Resenha Manifesto Comunista
Por: Jose.Nascimento • 30/6/2018 • 1.285 Palavras (6 Páginas) • 424 Visualizações
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No subcapítulo seguinte, o foco de análise são as diversas correntes teóricas e práticas de socialismo - das quais os autores são extremamente críticos -, nas quais identificamos a corrente feudal (que se foca em criticar a burguesia industrial, no entanto, de forma reacionária em saudação aos tempos feudais), a corrente pequeno-burguesa (que como a anterior também pode ser caracterizada como reacionária, por não busca um progresso na luta de classes, mas um reestabelecimento das antigas relações de produção), a alemã (que segundo os autores, pecava por paradoxalmente negar a luta de classes em certos pontos e defenderem a emancipação humana num geral), a burguesa e conservadora (cujo foco é a conciliação de classes, e a superação da luta de classes), e por fim a do socialismo e comunismo crítico-utópios (definida pela contradição entre ao passo em que é acertadamente crítica à sociedade da luta de classes, também é demasiada fantasiosa e utópica, sem análises e prognósticos baseados na realidade concreta).
Por fim, no último subcapítulo, os autores argumentam que diante do contexto da luta de classes, da pluralidade dos “socialismos” existentes à sua época, e das diferentes condições de desenvolvimento capitalista em que diversas nações então se encontravam, o papel e o espaço a ser ocupado pelos comunistas podem e devem ser maleáveis de acordo com a conjuntura, no entanto, sempre sem perder de vista a agitação revolucionária contra o estado de coisas social e político existentes, a luta pela derrocada da propriedade privada, e a defesa permanente da Revolução proletária e pela emancipação da classe trabalhadora das correntes que a prendem.
Apesar de seu importante peso histórico e social que o Manifesto Comunista teve à sua época - e inclusive até os dias atuais -, é de grande relevância que sejam observados alguns pontos da obra, em que hoje somos capazes de apontar como equivocados. Primeiramente, não é possível ignorar a demasiada romantização feita pelos autores dos atores desta luta de classes que dita o rumo da história, onde temos de um lado a exploradora e violenta burguesia, e do outro a oprimida e revolucionária classe proletária (caracterização inclusive criticada pelos próprios autores quando tratam da visão que os socialistas crítico-utópicos tem sobre o proletariado), que ainda que de forma generalizada esteja correta com relação à relação opressor-oprimido, prejudica e inibe as demais classes ainda existentes dentro deste mesmo sistema, como a própria pequeno-burguesia.
Outra crítica cabível, é com relação à falha análise de conjuntura feita por Marx acerca da dita intrínseca relação entre nível de desenvolvimento capitalista, e o nível de desenvolvimento de consciência do proletariado. De acordo com essa teoria, Marx faz um prognóstico de que o lugar ideal e provável para que tivesse início a Revolução proletária, seria a Alemanha, que enfrentava um intenso processo de industrialização e ascensão da organização da classe trabalhadora, cuja consciência de classe estaria já avançada e desenvolvida. No entanto, como a História mostrou, surpreendentemente, a primeira Revolução operária - descartando a Comuna de Paris devido a sua curta duração - ocorreu na Rússia agrária do início do século XX.
Por fim, também é notável que apesar da obra se tratar na essência de algo propagandístico e agitatório, a mesma em momento algum tem alguma preocupação em apontar os caminhos práticos e concretos para a realização da Revolução, não saindo portanto do campo da abstração. Tal obra viria a ser redigida apenas anos mais tarde, às vésperas da Revolução Russa, por Lênin.
MARX, Karl e ENGELS, Friedrich.: Manifesto do Partido Comunista. Disponível em: Acesso em 1 de abril de 2016.
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