Problemas Socioambientais Existentes no Bairro da Paz em Salvador-BA

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bem como o incentivo à ocupação formal e à segregação social. A urbanização da área em que se situa a Av. Paralela vem acontecendo de forma intensa e acelerada. Essa realidade é comum atualmente, mas não deixa de ser preocupante no que diz respeito às transformações na paisagem natural, alterando o meio ambiente urbano. Nesse aspecto, os dois lados da moeda – ricos e pobres – pecam ao ocupar sem pensar na preservação de áreas verdes que são importantíssimas para a permanência da qualidade do ar, manutenção do conforto térmico, além de evitar a transformação de micro-climas atuantes nas cidades. Além de comprometerem a nossa flora, as ocupações – formais e informais – afetam diretamente a nossa fauna, contribuem para a poluição dos rios e lagos presentes no local, ratificando a despreocupação do Estado/Povo com a preservação do nosso ecossistema para as futuras gerações.

Tratando dos problemas sociais existentes na comunidade do Bairro da Paz, de uma maneira mais profunda, é possível dizer que são fruto, também, de influências coloniais. Defendendo esse ponto de vista, não se pode deixar de citar nomes como Oliveira Vianna, Gilberto Freyre, Sérgio Buarque de Holanda, Caio Prado Jr. e Raymundo Faoro, que demonstraram em suas obras como nossa história foi feita sem rupturas significativas com o passado. Assim, em boa medida, nossos problemas são provenientes da época colonial. Nesses termos, as questões colocadas por eles continuam atuais. Ainda hoje, podemos afirmar que problemas como a artificialidade de nossas instituições, os efeitos da proximidade de nossas relações sociais, a orientação da economia voltada para fora, são determinantes para o perpetuamento de problemas vistos em todos os níveis da sociedade, mas sofridos, principalmente, pela classe de baixa renda, como ocorrido na comunidade em questão. Tais fatores, somados ao perfil histórico de invasão, alinhados, ainda, ao descaso por parte do poder público, contribuíram para consolidar diversos problemas no Bairro da Paz, onde, segundo dados coletados, entre outros problemas, há: alto índice de desemprego (70% dos adultos sem vínculo formal de trabalho), baixo índice de escolaridade, baixo grau de formação profissional, condições de moradia precárias, quadro de desnutrição infantil, famílias numerosas, conflitos familiares, alto índice de alcoolismo, insuficiência de equipamentos comunitários, alto índice de violência, péssimo saneamento básico (grande parte dos resíduos é jogada num rio que divide o bairro); este último corrobora, mais uma vez, como o processo de urbanização sem planejamento acarreta em graves danos ao meio ambiente, prejudicando diretamente as futuras gerações, que herdarão um ecossistema degradado.

4. Resultados alcançados

Ao analisar os dados coletados por meio da revisão bibliográfica à luz do nosso objetivo, percebe-se que a forma como se constituiu o Bairro da Paz teve aspectos positivos e negativos. No que tange as questões ambientais, por um lado a invasão serviu para preservar parcialmente a mata atlântica existente na área ao frear interesses imobiliários das classes mais abastadas de Salvador, que resultaram em empreendimentos como shoppings e grandes condomínios residenciais em outros locais da avenida conhecida como Paralela. Por outro lado, a ocupação desordenada provocou seu próprio impacto nocivo ao meio ambiente.

Em relação às questões sociais, observamos que essa ocupação ocorreu em um contexto de confronto direto com os interesses das classes políticas e das grandes construtoras da cidade, agravando o abandono da população pelo poder público, refletido em questões como transporte, segurança pública, saneamento básico e fornecimento dos demais serviços públicos. O Bairro da Paz se sobressai, assim, como um foco de resistência de uma parcela mais pobre da população à segregação em bairros periféricos. Todavia, esse processo de resistência não foi capaz de impedir a segregação social.

5. Referências bibliográficas

CANDIDO, A. O significado de “Raízes do Brasil”. In: HOLLANDA, S. B. Raízes do Brasil. 26ª edição. São Paulo, Companhia das Letras, 1998.

COTTA, Maria Eduarda Travassos; EPIFANIA, Anderson Gomes da. As relações de poder no processo (des) ocupação da mata atlântica na Av. Paralela, Salvador, Bahia – Brasil. Disponível em: http://revistas.una.ac.cr/index.php/geografica/article/view/2259/2155. Acesso em 29 de maio de 2016.

HITA, Maria Gabriela; DUCCINI, Luciana. Da Guerra à Paz: o nascimento de um ator social no contexto da "nova pobreza" urbana em Salvador/Bahia. Cad. CRH, Salvador, v. 20, n. 50, p. 281-297, Aug. 2007. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S010349792007000200007&lng=en&nrm=iso.