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A pratica da ciencia

Por:   •  18/12/2017  •  3.301 Palavras (14 Páginas)  •  326 Visualizações

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Todavia, e este é o ponto que queremos enfatizar. Nas discussões doutrinarias e na especulação sobre resultados contingentes a essa ou aquela opção uma opinião bastante semelhante a nossa é mantida por Robert L. Abel.

Ainda hoje, quando o prestigio da ciência atingiu sua altura máxima, a maior parte dos problemas do mundo esta sendo resolvida e grande parte d progresso esta sendo obtida por métodos que envolvam experiência, a razão, o diálogo e o consenso [...] A alternativa para a pesquisa científica baseada não e apenas tradicionalismo, misticismo ou especulação: há também empirismo (isto é, experiência), discussão e decisões apoiadas na razão.

“Some limitations of basic research in education”. In: Phi Delta Kappa, out 1967, p. 83.

Se estivermos propondo rigor no pensar e no falar, se insistimos uma logica escorreita, poderíamos então perguntar como prepararíamos a sociedade para alcançar esses objetivos. Karl Pearson, cientista destacado e um dos dois estatísticos mais importantes do século XX, defendia ideias semelhantes. Segundo ele:

A classificação dos fatos, o reconhecimento de sua sequencia e sua importância relativa é função da ciência. O habito de formar um julgamento a partir desses fatos, não se deixando influenciar por sentimentos pessoais, é a característica do que pode ser denominada a mentalidade cientifica. O método científico para examinar fatos não e peculiar a uma categoria de fenômenos e a uma classe profissional; é aplicável aos problemas físicos tanto quanto aos sociais. Devemos cuidadosamente nos precaver contra a suposição de que a mentalidade cientifica é peculiar ao cientista profissional.

A percepção do método e o habito da investigação desapaixonada, que resulta do conhecimento da classificação cientifica ainda que de uma pequena gama de fatos naturais, oferece à mente um inestimável poder para lidar com outras classes de fatos quando a ocasião aparecer.

A mente treinada no método cientifica é menos suscetível de ser levada pelo mero apelo das paixões ou pela excitação emocional cega. Acima de tudo, portanto, enfatizaria o lado educacional da ciência moderna e resumiria talvez minha posição nas seguintes palavras; a ciência moderna, ao treinar a mente para uma analise parcial dos fatos, é uma educação especialmente adaptada para promover um sólido espirito de cidadania.

“A ciência só lida com a realidade empiricamente observável”

A ciência é uma tentativa de descrever, interpretar e generalizar uma realidade observada.

“Pretendendo-se que a ciencia nos diga alguma coisa acerca do mundo ou que tenha interesse pratico, ela deve conter, em algum ponto, elementos empíricos. Com efeito, é somente pela experiência que se colhe informação a respeito do mundo”.

Abraham Kaplan, A conduta da pesquisa, são Paulo: herder/Edusp, 1969, p.37.

Com essa ressalva inicial, ficam excluídas muitas indagações legitimas que ano podem ser considerada ciência. Fica de fora a teologia, a metafisica, a ética e os contos de fada.

Outro ponto importante é que o pesquisador não é um mero colecionador de fatos ou eventos. Mas ainda, não é necessário que se envolva direta ou pessoalmente na coleta ou na observação dos dados. Com efeito, o trabalho do cientista pode substituir durante longos períodos sem a confirmação factual.

A arquitetura do pensamento econômico pode ser simples, complexa, gongórica ou despojada. Mas, em ultima analise, ela sobrevive ou perece pela sua melhor ou pior capacidade para descrever um mundo empiricamente observável.

Keynes preconizava um aumento dos gastos governamentais para combater a crise econômica desencadeada com a quebra das bolsas em 1929. Era uma teoria não testada e ridicularizada por muitos do meio. Contudo, o New Deal nos Estados Unidos e o aumento vertiginoso dos gastos governamentais com a segunda guerra mundial extirparam a depressão, dando credibilidade às teorias de Keynes.

Buscamos encontrar nos fatos e nos eventos alguma ordem, algum nexo interno que possa dar lugar a uma construção logica, dando a ele sentido. Admitimos que lidamos sempre com áreas em que, pelo menos conceitualmente, se poderia consultar a realidade, o que estaria à ciência tentando fazer? Simplesmente entender, dar sentido a essa realidade. E essa realidade só adquire sentido quando devidamente organizada segundo nossos objetivos.

Obstinadamente buscamos ordem, buscamos recorrências, buscamos generalizações lógicas que nos permitam organizar os dados e organizar nossa visão do mundo.

Nosso objetivo último, como muitos insistem, é utilitário: estaremos sempre desafiados a mostrar que nossas elegantíssimas teorias servem para alguma coisa. Não é premente esse desafio, mas é o teste ultimo.

Por outro lado, se é livre o campo para a criação das ideias, os fatos que se estabelecem como critério para sua verificação são inamovíveis. O dado empírico impõe sobre o pesquisador uma realidade sobre a qual não cabe concordar ou discordar, mas simples e passivamente aceitar.

Como nos diz Kaplan, “a experiência é uma espécie de dado ultimo porque nos apresenta continuamente um ultimato”. O cientista inventa teorias, mas não inventa resultados. Os resultados se impõem a ele, goste ou não do que estejam dizendo. O cientista torce pelo time da sua teoria. Mas ele também é juiz e exige total imparcialidade ao contrastar a teoria com os fatos.

EDUCAÇÃO BASEADA EM EVIDENCIAS OU PALPITES

A presente seção ilustra a falta de clareza que existe na maioria das pessoas entre uma teoria e os dados que permitem verifica-las. É preciso entender que os dados não substituem uma teoria e que sem teoria não vamos a nenhuma parte. Ou temos respaldo para demonstrar que é assim ou não se pode dizer nada.

Em um ensaio publicado na revista Veja em 03 de agosto de 2005, foi mostrado algumas estatísticas sobre o desempenho de professores, sugerindo que fossem levadas a serio, pois contrariavam o senso comum. O ensaio provocou grande numero de e-mails. Alguns entenderam e louvaram a ideia de que é preciso consultar o mundo real para ver nossas teorias tem respaldo nele. Mas muitos entenderam que se tratava de uma batalha de opiniões.

A ilustração acima demonstra de forma vivida, o contraste entre a visão cientifica de buscar a evidencia no mundo real e uma percepção leiga da ciência ou do conhecimento

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