Essays.club - TCC, Modelos de monografias, Trabalhos de universidades, Ensaios, Bibliografias
Pesquisar

AMÉRICA LATINA: ECONOMIA E POLÍTICA ECONÔMICA NAS ÚLTIMAS DÉCADAS ESTUDO DO CASO CHILENO

Por:   •  19/4/2018  •  8.075 Palavras (33 Páginas)  •  377 Visualizações

Página 1 de 33

...

A Economia do Chile no período anterior à Crise dos nos 80

O Chile apresenta algumas características bem definidas e distintas quando comparadas a outros países da América Latina. A urbanização do país se iniciou cedo, mas ao contrario de alguns de seus vizinhos como o Brasil e o México, não sofreu uma explosão demográfica. Outra característica que também se concretizou cedo foi a unidade política do país, fato relacionado com o tamanho reduzido e seu isolamento. Além disso, o Chile possui um Estado forte no que se refere a sua relação com a sociedade e um sistema de partidos bem estruturado, semelhante ao de países europeus.

Outro aspecto peculiar do país pode ser visto em relação ao modelo de Industrialização por substituição de Importações (ISI). Os problemas chilenos com esse modelo começaram muito antes do que em qualquer outro país que também o usava, o que levou a um debate econômico durante os anos 50 que buscava discutir qual era a melhor opção para o Chile.

Após a crise gerada pela grande depressão de 1929, a demanda do principal produto de exportação Chileno na época, o sal, foi fortemente afetada. O governo de Jorge Alessandri Rodriguez, de 1958 a 1964, buscava recuperar a economia utilizando métodos como a liberalização do comércio, fixação da taxa de cambio, a consolidação e liberalização dos mercados cambiais, tudo isso visando eliminar os efeitos inflacionários de déficits fiscais por meio de financiamento externo.

No inicio do governo de Alessandri foi desenhada uma política que incentivava o desenvolvimento do mercado de capitais. Nessa política foram aplicadas ações como a abolição dos controles quantitativos aos créditos, retirada de impostos sobre cheques e depósitos e até o encorajamento de empréstimos e depósitos com moeda estrangeira. Mesmo com o uso dessa política, um déficit de 5% do PIB chileno se manteve e a partir desse momento o país teve que recorrer aos empréstimos externos. Nesse contexto, a divida em moeda estrangeira aumentou muito, consequência comum quando são colocados em um mesmo quadro um regime de cambio fixo e uma grande inflação.

Durante esse período não só o Chile, mas seus vizinhos da América Latina adquiriram dividas externas gigantescas. A supervalorização da moeda Chilena levou a diminuição das exportações, a diminuição não gerou dinheiro suficiente para o país pagar suas dividas e essa situação somada a dos financiamentos de curto prazo levaram a uma crise na balança de pagamento chilena. Essa crise levou a suspensão das atividades no mercado cambial por cerca de três semanas em 1961. No segundo semestre de 1962, o governo finalmente decidiu desvalorizar a moeda chilena. Uma combinação entre uma desvalorização de mais de 50% e uma grande instabilidade interna geraram o rápido aumento da inflação interna.

Chegou-se a conclusão de que uma política de cambio fixo era prejudicial e levava a um atraso do cambio real. Sendo assim, durante a segunda metade dos anos 60, foi decidida a implementação de um regime de cambio nunca usado até então. Conhecido como cambio deslizante fixou ou “Crawling Peg”, esse novo regime consiste em uma tentativa de manter as vantagens do sistema de cambio fixo e simultaneamente reduzir os custos, ou seja, é uma combinação do regime de flutuação cambial com um controle parcial do cambio de maneira a fazer com que o cambio real permaneça estável – a taxa fixa é desvalorizada de forma regular. Esse regime também serviu como método para amenizar a inflação.

O ultimo presidente democraticamente eleito antes da ditadura, Salvador Allende, era representante da Unidade Popular. Seu governo pretendia "construir uma sociedade socialista em liberdade, pluralismo e democracia" além de levar a diante o processo de nacionalização da economia. Segundo ao autor e professor da Universidade de Stanford Francisco Rojas Aravena, “A idéia-força baseava-se na existência de um destino comum que clamava pela mudança revolucionária da sociedade, no sentido de mudar as estruturas fundamentais. O objetivo central consistia em assegurar a independência econômica. Para isso, reafirmavam-se o nacionalismo latino-americano e a solidariedade regional como formas de expressão anti-imperialista.” [1] O presidente acreditava que reformas sócio econômicas graduais poderiam tornar as massas trabalhadoras mais fortes e enfraquecer o domínio econômico e imperialista, assim, ações como a reforma agrária e o aumento do nível de vida dos trabalhadores possibilitariam alcançar sua desejada sociedade socialista. Ao concretizar algumas de suas medidas acaba por virar um governo mais radical do que os de esquerda.

Em 1971 diversas empresas norte-americanas no Chile foram nacionalizadas sem indenização. Segundo aos defensores da medida e membros do partido no poder, a riqueza natural é propriedade do Estado (e não do proprietário como dizem os governos de outros países), que vai produzir uma renda que não decorre de trabalho prévio. Além disso, o governo justificava as estatizações ao dizer que essas empresas agiam de má fé com o Chile ao pagarem pouco e se orientarem pela vontade do cliente, ou seja, contra a vontade do país. O cobre também foi estatizado, mas não se tornou um monopólio, a ideia do presidente era que a empresa de cobre funcionasse como uma fonte de renda para o Estado, autônoma aos problemas do país para que em épocas de crise, quando naturalmente há uma queda da arrecadação, a estatal se mantivesse.

O período dos anos 70 foi marcado por uma radicalização política nunca antes vista, provocando grande euforia. O Chile começa a passar por um período de crise política e econômica e em 11 de setembro de 1973, um golpe de estado leva ao poder e da inicio a ditadura do General Augusto Pinochet, marcando também o inicio da crise política. Nos dois primeiros anos da ditadura não se sabia o que fazer em relação à economia, mas o governo Pinochet estava envolvido por fortes pilares ideológicos, resumindo-se em um projeto anticomunista. Sendo assim o governo promoveu alterações nos planos de Allende, como por exemplo, privatizar as empresas que haviam sido estatizadas por ele, fazer o ajuste monetário do balanço de pagamento através da fixação da taxa de cambio gerando uma ancora de preços, liberalização das importações e das contas de capitais. As políticas econômicas aplicadas por Pinochet visavam diminuir a inflação, manter o câmbio fixo e desmanchar as indústrias. Para que essas políticas se concretizassem era necessária a entrada de grandes quantidades de dólares na economia através das exportações, esperando inicialmente

...

Baixar como  txt (52.8 Kb)   pdf (107.9 Kb)   docx (35.7 Kb)  
Continuar por mais 32 páginas »
Disponível apenas no Essays.club