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Conceito e caracteristicas do bullying

Por:   •  13/6/2018  •  2.191 Palavras (9 Páginas)  •  299 Visualizações

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[...] elas podem ocorrer dentro de salas de aulas, corredores, pátios de escolas ou até nos arredores. Elas são, na maioria das vezes, realizadas de forma repetitiva e com desequilíbrio de poder, ou seja, a escola é o local de ocorrência do bullying, mesmo que se manifeste em sublocais distintos, importando considerar que se trata de uma manifestação do desequilíbrio de poder, seja pelo descumprimento da disciplina escolar ou pela relação desigual entre alunos. [...] Essas agressões morais ou até físicas podem causar danos psicológicos para a criança e o adolescente facilitando posteriormente a entrada dos mesmos no mundo do crime sendo então o local determinante dos casos de violência, como causa e resultado das condutas desviantes entre os jovens (CALHAU, 2011, p.92).

O Conselho Nacional de Justiça em seu Projeto Bullying Justiça nas Escolas(2010) lançou cartilha informando que a vítima de bulliyng pode enfrentar ainda na escola e posteriormente ao longo de sua vida as mais variadas consequências. Tudo vai depender da estrutura da vítima, de suas vivências, da sua predisposição genética e, também, da forma e da intensidade das agressões sofridas. No entanto, todas as vítimas, em maior ou menor proporção, sofrem com os ataques de bullying. Muitas dessas pessoas levarão para a vida adulta marcas profundas e, muito provavelmente, necessitarão de apoio psicológico e/ou psiquiátrico para superar seus traumas. Após um prolongado período de estresse ao qual a vítima é submetida, o bullying poderá provocar um agravamento de problemas preexistentes ou desencadear as seguintes consequências: desinteresse pela escola, problemas psicossomáticos, transtorno do pânico, depressão, fobia escolar, fobia social, ansiedade generalizada, dentre outros. Em casos mais graves, podem-se observar quadros de esquizofrenia e até homicídio e suicídio.

A tecnologia, muito frequente atualmente, também influencia a prática desse fenômeno, foram surgindo formas de bullying, como exemplo o bullying virtual ou também chamado de cyber bullying. No cyber bullyng, recorre-se a tecnologia para ameaçar, humilhar ou intimidar alguém através de ferramentas da nova era digital. As práticas do bullying colidem diretamente com os direitos fundamentais no art. 5º da Constituição Federal de 1988, necessitando de um combate direto por parte do meio jurídico, da sociedade e de toda coletividade[1].

Para Neto (2005), no bullying há uma relação assimétrica, geralmente colocando o agressor como superior. Para Neto (2005, p. 165) “essa assimetria de poder associada ao bullying pode ser consequente da diferença de idade, tamanho, desenvolvimento físico ou emocional, ou do maior apoio dos demais estudantes”. O bullying é uma prática reiterada ao longo do tempo, ou seja, não se trata de uma prática de desrespeito única, mas um conjunto delas, que tem como objetivo uma pessoa em específico. Os meios para se levar a inferiorização podem ser os mais diversos, como agressões físicas e/ou psíquicas. Devido a ampla gama de ações possíveis, o bullying pode ser confundido com outras práticas de inferiorização ou mesmo com crimes. Porém, há de se verificar nesse caso a intenção do agente que é cometer o bullying e não um crime.

É uma relação de violência, que ocorre devido a conversão dos diferentes em desiguais e a desigualdade em relação entre superior e inferior, em que o detentor da “força” ou do “poder” usa o outro como meio para conseguir status dentre os demais do grupo.

[...] a violência repercute como a ação que trata um ser humano não como sujeito, mas como coisa, sendo essa coisificação da pessoa, capaz de gerar as consequências negativas que afetam a vida e a personalidade (CHAUÍ,1985, p. 35).

Conforme Monteiro (2008) o bullying não é um fenômeno que ocorre só nas escolas. Ocorre também, por exemplo no ambiente de trabalho (workplacebullying), ou assédio moral, como vem sendo chamado no Brasil). Esta situação é frequente e tem gerado pedidos milionários de indenizações em muitos países. Ocorre também através da internet, cada vez com mais frequência (cyberbullying) ou através do telefone celular (mobilebullying). Já há no mundo inteiro muitos trabalhos e pesquisas a respeito.

Foucalt (2003) entende as escolas como sendo instituições disciplinadoras. As escolas possuem o dever social de disciplinar ou docilizar os indivíduos, sendo comparada às prisões, aos hospitais e as indústrias.

Compõem estas uma rede social de instituições de sequestro, ou seja, de órgãos sociais utilizados para controle dos indivíduos, transmissão de ideias dominantes e centros de disciplina. Assim cabe segundo à escola captar o poder em suas extremidades, em suas últimas ramificações. Lá onde se torna capilar; captar o poder nas suas formas e instituições mais regionais e locais (FOUCAULT,2003, p. 182).

Todavia, entende Foulcalt (1977, p.159) `que a indisciplina e a transgressão é algo inerente aos jovens e a violência é a forma manifestada de reação a todo esse controle`. Assim a reação da escola é institucionalizar formas de punição, que funcionam como medicação para condutas desviantes através de micro penalidades do tempo (atrasos, ausências, interrupções das tarefas), da atividade (desatenção, negligência, falta de zelo), da maneira de ser (grosseira, desobediência), dos discursos (tagarelice, insolência), do corpo (atitudes incorretas, gestos não conformes, sujeira), da sexualidade (imodéstia, indecência). Contudo, esse sistema de sujeição e controle pode muitas vezes mascarar a real personalidade dos sujeitos, que num determinado momento será manifestada da forma mais brusca e violenta, recaindo muitas vezes nos seus pares, posto que não conseguem atingir o poder institucionalizado.

Muitas vezes as pessoas que sofrem bulliyng também o praticam. É uma forma de compensar a violência sofrida, por meio de sua prática. Comenta Silva (2010) que o bullying tornou-se um problema endêmico nas escolas de todo o mundo. Um dos casos mais emblemáticos ocorreu nos Estados Unidos, em 1999, no colégio ColumbineHighSchool, em Denver, Colorado. Os estudantes Eric Harris, de 18 anos, e DylanKlebold de 17 anos, assassinaram 12 estudantes e um professor. Deixaram mais de vinte pessoas feridas e se suicidaram em seguida.

A motivação para o ataque seria vingança pela exclusão escolar que os dois teriam sofrido durante muito tempo. Investigações também demonstraram que não somente eles eram alvos de bullying, como também eram os próprios agressores de outras vítimas (SILVA,2010, p. 20).

Comenta Calhau (2011) que as questões de violência têm

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