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A CIENTIFICIDADE DA PSICANÁLISE COMPARADA COM OS PRESSUPOSTOS DA CIÊNCIA POSITIVISTA E POPPERIANA

Por:   •  21/3/2018  •  1.444 Palavras (6 Páginas)  •  573 Visualizações

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CRÍTICAS

Freud recebe críticas radicais sobre a cientificidade da psicanálise. Elas são feitas por epistemólogos que se preocupavam com a “lógica da explicação”. Esses críticos sustentam suas abordagens partir do empirismo lógico e do racionalismo crítico de Karl Popper e indagam se a psicanálise poderia constituir uma teoria propriamente científica se apresentando por um conjunto de proposições que sistematiza, explica e prevê, em certos fenômenos observáveis, e se pode satisfazer às regras lógicas de uma teoria científica. Afirmaram os empiristas: “parece que não podemos deduzir nada de preciso das noções ‘energéticas’ do freudismo, posto que são vagas e metafóricas. São noções sugestivas, mas não suscetíveis de validação empírica” (Japiassu, 1989, p. 26).

ROMPIMENTO COM A CIÊNCIA

Quando publicou em 1900 A Interpretação dos Sonhos Freud apresentou o conceito de inconsciente demarcando o nascimento da psicanálise. Apresenta o seu sujeito, radical em sua construção, pois subverte aquele oriundo do cogito cartesiano por ser pulsional por excelência. Coloca a razão como consciência em questão. Ele mesmo apontou para esse rompimento quando declara ser a psicanálise a terceira grande ferida narcísica sofrida pelo saber ocidental. A teoria psicanalítica construiu um objeto cujo vigor e verdade se sustentam na destruição dos conceitos de objetividade e controle que a ciência defende, e provocando assim uma obrigatoriedade de revisão no paradigma científico vigente. Houve uma imensa de resistência à sua teoria.

Sua ciência é singular e propõe um sujeito também singular, único. A psicanálise raciocina para além da ciência dita normal, não a desmerecendo.

Freud nos cinco artigos meta-psicológicos de 1915 e 1917 propõe um fundamento teórico estável à psicanálise. No primeiro artigo, “Os instintos e suas vicissitudes” assinala que, frequentemente, ouvimos a afirmação de que as ciências devem ser estruturadas em conceitos básicos claros e bem definidos. Mas nenhuma ciência, nem mesmo a mais exata, começa com tais definições. Ressalta, ainda, que o primeiro objetivo de uma atividade científica, que consiste na descrição do fenômeno, não poderá evitar que nele se apliquem certas ideias abstratas, isto é, como diz textualmente, “ideias vindas daqui e dali” (Freud, [1915] 1974, v. XVI, p. 137). No mesmo artigo, Freud fala como compreendia o trabalho da ciência, diz que o conhecimento para avançar não pode ser rígido, quando trata de definições. Sabia desde o início de suas pesquisas, que suas ideias iriam sofrer repúdio e muita resistência.

CONCLUSÃO

A psicanálise, apesar de todas as críticas sobreviveu. Por um lado o pensamento de Freud encontrou seguidores e epistemólogos tentam validar a teoria psicanalítica como ciência. Por um lado os preceitos positivistas de que define como ciência as teorias com proposições claras que possa predizer todo tipo de ocorrência ou a ideia de Popper de que uma teoria possa ser refutada não encontram respostas na psicanálise.

O positivismo é incompatível com as ideias de pulsão, id, ego e superego. A psicanálise não tem um conteúdo empírico próprio. A falseabilidade não se aplica à teoria freudiana, pois qualquer resultado que venha contra ela pode interpretação segundo a própria teoria. Também o modelo pulsional não é passível de mensuração. São muitas as barreiras colocadas contra a cientificidade da psicanálise.

Embora não possa ser atribuído caráter científico à psicanálise, a ciência dita “normal” não consegue explicar os fenômenos psíquicos que não podem ser negados. Mesmo os avanços científicos em áreas da neurociência são insuficientes quando se trata da riqueza nas diferenciações do funcionamento psíquico do homem. Isso aponta para a diferença, para o lugar que seria o da psicanálise que, apoiada em outros fundamentos, estaria reivindicando outra forma de prova científica diferente daquela proposta pelas ciências do século XIX.

Será que a psicanálise ganharia algo sendo uma ciência? Talvez não. Não ter sido reconhecida como ciência não a impediu de construir um saber que produz resultados. O importante é que o método psicanalítico cada vez mais tem mostrado ser efetivo ao paciente que chega ao consultório em busca de alívio para seus problemas independente de qual ordem sejam.

Talvez Freud hoje, não daria importância ao fato da psicanálise não ter se tornado uma ciência. Ela conseguiu um lugar de destaque e importância no seu meio.

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REFERENCIAS

ERLICH, H. (2007) Psicanálise e ciência: um sujeito dois discursos. Dissertação de Mestrado em Psicanálise, UERJ, defendida em agosto de 2007; Rio de janeiro – Brasil.

FREUD, S. (1895 [1950]).Projeto para uma psicologia científicaTrad. sob a direção de Jayme Salomão. Rio de Janeiro: Imago, 1996. (Edição Standard Brasileira das Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud, v. 1).

_____, S. A História do Movimento Psicanalítico. A História do Movimento Psicanalítico, Artigos sobre Metapsicologia e outros

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