Fichamento o que faz do brasil Brasil
Por: Kleber.Oliveira • 31/10/2018 • 9.172 Palavras (37 Páginas) • 567 Visualizações
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Antropologia
O que faz o brasil, Brasil?
Capitulo 3: A ilusão das relações raciais.
O autor começa o capitulo citando uma frase do Antonil que é “ O Brasil é um inferno para os negros, um purgatório para os brancos e um paraíso para os mulatos”, para o autor essa frase implica muito mais na questão social básica do que um fenômeno biológico.
“É que quase todos os seus intérpretes viram nela uma afirmativa ao pé da letra, algo que se referia exclusivamente a um fenômeno biológico e racial, quando de fato ela diz muito mais de fatos sociológicos básicos” (DAMATTA, 1986, p. 24)
Roberto DaMatta, afirma que os negros sempre foram prejudicados na sociedade assim como ocorre hoje, brancos e amarelos são privilegiados.
“Quem não se salva, porém, como infelizmente acontece até hoje na nossa sociedade, são os negros, sempre e em tudo situados abaixo dos brancos e amarelos.” (DAMATTA, 1986, p.25)
O autor cita Gobineau que foi o pai, a pessoas que “fundou” o preconceito racial, Gobineau afirmava existir uma hierarquia de raças, afirmava que o Brasil ia acabar em menos de 200 anos pois existia a mistura de raças.
“Seu problema, conforme estou revelando não era a existência de raças diferentes, desde que essas “raças” obviamente ficassem no seu lugar e naturalmente não se misturassem” (DAMATTA, 1986, p. 26)
Roberto DaMatta cita ainda Antonil que como já citei anteriormente nessa fichamento fala da questão da hierarquização das raças, Antonil percebeu como o mulado, que é a mistura do preto e do branco é intermediário perfeito.
“De modo plenamente coerente com essa ordenação hierarquizada das categorias diferenciais do gênero humano, Antonil as equaciona simultaneamente a três espaços sagrados críticos na cosmologia católica romana: o paraíso, o inferno e o purgatório. Não será preciso notar que a correlação aqui é perfeita.” (DAMATTA, 1986, p.28)
“sua associação com o Paraíso nos ajuda a entender a genial sensibilidade de Antonil para os valores mais profundos da nossa sociedade. Porque não há dúvida alguma de que ele percebeu o valor positivo que associamos ao intermediário, a categoria que fica no meio, ao ser situado entre os extremos e que, por isso mesmo, permite a sua associação e a negação de suas tendências e características antagônicas. Quem inventou, ou melhor, percebeu a positividade da mulata, da mulataria e das categorias intermediárias em geral foi um jesuíta que, muito acertadamente, equacionou esse valor altamente positivo, atribuído a tal categoria na nossa sociedade, ao próprio Paraíso”(DAMATTA, 1986, p. 28)
O autor fala sobre os Estados Unidos, afirmando como não era igualitário e sobre a posição do “intermediário” que seria o mulato que é a "mistura” das raças, o intermediário não é o que a sociedade que.
“Além disso, ele indicava a presença objetiva de uma relação entre camadas que não podiam comunicar-se sexual ou afetivamente. Do mesmo modo que as leis de uma sociedade igualitária e liberal não admitem o “jeitinho” ou o “mais ou menos”, as relações entre grupos sociais não podem admitir é intermediação. E o mulato é precisamente essa possibilidade que, nesses sistemas, é definida como imoralidade. Lá, então, diferentemente daqui, o negativo é aquele que está entre as coisas e as pessoas”(DAMATTA, 1986, p. 29)
O autor utilizou os Estados Unidos para fazer uma correlação com o Brasil, o preconceito no Brasil ainda é velado, as pessoas tentam se enganar dizendo que ele não existe, que já acabou faz tempo, afinal, é muito fácil falar que não existe quando você não faz parte da minoria, a sociedade brasileira tem uma hierarquia velada, o branco tem muito mais chances que um negro, um braço tem mais chances que um índio.
“Tal fato não existiu na sociedade brasileira e até hoje tem débil aceitação social. Realmente, estou convencido de que a sociedade brasileira ainda não se viu como sistema altamente hierarquizado, onde a posição de negros, índios e brancos está ainda tragicamente de acordo com a hierarquia das raças. Numa sociedade onde não há igualdade entre as pessoas, o preconceito velado é forma muito mais eficiente de discriminar pessoas de cor, desde que elas fiquem no seu lugar e “saibam” qual é ele.” (DAMATTA, 1986, p. 31)
Roberto DaMatta, ainda enuncia sobre a historia do Brasil, que não veio de uma mistura e sim de portugueses que já tinham preconceitos contra negros, judeus, mouros, eles apenas estenderam esse preconceito aos índios e mulatos, os mesmos que fizeram a “mistura” para encobrir o preconceito e a discrepância no tratamento entre negro, índios e brancos.
“O lato contundente de nossa história é que somos um país feito por portugueses brancos e aristocráticos, uma sociedade hierarquizada e que foi formada dentro de um quadro rígido de valores discriminatórios. Os portugueses já tinham uma legislação discriminatória contra judeus, mouros e negros, muito antes de terem chegado ao Brasil; e quando aqui chegaram apenas ampliaram essas formas de preconceito. A mistura de raças foi um modo de esconder a profunda injustiça social contra negros, índios e mulatos, pois, situando no biológico uma questão profundamente social, econômica e política, deixava-se de lado a problemática mais básica da sociedade.” (DAMATTA, 1986, p. 31)
O autor ainda afirma que os brasileiros acreditam que o Brasil foi formado pelas três raças porque é mais fácil dizer isso do que admitir que vivemos em uma sociedade hierarquizada onde o branco tem mais chances, é mais bem visto pela sociedade, do que os índios e negros, que muitas vezes são julgados pela sociedade, injustamente e sofrem diariamente um preconceito que muitas vezes é velado em comentários.
“De fato, é mais fácil dizer que o Brasil foi formado por um triângulo de raças, o que nos conduz ao mito da 32 democracia racial, do que assumir que somos uma sociedade hierarquizada, que opera por meio de gradações e que, por isso mesmo, pode. admitir, entre o branco superior e o negro pobre e inferior, uma série de critérios de classificação. Assim, podemos situar as pessoas pela cor da pele” (DAMATTA, 1986, p. 31-32)
Como o autor diz o “ racismo à brasileira” está sendo tolerado porque as pessoas fingem e dizem que não existe, o que o torna, como já disse, um preconceito velado, que é ainda mais difícil de lidar, pois como lidar
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