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A FRANÇA ENQUANTO POTÊNCIA POLÍTICA E MILITAR

Por:   •  6/3/2018  •  4.303 Palavras (18 Páginas)  •  429 Visualizações

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Subsequente a 1789, com o medo instaurado nas monarquias europeias, se inicia uma série de tentativas de invasão de outros países para restaurar a coroa, perante as quais a França teve que fazer frente com uma organização militar exemplar, do contrário sucumbiria. A primeira coligação teria sido formada principalmente por reinados como a Áustria, a Prússia, a Espanha, Sacro Império Romano-Germânico, Grã-Bretanha, Países Baixos e partes da Itália como Nápoles e Sicília. Não só obteve sucesso na defesa como invadiu os Países Baixos, Bélgica e a Itália, dando início às guerras napoleônicas e ao processo de expansão sobre a Europa, que só terminaria em 1815 com a batalha de Waterloo, sendo necessárias sete coligações contra o exército napoleônico até que se garantisse a vitória. (BAINVILLE, 1924, p. 207)

Este período consagra a França como potência militar a ser temida e respeitada, de modo que mesmo com o Tratado de Viena, esta se manteve sem grandes perdas, sendo restaurado seu território às fronteiras de 1792. Inicia-se então o Concerto Europeu, figurando, inicialmente, o Império Russo, o Austríaco, o Reino da Prússia e a Inglaterra. A França, por vias diplomáticas, com Duque de Richelieu, adentra o Concerto como potência em 1818 no congresso de Aix-la-Chapelle, e consegue a retirada da ocupação estabelecida em 1815 em seu território. Sua posição como uma das cinco potências se mantem até a eclosão da 1ª Guerra Mundial. Durante este período, se lança a colonizar partes da África, somando um grande número de colônias às suas já existentes na América.

As numerosas colônias garantiram aos franceses todo o tipo de recurso que necessitavam para garantir uma posição hegemônica da metrópole por muito tempo. Para citá-las, na África: Marrocos, Tunísia, Argélia, Nigéria, Chade, Mali, República Centro-africana, Camarões, Congo, Benin, Burkina Fasso, Costa do Marfim, Guiné, Senegal, Mauritânia, Maiote e Reunião (os últimos dois ainda configuram território extra marinho). Na América os territórios são: Guiana Francesa, São Pedro e Miquelão, São Martinho e São Bartolomeu, Guadalupe, Martinica e Quebec (somente este último não é administrado pela França). Na Oceania: Nova Caledônia, Wallis e Futuna, Marquesas, Arquipélago da Sociedade e Polinésia Francesa. Na antártida: Terra Adélia, Kerguelen, Crozet, Amsterdam e São Paulo[5].

Aqui entra a importância de a França ter se tornado polo de produção de ciência e cultura, pois este fato somado ao número de países subdesenvolvidos sobre os quais manteve domínio garantiu o estabelecimento da língua francesa e a exportação de conhecimento a todos eles, mantendo o domínio cultural e cientifico, de modo que todas as ideias circulando nas colônias provinham da metrópole. Desta forma, mesmo após o processo de independência de boa parte delas, manteve-se forte influência francesa. Até hoje este vinculo se mantem, pois são poucos os países francófonos que possuem produção acadêmica e midiática forte e própria. A Organização Internacional da Francofonia possui hoje 54 Estados Membros, 23 Estados Observadores e 3 Estados Associados[6]. Sobre este tipo de relação, de domínio por meios não militares, podemos citar o conceito de Soft Power de Joseph Nye (1990), que seria o poder exercido por meio de relações sutis capazes de persuadir e convergir interesses.

Ainda sobre dominação não-militar, vale mencionar a França como quarta maior destinadora de recursos para ajuda a países em desenvolvimento[7]. Estes recursos podem ser disponibilizados por meio de doações, empréstimos, perdão de dividas, envio de profissionais, etc. Com critérios segundo a lista de países alvo[8] e por vias bilaterais, multilaterais, por meio da União Europeia ou por Programas e Organizações Internacionais. Utilizando o conceito de Dádiva de Marcel Mauss, Silva explica como os países desenvolvidos estabelecem relações de domínio por meio de ajuda humanitária e assistência ao desenvolvimento.

Há mais de um século, Mauss (1974) já apontava que a dádiva é uma estratégia de gestão de relações de poder. É preciso observar, contudo, que não só interesses comerciais ou de subjugação política orientam a ação dos atores nesse campo, mas também táticas relacionadas à construção de vínculos de identidade, aliança e honra entre eles. (SILVA, 2008, p.142).

O principio baseia-se no fato de que a ajuda pode ser condicionada segundo interesses, assim como a disponibilização de recursos humanos e financeiros para os governos pode influenciar diretamente na forma como este é conduzido. Outro fator relevante é que os conceitos de Desenvolvimento, Crescimento Econômico, Direitos Humanos, Preservação e Igualdade (geralmente utilizados como justificativa neste tipo de auxilio) são amplos e dependem de uma formulação ideológica que será necessariamente a proveniente dos interesses do “doador”.

Tudo isso no que tange a parte da influência e domínio não militar. Para retomar alguns pontos retornemos à 1ª Guerra Mundial, durante a qual a França fez novamente grandes avanços em seu aparato militar, saindo vitoriosa, embora não sem grandes perdas, de modo a ser capaz de ditar junto a Tríplice Entente as linhas gerais do Tratado de Versalhes, que buscada definir uma nova ordem mundial, entre as quais definições sobre militarismo terrestre, naval e aéreo, ordem econômica e financeira, navegação aérea, navegação marítima, organização internacional do trabalho, e o estabelecimento da Liga das Nações (YALE, 2008), que teria papel definitivo por caracterizar a primeira organização mundial com pretensões de manter a ordem e a segurança internacional e da qual a França fazia parte do Conselho Permanente.

Eclode a 2ª Guerra Mundial, e a França, mesmo sendo invadida num primeiro momento, continua com ações de resistência e junta seus esforços militares aos da Inglaterra, permitindo posteriormente o ataque por duas frentes juntamente aos russos, o que garante nova vitória. Embora destruída, fazer parte do “time vencedor” garante aos franceses posição de vantagem nos traçados dos novos acordos de paz e na Carta de São Francisco. Mesmo a Liga das Nações tendo falhado, a Organização das Nações Unidas veio substitui-la mantendo grande parte de suas bases, contando desta vez com a presença dos Estados Unidos e aprendendo com os erros de sua antecessora para aperfeiçoar seu funcionamento. Desta organização a França também veio a fazer parte do Conselho de Segurança, de forma permanente e com direito a veto sobre as decisões pertinentes ao Conselho e com grande poder de influência sobre outras decisões. A este respeito

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