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A Justiça certa

Por:   •  29/11/2018  •  1.611 Palavras (7 Páginas)  •  277 Visualizações

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A liberdade aliada à justiça também é analisada por outro filósofo. Immanuel Kant nos analisa como seres racionais e autônomos, capazes de agir e escolher livremente. A liberdade de Kant é autônoma, onde deve ser lei o que nós mesmos ditamos, longe daquelas que cumprimos por convenções sociais, ou pela natureza. Deste modo, o valor moral independe de suas consequências e sim da intenção pela qual foi feita. Sendo a justiça feita através de um contrato social “imaginário”. Contudo, talvez a maior falta de tal teoria seja como as propostas de Kant seriam cumpridas na prática.

John Rawls pretende responder essas perguntas entendendo que o contrato social é um “acordo hipotético em condição original de equidade”. Em que liberdades fundamentais não seriam sacrificadas em prol de benefícios econômicos e desigualdades só seriam admitidas em benefício aos menos favorecidos da sociedade, o chamado “princípio da diferença”. Um sistema, que trabalhando como um todo, favoreceria quem mais precisa.

Por fim, Michael Sander traz a concepção Aristotélica para o tema “Justica”. O télos e a honraria é o que legitima a justiça. As discussões sobre a mesma são debates sobre a honra, a virtude e a natureza de uma vida boa. Significando dar o que as pessoas merecem de acordo com o que lhe é devido. Aristóteles propõem diversos pensamentos sobre o que é justo, mas nem mesmo ele foi totalmente justo em suas colocações. Pois, defendia a escravidão e também aceitava que mulheres fossem inelegíveis, situações injustas atualmente.

Neste quesito, Aristóteles foi fiel ao seu tempo. A escravidão e a cidadania exclusivamente masculina, típicas da Grécia antiga, nos levam a questionamentos sobre quais injustiças estamos cometendo por sermos fiéis ao nosso tempo. Injustiças essas, que daqui há uns anos serão duramente expostas por nossos descendentes como a vergonha de nosso tempo. Contudo, nós arraigados de preceitos morais e religiosos ainda estamos cegos para o que possa ser transformado no futuro.

Sandel escreve um capítulo dedicado “ao que devemos uns aos outros”. Tratando justamente dos erros cometidos no passado e se tais merecem um pedido de desculpas dado pelas gerações posteriores àquelas que sofreram pelo cometimento de injustiças. Pessoalmente, acredito que mesmo se as gerações descendentes não tenham contribuído ativamente na realização de quaisquer injustiças, as mesmas valeram-se delas na construção de sua sociedade.

Por exemplo, uma sociedade onde a escravidão vigorou durante anos, embora seus atuais cidadãos não possuam um sistema escravista, ainda é marcada pelo preconceito por esses grupos étnicos. E obviamente, um pedido de desculpas não iria apagar todo o passado cruel ao qual pessoas tiveram seus direitos restritos, mas demonstra o reconhecimento de responsabilidade, uma demonstração que o horror não foi esquecido e deve ser evitado por outras gerações.

No último capítulo de seu livro, o autor finalmente adota uma postura mais pessoal, apresentando uma visão da “Justiça e o bem comum”. Indagando-nos o fato de “legislar sobre a moralidade” é plausível pelos governos. Conta-nos a história de dois presidentes americanos (Kennedy e Obama) com discursos diferentes sobre a intervenção do governo. Kennedy, dissocia seus próprios preceitos morais da forma a qual vai administrar o país. Já Obama, admite que seus preceitos morais não podem ser dissociados de seu ser no governo.

Dizer que uma sociedade é governada totalmente fora de questões morais, é não estar admitindo que as mesmas influenciam as leis que seguimos. A última eleição americana mostra como seus cidadãos buscam representantes que compactuem com seus pensamentos. O vencedor, Donald Trump, abusou de discursos que expressavam um tom de radicalismo, para conseguir aliados, e desta forma é o novo presidente dos Estados Unidos.

A moral e a religião influenciam as decisões políticas. E além disso, elas influenciam as leis que seguimos. Relacionando o “Justiça – O que é fazer a coisa certa” e os últimos casos que o professor Michael Sander descreve em seu livro, todas se tratam de assuntos polêmicos que circulam a realidade de vários países. Assuntos estudados por diferentes perspectivas, possuindo diferentes tipos de opiniões e até hoje permanecem sem solução. Por vezes, por discordarem da “moral” de uma maioria.

Por conseguinte, o autor nos dá dois desafios: o primeiro de imaginar uma política que atenda as questões morais, mas também sejam aplicadas aos interesses econômicos e cívicos, e assim acredito eu, conflitos sob essa temática anteriormente citados poderiam nem ter existido. E o segundo, de ao invés de evitar convicções morais e religiosas diversas, deveríamos nos dedicar ao exercício de aprender com elas.

Concluo estas reflexões, com uma grande vontade de agradecer ao autor que me permitiu não obter respostas. Embora tenha sido esse meu objetivo principal (e sem sucesso), descobri no decorrer das páginas que encontrar uma significação da justiça não é algo que se faça com exatidão, muito menos com rapidez. Essa questão permanecerá viva durante toda a história da humanidade, obtendo

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