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RESENHA: A ERA DA CATÁSTROFE

Por:   •  26/11/2018  •  3.177 Palavras (13 Páginas)  •  274 Visualizações

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A rivalidade política internacional se modelava no crescimento e competição econômicos, mas o traço característico disso era precisamente não ter limites. [...]

Mais concretamente, para os dois principais oponentes, Alemanha e Grã-Bretanha, o céu tinha de ser o limite [...] (HOBSBAWM, 1995, p.37)

Depois de constantes conflitos entre as duas frentes, a Alemanha empurrou a Rússia para fora da guerra para vivenciar uma revolução interna em seu país em 1917; a Itália teria trocado de lado; a França estaria sofrendo com os ataques alemães mas por reforços americanos seus aliados garantem vitória e a Alemanha estava perto de sua derrocada. Todo esse resumo de fim da Primeira Guerra Mundial foi resumido pelo autor da seguinte forma:

Na verdade, a Alemanha, mesmo entravada pela aliança com a Áustria, assegurou a vitória total no Leste, expulsando a Rússia da guerra para a revolução e para fora de grande parte de seus territórios europeus em 1917-1918. Pouco depois de impor a paz punitiva de Brest-Litowsk (março de 1918), o exército alemão, agora livre para concentrar-se no Ocidente, na verdade rompeu a Frente Ocidental e avançou de novo sobre Paris. Graças à inundação de reforços e equipamentos americanos os aliados se recuperaram, mas por um instante pareceu por um triz. Contudo, era o último lance de uma Alemanha exausta, que se sabia perto da derrota. Assim que os aliados começaram a avançar, no verão de 1918, o fim era apenas uma questão de semanas. As Potências Centrais não apenas admitiram a derrota, mas desmoronaram. A revolução varreu o Sudeste e o Centro da Europa no outono de 1918, como varrera a Rússia em 1917 (HOBSBAWM, 1995, p. 36)

Diante do contexto de que a Rússia saiu da guerra para a Revolução bolchevique, analisemos então os fatos correspondentes a tal acontecimento. Assim como chamamos a Primeira Guerra de filha do imperialismo, Hobsbawm chama a revolução de ‘filha da guerra no século XX’, principalmente a Revolução Russa de 1917 ao qual criou a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS). A Rússia de 1917 estava em meio a uma desordem na sociedade, o governo czarista forçava à população altíssimas taxas de impostos. Toda a população tinha uma série de reinvindicações como melhor qualidade de vida e principalmente a saída do país da guerra, uma vez que a economia estava toda voltada para manutenção do país em meio aos conflitos. À respeito das necessidades básicas da população o autor nos diz que:

A reivindicação básica dos 80% de russos que viviam da agricultura era, como sempre, terra. Todos concordavam que queriam o fim da guerra, embora a massa de soldados camponeses que formava o exército não fosse a princípio contra a luta como tal, mas contra a severa disciplina e maltrato de outros soldados. O slogan “Pão, Paz, Terra” conquistou logo crescente apoio para os que o propagavam, em especial os bolcheviques de Lenin, que passaram de um pequeno grupo de uns poucos milhares em março de 1917 para um quarto de milhão de membros no início do verão daquele ano. (HOBSBAWM, 1995, p. 68)

O Partido Menchevique russo conseguiu destituir o czarismo e implantar um governo provisório com apoio da burguesia mas somente em outubro de 1917 ocorreu a então famosa Revolução Socialista na Rússia, onde o partido bolchevique conseguiu ingressar no poder após a vitória sobre os mencheviques. Liderados por Lênin e Trotsky, a revolução implantou o socialismo e a nacionalização da economia. Segundo Hobsbawm, o sistema implantado pelos bolcheviques sempre se auto-intitulou um sistema alternativo e muito melhor que o capitalismo, e que o socialismo estava a passos largos de ser a nova onda do momento.

O autor deu ao segundo capítulo de seu livro o título de “A Revolução Mundial” devido a intenção de caráter influenciador da Revolução Russa para os outros países. Na visão do autor, a substituição do capitalismo pelo socialismo se exprimiu da seguinte forma:

Aparentemente, só era preciso um sinal para os povos se levantarem, substituírem o capitalismo pelo socialismo, e com isso transformarem os sofrimentos sem sentido da guerra mundial em alguma coisa mais positiva: as sangrentas dores e convulsões do parto de um novo mundo. A Revolução Russa, ou mais precisamente, a Revolução Bolchevique de outubro de 1917, pretendeu dar ao mundo esse sinal. (HOBSBAWM, 1995, p. 62)

No ano seguinte, em 1918, a Primeira Guerra chegara ao seu fim com a Alemanha exausta de tanto lutar e tendo que se render e aceitar a imposição do Tratado de Versalhes. O Tratado impôs a Alemanha uma série de punições que não nos cabe listarmos aqui mas que foi a causa de futuros conflitos e do início de uma Segunda Guerra a ser comentada afrente.

ENTREGUERRAS

Em primeiro plano, os Estados Unidos vivia seus anos felizes no início da década de 20 muito pelo fato do país ter se firmado como a maior economia do mundo depois de passada a Primeira Guerra. Os EUA se destacava como maior exportador do mundo e segundo maior importador, foi um período de prosperidade econômica.

A Europa voltou mais de 70% de sua indústria para suprimentos de guerra durante a Primeira Guerra Mundial e dado o término da guerra, demorou muito para o parque industrial europeu se recuperar. Durante esse tempo a Europa se tornou o principal mercado consumidor dos Estados Unidos, e isso gerou uma demanda muito alta por mercadorias. Entretanto, os Estados Unidos não enxergou que a indústria europeia se recuperaria, que as exportações diminuiriam e muito menos freou a produção em território americano. Diante desse fato, em outubro de 1929 desencadearia uma crise de superprodução, a crise do liberalismo econômico com a quebra da Bolsa de Valores de Nova York.

Para Hobsbawm (1995):

Na verdade, mesmo os orgulhosos EUA, longe de serem um porto seguro das convulsões de continentes menos afortunados, se tornaram o epicentro deste que foi o maior terremoto global medido na escala Richter dos historiadores econômicos – a Grande Depressão do entreguerras. Em suma: entre as guerras, a economia mundial capitalista pareceu desmoronar. Ninguém sabia exatamente como se poderia recupera-la. (p.91)

Também segundo Hobsbawm (1995) à respeito do colapso econômico: “Sem ele, com certeza não teria havido Hitler. Quase certamente não teria havido Roosevelt. É muito improvável que o sistema soviético tivesse sido encarado como um sério rival econômico e uma alternativa possível ao capitalismo mundial”. (p.91)

Em um segundo cenário dos

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