COMPARAÇÃO DO EXAME CITOPATOLÓGICO CONVENCIONAL E A CITOLOGIA EM MEIO LÍQUIDO
Por: Rodrigo.Claudino • 18/6/2018 • 3.660 Palavras (15 Páginas) • 392 Visualizações
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Assim, nos últimos anos, a citologia de meio líquido apresenta-se como alternativa a proposta de melhora na sensibilidade do exame citopatológico convencional (CC), pela melhor qualidade de fixação do material, homogeneidade da distribuição celular no esfregaço, sendo considerada como método de aprimoramento do exame de papanicolaou. Mas a CML tem um alto custo financeiro, podendo inviabilizar sua execução em unidades de saúde e programas de prevenção do carcinoma de colo uterino nos países em desenvolvimento (MACHADO et al., 2008).
Nesta revisão bibliográfica, realizou-se um estudo comparativo sobre o tema, em livros, sites especializados e periódicos. O objetivo foi chegar a dados que levassem a esclarecer através de seus resultados as vantagens e desvantagens na comparação entre citologia em meio líquido e a citologia convencional. É importante informar que existem diferentes metodologias de citologia em meio líquido no mercado, dentre as quais podemos citar: a ThinPrep, a Autocyte Prep, DNAcitoliq, EasyPrep, Cytoscreen,MonoPrep, Surepath, Cytospin e Cytorich. Apesar do grande número de metodologias em meio líquido, são mínimos os estudos que comparam aos diferentes métodos, pois a maioria dos trabalhos analisa a ThinPrep. O questionamento a ser respondido no presente estudo é se a nova citologia, em meio líquido, é melhor do que a citologia convencional.
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METODOLOGIA
Revisão sistemática de estudos sobre citopatologia convencional e citologia em meio líquido para detecção de lesões pré-malignas e câncer de colo uterino. Foram analisadas publicações indexadas nas bases Medical Literature Analysis and Retrieval System Online (MEDLINE), consultado por meio do PubMed; Literatura Latino-americana e do Caribe em Ciências da Saúde (Lilacs); Cochrane e Scientific Electronic Library Online (SciELO).
As buscas foram realizadas no período de janeiro 2012 a agosto de 2012, definindo-se a estratégia de busca livre com termos ThinPrep, Autocyte Prep, MonoPrep, Cytospin, cervix cytopathology.
As 24 referências recuperadas nas buscas foram avaliadas com base nos títulos e resumos, ordenadas por data de publicação.
As publicações foram então submetidas ao processo de extração dos dados e avaliação da qualidade e desta forma utilizadas para a realização da pesquisa.
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DISCUSSÃO
Para ser considerada como satisfatória a amostra citológica de colo uterino deve ser representativa de toda a cérvice, com células ectocervicais e endocervicais presentes e componentes da junção escamo-colunar (JEC) preservadas. Segundo CHHIENG et al. (2002) em citologia de meio líquido (CML) a qualidade na preservação e apresentação das células se mostra superior a citologia convencional (CC). MOUNT et al. (2004) concluíram que a preparação da lâmina em base líquida pode melhorar a visualização de detalhes nucleares, permitindo melhor detecção de anormalidades da cromatina. KIRSCHNER et al. (2006) mostram resultados com tendências semelhantes, relatando uma diminuição de esfregaços insatisfatórios de 87% em seus estudos após a mudança de técnica. Conforme BERGERON (2006), os esfregaços insatisfatórios limitados pela presença de inflamação e hemácias são estatisticamente menos comuns em CML do que com o método convencional. Já a ausência de material celular devido a uma amostra de má qualidade continua sendo freqüente em CML como na forma convencional do esfregaço.
CHEUNG et al. (2003), compararam os resultados da citologia em meio líquido com a convencional em um grande número de pacientes, 382.249 casos. Nesta pesquisa foi possível concluir que não há diferença estatisticamente significativa no número de amostras satisfatórias entre os dois exames. Resultado semelhante foi obtido por DO CARMO (2004) que em relação à representação de células da junção escamo-colunar de todos os esfregaços examinados em seu estudo teve, nos esfregaços convencionais, índices de 95,4% para satisfatórios, onde apenas 4% das amostras estavam sem representação das células da JEC e 0,6% foram consideradas insatisfatórias. No mesmo estudo, para os esfregaços da CML obtiveram 95,2% de amostra satisfatória, 3,6% estavam sem representação das células da JEC e 1,2% das amostras foram consideradas insatisfatórias.
Em um estudo com uma população de 166.530 pacientes divididas em dois períodos de observação, realizado no Hospital Hvidovre (Dinamarca), com o objetivo de comparar resultados diagnósticos de citologia em base líquida com dados históricos de esfregaço convencional em uma população de doentes idênticos, KIRSCHNER et al., 2006, constaram que amostras cervicais diagnosticados como células atípicas e células suspeitas de malignidade aumentaram 40% no primeiro período e 23,3% no segundo período após a conversão para citologia em meio líquido. A percentagem de amostras insatisfatórias diminuiu de 2,3% para 0,3%, enquanto que o número de amostras que continham células cervicais normais, mas sem um componente endocervical, aumentaram de 8,5% para 8,9%, resultados estes que concordam com estudos anteriormente citados nesse presente estudo.
Em relação a toda a população nesse mesmo estudo KIRSCHNER et al., 2006, informou que a descoberta de células atípicas ou células suspeitas de malignidade diminuiu após a introdução da citologia de base líquida de 70,5% para 68,9% (primeiro período) e de 28,0% para 26,1% (segundo período) e teve um aumento de 2,12% para 2,89% em diagnósticos falso-positivos, com células atípicas de 0,53% para 0,62% após a conversão. MOUNT et al. (2004), teve como resultados falsos positivos: amostragem convencional (12,5%) e a em meio líquido (8,3%). Alguns anos antes KHALBUSS et al., 2000, teve em seu trabalho resultados falso-positivos de 28,4% para a citologia convencional e de 26,3% para a CML.
Conforme PINHO et al., 2002, realizando um estudo somente com exame citológico convencional, mais da metade de todos os resultados falso-negativos estavam relacionados à amostras inadequadas, demonstrando a deficiência na coleta. Quanto aos resultados falso-positivos, não estão atribuídos somente ao erro de interpretação do esfregaço, pois, alguns autores já relataram também erro na coleta, no qual de forma inadequada acaba não buscando as alterações celulares representativas da lesão. Seus resultados tiveram uma taxa de falso-positivos
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