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Economia Comportalmental

Por:   •  31/10/2018  •  6.209 Palavras (25 Páginas)  •  248 Visualizações

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Para Ferreira (2012, p. 24) “a economia comportamental surge como resposta à constatação de que a teoria econômica muitas vezes falha na previsão adequada do comportamento humano”.

Dessa forma, segundo Ferreira (2008) a economia comportamental se propõem a estudar as anomalias da teoria neoclássica, reunindo o maior número de dados a fim de verificar as teorias elaboradas ou construir novas e assim controlar e prever o comportamento econômico, não através de modelos, mas, sim, a partir do conhecimento sobre os fenômenos conforme identificados na realidade.

3.2 A Racionalidade limitada e a ideia de satisficing de Herbert Simon

Em 1955, Hebert Simon desenvolveu em sua obra A behavioral model of rational choice[2], o conceito de racionalidade limitada e aplicou-o em seus estudos acerca do comportamento humano.

Segundo Fiori (2005) o conceito de racionalidade limitada de Simon denota toda a classe de limites do conhecimento e da capacidade computacional ilimitada dos homens que impedem que os agentes no mundo real ajam de acordo com o que a teoria neoclássica postulou.

Assim, Simon (1955, p.99) descreve o homem econômico postulado pela teoria neoclássica:

Supõe-se que esse homem econômico tenha conhecimento dos aspectos relevantes ao seu ambiente, não sendo absolutamente completo, é ao menos notavelmente claro e volumoso. Supõe-se ainda que ele tenha um sistema bem organizado e estável de preferências e uma habilidade computacional que lhe permita calcular, para os cursos de ação alternativos disponíveis, qual deles lhe permita atingir o ponto mais alto em sua escala de preferência.

Segundo Barros (2004) esse modelo não convencia Simon, como também não satisfazia o modelo psicológico do comportamento humano, que tentava reduzir o conhecimento ao afeto.

O conceito de racionalidade limitada de Simon trata da limitação da capacidade do ser humano para conhecer todas as alternativas de ação e suas consequências, assim como suas limitações em analisar todos os dados presentes neste ambiente. Porém, no real processo de tomada de decisão, o ser humano considera apenas uma parcela mínima de informações para organizar seu convencimento (FERREIRA, 2012).

Simon (1979) afirmou que os indivíduos são pouco capazes de conseguir uma otimização em suas decisões de acordo com o pressuposto da teoria neoclássica, passando a adotar a estratégia do satisficing[3] buscando soluções que são convenientes dentro da limitação das escolhas, ou seja, em vez de sempre escolherem as melhores soluções, tomam decisões que são apenas boas o suficiente.

É importante salientar que a racionalidade limitada além de ser um conceito negativo era um conceito muito amplo, ou seja, o conceito de racionalidade limitada só mostra que o comportamento humano, em regra, não é racional (SIMON, 1979).

A racionalidade humana está ligada ao processo que leva a tomada de decisão, e não necessariamente a decisão em si – ou seja, ao resultado desse processo ou ao comportamento adotado. Por isso, ele defende a adoção do modelo denominado racionalidade procedimental (FERREIRA 2012, p. 32).

Entende-se racionalidade procedimental, Segundo Simon (1978, p. 504):

É a racionalidade de uma pessoa na qual a capacidade computacional é um recurso escasso que cuja capacidade para se adaptar às situações em que se encontra é determinada pela eficiência dos seus processos de tomada de decisões e solução de problemas.

Dessa forma, de acordo com Ferreira (2012) o satisficing e a racionalidade procedimental estão intimamente relacionados, na medida em que a solução encontrada pelo indivíduo para suas limitações computacionais e que sabe tudo foi o critério de escolha satisfatória, que permite a paralisação do processo de busca pela otimização do resultado. No mesmo sentido, a racionalidade procedimental, com fundamento na ciência cognitiva, reconhece o padrão do satisficing no comportamento humano, possibilitando, assim, sua inserção no conceito de comportamento racional.

3.3 As ilusões Cognitivas

Normalmente, a intuição engana os indivíduos de uma forma repetitiva, previsível e consistente e não há nada que se possa fazer (ARIELY 2008).

Assim, Kahnemam e Tversky (1974) chamaram essas falhas no processo racional de tomada de decisão de ilusão cognitiva, esta que faz com que os indivíduos cometam erros sistemáticos de decisão.

Conforme os autores supracitados colocaram que as ilusões cognitivas são como ilusões de ótica: apesar de fáceis de compreender, no entanto, muito difícil de eliminá-las. Para os autores, o principal objetivo em aprender sobre as ilusões cognitivas assim como sua influência no processo decisório é poder identificar as situações específicas na qual essas falhas podem se manifestar.

Nesse sentido, Ariely (2009) faz uma comparação da visão com a ilusão de ótica, na qual afirma que a visão é uma das melhores coisas que os indivíduos têm. Eles têm uma parte enorme do cérebro dedicada à visão, maior do que qualquer outra. Gastam mais horas do seu dia para usar a visão do que para qualquer outra coisa, além de serem evolutivamente projetados para usar a visão.

Ainda segundo Ariely (2009) se os indivíduos cometem esses erros previsíveis e repetitivos com a visão, em que são tão bons, qual é a probabilidade de se cometerem até mais erros em algo em que não são tão bons assim? Por exemplo, a tomada de decisão financeira. Algo em que não se tem razão evolutiva para fazer. Não tem nenhuma parte do cérebro especializada e não fazem isso muitas horas por dia. Nesse caso, o fato é que acabam cometendo muito erros. E o pior, não tem uma forma simples de perceber tais erros.

Em ilusões de ótica pode-se facilmente demonstrar os erros. Mas, em ilusões cognitivas é muito, muito mais difícil demonstrar os erros as pessoas.

Segundo Climaco (2007, p. 8), a figura 1 mostra um exemplo de ilusão de ótica, onde:

[...] apesar de as linhas horizontais serem paralelas, não conseguimos perceber tal fato quando olhamos para a figura inteira. Porém, se fixarmos a visão em apenas duas linhas próximas, perceberemos o paralelismo entre elas. Mesmos após a constatação e o conhecimento de que as linhas são verdadeiramente paralelas, quando voltamos a olhar para a figura inteira tornamos a ver as linhas distorcidas.

Figura

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