Resenha a cicatriz de Davi

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Apesar de ousar na forma como a história é narrada, a autora intitula o livro com um personagem que quase não é explorado no desenvolver da narrativa. Davi é um soldado de Israel criado por um casal de judeus que vem a descobrir depois de adulto que na verdade é um palestino. Davi é na verdade Ismael, filho de Dalia, de quem foi roubado por um soldado judeu. O irmão de Amal é reconhecido por causa de uma cicatriz que tinha no rosto desde que era bebe. O conflito interno enfrentado por Davi tem o significado de mostrar que os palestinos não deviam ser odiados daquela forma, que era preciso se colocar no lugar dos palestinos, ver as coisas como eles viam. Foi através de uma ironia da vida que Davi percebeu o erro que cometeu de ajudar naquela guerra e que não fazia mais sentido algum legitimizar a ideologia dos judeus.

Talvez a autora tenha dado esse nome ao livro para que o leitor fizesse uma interpretação das palavras. O nome Davi é um nome muito comum aos judeus e significa “aquele que é amado”, além disso, Davi foi o mais importante rei de Israel. A cicatriz pode estar sendo utilizado com o significado de dor, feridas. Fazendo uma analogia é possível dizer que “A cicatriz de Davi” está sendo utilizada no sentido de que cicatriz é a dor causada pelo povo judeu. Levando em conta que a autora logo no inicio do livro diz que ficou receosa de escrever o livro talvez esta interpretação do Titulo não tenha fundamento. Se este for o caso, o livro teria isto como falha, já que o personagem Davi não é o principal para dar nome ao livro.

Durante todo o decorrer da história é possível notar o sentimento de idolatria e amor aos costumes, aos valores, as tradições mulçumanas. Mesmo quando a personagem consegue ir para os Estados Unidos viver o sonho americano, Amal não consegue dar sentido a sua vida. Ela vive como se não fosse ela mesma, apesar de estar segura anseia por um lugar no mundo, e este lugar é Jenin. O leitor chega a indagar porque Amal se arrisca a voltar ao lugar dos conflitos, mas isso logo é entendido porque é lá que seu coração está, é neste lugar que sua vida tem sentido.

O importante é a essência que o livro transmite quando revela uma narrativa que transcende as culturas, rejeitando o apartheid, o nacionalismo e o fundamentalismo religioso. Acima de tudo, esta é uma história sobre a preservação da memória palestina.