A Avaliação do uso de antibióticos em pacientes do Centro de Terapia Intensiva no Hospital Annes Dias da cidade de Ibirubá-RS
Por: Jose.Nascimento • 16/11/2018 • 22.729 Palavras (91 Páginas) • 493 Visualizações
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Neto (2000) comenta que as primeiras descrições sobre o uso de antibióticos datam de 3.000 anos atrás, quando os médicos chineses usavam bolores para tratar tumores inflamatórios e feridas infeccionadas e os sumérios recomendavam emplastros com uma mistura de vinho, cerveja, zimbro e ameixas.
Reese e Betts (1995) comentam que o valor terapêutico desta última mistura certamente era decorrente da ação antimicrobiana do álcool contido no vinho e na cerveja e do ácido acético contido no zimbro. Já o valor dos bolores possivelmente se devia à ação de antibióticos produzidos pelos fungos neles presentes e absolutamente desconhecidos naquela época. Aliás, as propriedades terapêuticas dos fungos existentes nos meios e valores foram também aproveitadas pelos médicos indianos antigos, que há mais de 1.500 anos recomendavam a ingestão de certos motos para a cura de disenterias, e pelos índios norte-americanos, que utilizavam fungos para o tratamento das feridas. Até mesmo Hipócrates, que viveu cerca de 400 anos antes de Cristo, empregava a lavagem de ferimentos com vinho para evitar a infecção e recomendava o uso de bolores tostados para o tratamento das doenças genitais femininas.
Tavares (1996, p. 4) relata que “uma das primeiras substâncias antimicrobianas assim descoberta foi a quinina, obtida de uma árvore chamada cinchona existente no Peru e de ação notável na terapêutica da malária”. O mesmo autor complementa que seu uso já era conhecido desde 1633, empregada sob a forma de pó da casca da cinchona para o tratamento de febres;mas só em 1820 a substância ativa, a quinina, foi isolada laboratorialmente. Uma outra substância também isolada de plantas foi a emetina, utilizada contra a amebíase e obtida da raiz da ipecacuanha, um arbusto nativo do Brasil e usados pelos indígenas no tratamento das diarréias.
Tavares (1996, p. 5) complementa que:
A demonstração, no século XIX, da origem infecciosa de várias doenças estimulou a pesquisa no sentido de se descobrir substâncias específicas no combate aos germes. Em resultado destas pesquisas, no início do século XX surgiram os primeiros quimioterápicos de ação sistêmica. Os trabalhos pioneiros neste campo devem-se a Paul Ehrlich, modelo de cientista dedicado à sua causa, que elaborou as teorias sobre a ação das drogas antimicrobianas (ligação a receptores específicos na célula sensível) e estabeleceu os princípios básicos da quimioterapia (a droga deve ter ação seletiva sobre o agente agressor em dose tolerada pelos tecidos do hospedeiro agredido). Após suas experiências sobre a ação de corantes sobre as células vivas, Ehrlich e seus colaboradores, no Instituto Experimental de Frankfurt, dedicaram-se ao estudo da ação antimicrobiana de um composto do arsênico chamado atoxil. Tais estudos permitiram a descoberta da ação anti-sifilífica do 606° composto derivado do atoxil denominado Salvarsan, o qual foi introduzido por Ehrlich em 1910 para a terapêutica da sífilis e da febre recorrente. Graças aos trabalhos de Ehrlich, verificou-se ser possível a obtenção de novos produtos por meio de transformações químicas em substâncias básicas, o que conduziu à descoberta e síntese química dos derivados sulfamídicos, utilizados inicialmente como corantes.
Por tais descobertas, iniciando a moderna terapêutica das infecções, Ehrlich é considerado o pai da quimioterapia.
O próximo grande passo na história das drogas antimicrobianas ocorreu na década de 1930, com a demonstração da atividade terapêutica das sulfonamidas contra as infecções bacterianas sistêmicas. Tais infecções, com exceção da sífilis, até então não tinham uma terapêutica específica e eficaz, apresentando alta mortalidade cm toda Terra (NETO, 2000).
Tavares (1996, p. 5-6) menciona:
Já conhecidas desde o início do século, as sulfas eram utilizadas como corantes; e, embora tivesse verificado que estas substâncias exerciam um efeito antibacteriano in vitro, os produtos então existentes,eram muito tóxicos para o homem. Vários testes foram realizados com animais até chegarem em uma fórmula sucessivas que obtivessem resultados excelentes para a cura de algumas infecções para o ser humano. Foi graças a Gehard Domagk, em 1939 que as sulfas ganharam o destaque como drogas medicamentosas. Domagk, em 1932, pela primeira vez demonstrou a atividade antibacteriana das sulfas in vivo, utilizando a sulfamidocri-soidina no tratamento de infecções em camundongos. O Prontosil foi, também, o primeiro derivado sulfamídico empregado na terapêutica das infecções bacterianas humanas, tendo sido usado, com sucesso, pela primeira vez na própria filha de Domagk, que apresentava uma infecção estreptocócica grave.
De acordo com a declaração do mesmo autor, droga foi experimentada em um paciente com septicemia estafilocócica, curando-o, estabelecendo-se em definitivo o valor do novo medicamento no ano de 1933.
O período de 1938 a 1942 caracterizou-se pelo surgimento de inúmeros derivados sulfamídicos dotados de atividade antibacteriana e com diferentes propriedades farmacodinâmicas e toxicológicas. Muitas das sulfas desta época são ainda utilizadas, destacando-se a sulfadiazina, o sulfatiazol, a sulfa-guanidina e a sulfamerazina. O mundo científico de então estava maravilhado com as novas drogas, capazes de curar infecções tão graves como as pneumonias, septicemias, infecção puerperal, meningites, gonorréia, erisipela e outras. Com a eclosão da Segunda Guerra Mundial, as sulfas passaram a ser usadas em infecções decorrentes dos ferimentos da guerra e nas disenterias bacilares, consagrando-se sua efetividade (NETO, 2000).
Segundo Reese e Betts (1995) a Segunda Guerra Mundial provocou, também, um grande desenvolvimento da indústria químico-farmacêutica de síntese, originando-se daí inúmeros novos quimioterápicos. Surgiram, no decorrer da guerra e logo após o seu término, novas sulfas de ação mais prolongada, como a sulfametoxidiazina e o sulfametoxazol; novos antimaláricos, como a cloroquina, a amodiaquina e a primaquina; novos anti-helmínticos, como a ditiazanina, a pipcrazina (já empregada anteriormente no tratamento da gota), a dietilcarbamazina; as drogas tioxantônicas para a esquistossomose; e inúmeras outras inovações na quimioterapia antiparasitária, caracterizadas pela alta eficácia, melhor comodidade posológica e baixa toxicidade, utilizadas atualmente contra diferentes helmintíases e protozooses. Foi também coincidindo com a Segunda Guerra Mundial que o mundo assistiu ao surgimento de uma nova era no tratamento das infecções, com
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