inicia apresentando a relação entre liberdade e angústia presente na maioria dos textos do filósofo, segundo o dinamarquês a angústia é algo que constitui a natureza humana, e ao mesmo tempo em que o coloca de frente de inúmeras possibilidades o impulsionando a se tornar singular e responsável pela sua existência concreta. A angústia, por assim dizer, se torna a evidência mais ferrenha da liberdade do homem, só experimentamos a angústia quando há liberdade no momento da escolha, a liberdade que
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