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CONSIDERAÇÕES ACERCA DA PROBLEMÁTICA INFLUÊNCIA DA ORDEM DE VIENA PARA O IRROMPIMENTO DA PRIMEIRA GUERRA

Por:   •  6/12/2018  •  1.625 Palavras (7 Páginas)  •  316 Visualizações

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cooperação comandado por cinco potências. Esta ordem abandona “tanto a imposição unilateral de força de uma potência singular como a prevalência de múltiplas independências sobre as Relações Internacionais”7. Desta forma, eu tomo duas posições: sim, a Ordem contribuiu para a paz europeia, ao ponto que, conseguiu manter uma relativa paz e harmonia na Europa durante cem anos – desde o Congresso de Viena até “a maior guerra do mundo moderno”8. E, também não, em vista que, este acordo também proporcionou as bases para o irrompimento da Primeira Grande Guerra.

Deste modo, eu relaciono as duas posições e as transformo em apenas uma. Em minha opinião, normalmente, estas duas percepções são analisadas separadamente e isso constitui um diagnóstico errôneo, ao ponto que, elas se relacionam e não podem ser definidas como polos totalmente opostos. Eu defendo a minha primeira posição, argumentando que, a Ordem manteve o equilíbrio europeu e não permitiu o surgimento de uma única potência, enquanto, não fracassou em manter a paz por cem anos. Entretanto, por outro lado, vizualizando a minha segunda posição, neste mesmo período os países estavam ampliando seus exércitos, alimentando uma corrida armamentista e, assim, também produzindo novas armas.

Ainda assim, mesmo com o aumento da produção de armas durante esse período, a Ordem foi capaz de preservar o equilíbrio europeu, basicamente, pelo receio. Entende-se que nenhum Estado europeu atreveria-se a atacar outro país, “pois sabia que teria como resposta a repressão dos signatários do Congresso. Em outras palavras, cada país se sentia ameaçado pelos demais membros”9. Assim, a estabilidade também se preservava, pois, as potências reconheciam a força coletiva como essencial para manter e modificar o acordo.

4. O FIM DA ORDEM DE VIENA E CONSIDERAÇÕES FINAIS

Desta forma, eu considero completamente errônea a ideia de que existe uma única causa para a guerra. “Disputas, desentendimentos, divergências de opiniões e de crenças vão se acumulando ao longo dos anos e se tornando as verdadeiras razões de conflitos. O que denominamos como motivo costuma ser apenas uma gota d’água”10. Assim, se avaliarmos profundamente as causas da guerra, veremos que a Ordem proposta pelo Congresso de Viena é a “ponta do iceberg”, ao ponto que, a meu ver, a Guerra da Criméia – ofensiva dos ingleses e franceses na tentativa de conter as pretensões expansionistas da Rússia; e, a Unificação Alemã [1871] de Otto von Bismarck, também são razões para o abalo da estrutura da Ordem.

De todo modo, apesar também do crescente nacionalismo popular e da Revolução Industrial que auxiliaram para uma instabilidade sistêmica, “o século XIX foi uma era de prosperidade na Europa”11. Em minha opinião, principalmente, pela importância que a classe média começou a exercer na Europa e pelos avanços tecnológicos que permitiram uma melhora nos padrões de vida europeia, particularmente, na saúde, na educação e nas ciências.

Assim, eu enxergo claramente uma Ordem que proporcionou um grande período de paz, que beneficiou a sociedade europeia e, que possivelmente fez os cidadãos europeus acreditarem em uma paz perpértua, mas que também foi a base para diversos desdobramentos que eclodiram na Primeira Guerra. Desta forma, retomo a minha posição, a Ordem não pode ser vista [somente] como boa ou ruim, ela contribiu positivamente e negativamente para a história europeia e, assim deve ser vista: como imagens que se relacionam e não podem ser analisadas separamente sem que se perca muita coisa no caminho.

NOTAS

1 Graduando em Relações Internacionais pela Universidade de Brasília – UnB.

2 1ª Guerra Mundial.

3 COSTA, Jessica Ausier da. A ordem de Viena. In: ZHEBIT, Alexander. (Org.). Ordens e Pacis: abordagem comparativa das relações internacionais. Rio de Janeiro: Mauad X, 2008, p. 99.

4 COSTA, Jessica Ausier da. A ordem de Viena. In: ZHEBIT, Alexander. (Org.). Ordens e Pacis: abordagem comparativa das relações internacionais. Rio de Janeiro: Mauad X, 2008, p. 99.

5 WATSON, Adam. A evolução da sociedade internacional: uma análise histórica comparativa. Brasília: Editora Universidade de Brasília, 2004.

6 WATSON, Adam. A hegemonia coletiva: o concerto da Europa no século XIX. In: _______. A evolução da sociedade internacional: uma análise histórica comparativa. Brasília: Editora Universidade de Brasília, 2004, p. 336. [os grifos na citação são do autor]

7 COSTA, Jessica Ausier da. A ordem de Viena. In: ZHEBIT, Alexander. (Org.). Ordens e Pacis: abordagem comparativa das relações internacionais. Rio de Janeiro: Mauad X, 2008, p. 102. apud SARAIVA, José Flávio Sombra. (Org.). Dois séculos de história. Brasília: IBRI, 2001.

8 COSTA, Jessica Ausier da. A ordem de Viena. In: ZHEBIT, Alexander. (Org.). Ordens e Pacis: abordagem comparativa das relações internacionais. Rio de Janeiro: Mauad X, 2008, p. 99.

9 COSTA, Jessica Ausier da. A ordem de Viena. In: ZHEBIT, Alexander. (Org.). Ordens e Pacis: abordagem comparativa das relações internacionais. Rio de Janeiro: Mauad X, 2008, p. 102.

10 COSTA, Jessica Ausier da. A ordem de Viena. In: ZHEBIT, Alexander. (Org.). Ordens e Pacis: abordagem comparativa das relações internacionais. Rio de Janeiro: Mauad X, 2008, p. 107. [os grifos na citação são meus]

11 COSTA, Jessica Ausier da. A ordem de Viena. In: ZHEBIT, Alexander. (Org.). Ordens e Pacis: abordagem comparativa das relações internacionais. Rio de Janeiro: Mauad X,

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