A IDENTIFICAÇÃO E INTERVENÇÃO A VÍTIMA DE ANIMAL PEÇONHENTO: UM ESTUDO DE CASO
Por: Salezio.Francisco • 11/12/2018 • 2.837 Palavras (12 Páginas) • 299 Visualizações
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É possível afirmar que na maioria das vezes a picada não é perceptível, e o quadro clinico pode apresentar-se de duas formas6:
A forma Cutânea, acontece entre 87 e 98% dos caso, geralmente se instala de forma lenta e progressiva, apresenta dor, edema endurado e eritema no local, muitos pacientes não valorizam esses sintomas, que tendem a piorar nas primeira 42 a 72 horas após o acidente6, podendo apresentar:
- Lesão incaracterística: bolha de conteúdo seroso, edema, calor e rubor, com ou sem dor em queimação.
- Lesão sugestiva: enduração, bolha, equimose e dor em queimação.
- Lesão característica: dor em queimação, lesões hemorrágicas focais, mescladas com áreas pálidas de isquemia (placa marmórea) e necrose7.
As picadas em tecido frouxo, como na face, podem apresentar edema e eritema exuberantes. A lesão cutânea pode evoluir para necrose seca (escara) em cerca de 7 a 12 dias, que, ao se destacar em 3 a 4 semanas, deixa úlcera de difícil cicatrização8.
A Forma Cutâneo-Visceral (hemolítica), acomete entre 1 a 13% dos casos. É possível observar, além do comprometimento cutâneo, manifestações clínicas decorrentes da hemólise intravascular como anemia, icterícia e hemoglobinúria, que se instalam geralmente nas primeiras 24 horas. Petéquias e equimoses, relacionadas à coagulação intravascular disseminada (CIVD). Ainda é possível evoluir para insuficiência renal aguda, que é a principal causa de óbito no loxoscelismo7-8.
É fundamental prevenir acidente envolvendo animais peçonhentos, considerando que a maiorias dos acidentes acontecem quando o indivíduos veste suas roupas ou durante o sono, sendo fundamental que, sempre que possível, se identifique da forma mais próxima a realidade possível o tipo de animal, desta forma é possível iniciar as intervenções antes mesmo de surgirem as lesões9.
De acordo com o Ministério da Saúde, ocorrem aproximadamente 100 mil notificações por ano no Brasil de acidentes por animais peçonhentos, salienta-se que esse número vem crescendo gradativamente, mostra ainda que entre as vítimas, 22.835 são casos de ocorrência envolvendo aranhas, onde 1% dessas vítimas chegam a óbito, com escorpião esse número chega a 37.495 casos e 2% mortalidade, em realce a serpente com 5% de mortalidade em 27.069 casos, o que caracteriza um problema de saúde pública10. Somente em 1986 os casos de acidentes ofídicos passara a ser notificados no Brasil, criando-se o Programa Nacional de Ofidismo na antiga Secretaria Nacional de Ações Básicas em Saúde do Ministério da Saúde (SNABS/MS)11. Neste contexto, o Instituto Butantã, a Fundação Ezequiel Dias e o Instituto Vital Brasil, são responsáveis pela produção dos soros antipeçonhentos no Brasil12. Cabe, ao Ministério da Saúde (MS) comprar a produção e distribuir para todo o país através das Secretarias de Estado de Saúde13.
O presente estudo de caso abordará de forma estratégica e sintética o caso a uma vítima por aracnídeo internada no hospital de referência e a implementação da Sistematização da Assistência de enfermagem aos cuidados dessa vítima.
O mesmo justifica-se pela necessidade de desenvolver cada vez mais o conhecimento dos profissionais de enfermagem em relação aos acidentes causados por animais peçonhentos, uma vez que há uma considerável manifestação desses casos e pouca explanação sobre o tema.
CONSIDERAÇÕES METODOLÓGICAS
Tipo de Estudo: estudo do tipo descritivo e casuístico.
Campo da Pesquisa: O estudo foi realizado no Hospital Governador Paulo Guerra (Hospital da Restauração), na clínica médica do 4º andar.
Sujeito da Pesquisa: L.G.C.R., sexo masculino, paciente internado há 08 dias, 19 anos, com diagnóstico de envenenamento por animal peçonhento: aranha marrom.
Coleta de dados: A coleta de dados deu-se durante o internamento de “Luís” no Serviço de Neurologia, do Hospital da Restauração, através de uma entrevista tida como protocolo do serviço. A entrevista se presta à pesquisa, à seleção, ao aconselhamento e à orientação sócio psicológica, sendo sua aplicação individual ou coletiva, além da realização de exame físico geral e neurológico durante a admissão no Serviço, além de consultas ao prontuário15.
Período de Estudo: coleta de informações realizada no período de outubro a dezembro de 2016. Referências bibliográficas dos anos de 2003 a 2014.
Fonte de Busca: busca em livros, artigos e periódicos. Busca eletrônica no portal do CAPES e bireme, nas seguintes bases de dados: LILACS, SCIELO, MEDLINE. Para as referências, utilizou-se as normas de Vancouver.
Materiais e métodos: O estudo pautou-se numa revisão das publicações remotas e recentes a respeito do tema proposto, realizando confrontamento de autores e exposição de um caso realizando as considerações específicas.
OPERACIONALIZAÇÃO DO ESTUDO DE CASO
Identificação epidemiológica do sujeito da pesquisa
L.G.C.R., do sexo masculino, negro, com 19 anos de vida, natural e residente na cidade do Recife/PE, solteiro, não etilista, tabagista, normotenso.
Identificação do local em que se encontra o sujeito da pesquisa
O sujeito da pesquisa encontrava-se no Hospital da Restauração Professor Paulo Guerra, localizado no município de Recife, na Avenida Agamenon Magalhães, s/n, no Bairro do Derby, no serviço de clínica médica.
A referida unidade é considerada referência no atendimento de casos de queimaduras graves, intoxicação exógena e por animais peçonhentos, vítimas de violência por agressões de arma de fogo e arma branca e acidente de trânsito, o que atrai pessoas de todo nordeste. O Hospital é o maior serviço da especialidade em volume de pacientes na américa latina.
Descrição da história clínica do sujeito da pesquisa
Encontrado no leito em decúbito dorsal, restrito ao leito, eupnéico, afebril, normocárdico, normotenso, normosfígmico. O mesmo relatou que havia sido picado por uma aranha enquanto fazia uma limpeza na casa do seu avó, no interior de Pernambuco, mas não conseguiu identificar a espécie da mesma.
Ao exame físico: apresentava-se orientado,
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