Hipertensao e diabetes
Por: Rodrigo.Claudino • 18/1/2018 • 9.720 Palavras (39 Páginas) • 365 Visualizações
...
menos 40% das mortes por acidente vascular cerebral, por 25% das mortes por doença arterial coronariana e, associado ao diabetes, 50% dos casos de insuficiência renal. (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2006).
Apesar de apresentar uma redução significativa nos últimos anos, as Doenças Cardiovasculares (DCV) têm sido a principal causa de morte no Brasil. Entre os anos de 1996 e 2007, a mortalidade por doença cardíaca isquêmica e cerebrovascular diminuiu 26% e 32%, respectivamente. No entanto, a mortalidade por doença cardíaca hipertensiva cresceu 11%, fazendo aumentar para 13% o total de mortes atribuíveis a doenças cardiovasculares em 2007. (REV DE SAÚDE PÚB SP, 2010).
No Brasil, a prevalência média de HAS autorreferida na população acima de 18 anos, segundo a Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel – 2011), é de 22,7%, sendo maior em mulheres (25,4%) do que em homens (19,5%). A frequência de HAS tornou-se mais comum com a idade, mais marcadamente para as mulheres, alcançando mais de 50% na faixa etária de 55 anos ou mais de idade. Entre as mulheres, destaca-se a associação inversa entre nível de escolaridade e diagnóstico da doença: enquanto 34,4% das mulheres com até 8 anos de escolaridade referiam diagnóstico de HAS, a mesma condição foi observada em apenas 14,2% das mulheres com 12 ou mais anos de escolaridade. Para os homens, o diagnóstico da doença foi menos frequente nos que estudaram de 9 a 11 anos. (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2013).
2.1.2 Etiologia da Hipertensão Arterial Sistêmica
A Hipertensão arterial sistêmica (HAS) é multifatorial, por esse motivo apresenta diversos fatores de risco para seu desenvolvimento. (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2014).
Fatores de risco para HAS:
• Idade: estima-se que pelo menos 65% dos idosos brasileiros são hipertensos.
• Etnia: os afrodescendentes apresentam prevalência maior que indivíduos brancos.
• Fatores socioeconômicos: há uma maior prevalência de HAS entre indivíduos de nível socioeconômico mais baixo e este fato pode estar associado aos hábitos alimentares, maior estresse, menor acesso aos cuidados de saúde e menor nível de escolaridade.
• Ingestão de sal: aproximadamente 50% dos hipertensos são sensíveis ao sal e o uso exagerado deste está associado ao maior risco de hipertensão. A restrição de sal a 6g/dia produz uma queda média da pressão sistólica de a 2 a 8mmHg.
• Obesidade: o excesso de peso aumenta o risco de hipertensão.
• Álcool: O consumo de álcool tem um efeito bifásico na pressão arterial. Pequenas quantidades diminuem seus valores, provavelmente devido ao efeito vasodilatador; porém, o uso contínuo faz os níveis de pressão aumentarem e diminui a eficácia dos anti-hipertensivos.
• Sedentarismo: Os mecanismos envolvidos no efeito anti-hipertensivo da atividade física são vários e incluem mecanismos diretos (redução da atividade simpática; incrementação da atividade vagal e melhora da função endotelial), e mecanismos indiretos (redução da obesidade e melhora do perfil metabólico). O sedentarismo aumenta o risco de hipertensão em 30% quando comparado com indivíduos ativos, e a atividade aeróbica tem efeito hipotensor mais acentuado em indivíduos hipertensos do que em normotensos.
2.1.3 Fisiopatologia da Hipertensão Arterial Sistêmica
A hipertensão ocorre quando a relação entre o débito cardíaco e a resistência periférica total é alterada. (KUMAR, ABBAS, FAUSTO, 2004).
A função do sistema cardiovascular é entregar sangue aos tecidos, de modo que, oxigênio e nutrientes possam ser fornecidos e os dejetos removidos. O fluxo sanguíneo é impulsionado pela diferença de pressão entre as circulações arterial e venosa. A pressão arterial é a força impulsora do fluxo sanguíneo e deve ser mantida em um nível alto e constante. A pressão arterial depende diretamente do débito cardíaco, quantidade de sangue bombeada pelo coração por minuto, e da resistência periférica total, dada pelos vasos sanguíneos, a auto regulação da circulação mantém a perfusão tecidual constante. Para tanto as arteríolas reagem com vasoconstrição às elevações da PA. No entanto, diante de elevações abruptas, ocorre perda desse mecanismo auto regulatório com transmissão da PA elevada aos pequenos vasos, acarretando lesão endotelial com extravasamento de constituintes plasmáticos para a parede vascular. (SANJULIANI, 2009).
As crises hipertensivas ocorrem devido a uma súbita elevação da resistência vascular sistêmica por aumento de substâncias vasoconstritores como norepinefrina e angiotensina I. Ocorre lesão das células endoteliais do órgão-alvo com deposição de fibrina e plaquetas, hipertrofia miointimal e perda da auto regulação de fluxo causando isquemia. A isquemia por sua vez, ativa a liberação de vasoconstritores, fechando um ciclo vicioso. No SNC a perda da auto regulação significa um grande aumento do fluxo sanguíneo neste território, com extravasamento de líquido e material proteico dos vasos para o interstício, levando ao edema cerebral. Nos hipertensos crônicos, esses processos ocorrem com menor intensidade devido à hipertrofia e remodelação vascular que eles apresentam elevarem o limiar de auto regulação do fluxo sanguíneo e permitirem a adaptação dos órgãos alvo. (BRUNNER e SUDARTH, 2009).
2.1.4 Avaliação Diagnóstica da Hipertensão Arterial Sistêmica
O diagnóstico da HAS consiste na média aritmética da PA maior ou igual a 140/90mmHg, verificada em pelo menos três dias diferentes com intervalo mínimo de uma semana entre as medidas, ou seja, soma-se a média das medidas do primeiro dia mais as duas medidas subsequentes e divide-se por três. (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2013).
A constatação de um valor elevado em apenas um dia, mesmo que em mais do que uma medida, não é suficiente para estabelecer o diagnóstico de hipertensão. Cabe salientar o cuidado de se fazer o diagnóstico correto da HAS, uma vez que se trata de uma condição crônica que acompanhará o indivíduo por toda a vida. Deve-se evitar verificar a PA em situações de estresse físico (dor) e emocional (luto, ansiedade), pois um valor elevado, muitas vezes, é consequência dessas condições. (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2006).
Investigação Clínico-Laboratorial: A investigação do paciente hipertenso deve explorar as seguintes condições: Confirmar a elevação da pressão arterial e firmar o diagnóstico, avaliar
...