A Primazia da Essência sobre a Forma
Por: Lidieisa • 5/12/2018 • 1.185 Palavras (5 Páginas) • 329 Visualizações
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devem compreender dados como data, classificação, como o crédito ou o
débito; histórico e o valor correspondente. O uso da opção pela essência sobre a
forma não quer dizer que esteja infringindo a lei. Obviamente as questões judiciais e
legais devem ser cumpridas e observadas, mas se determinada situação ocasionar
distorção da realidade econômica, modificando as informações prestadas aos
usuários, é necessário que dê prioridade à realidade econômica de fato. Coelho Lins,
2010 afirma que "o que se infere, portanto é uma evidenciação contábil que retrate a
realidade econômica dos acontecimentos".
Muitas operações complexas podem ser desenvolvidas e utilizadas pelas
empresas, porém se tais operações forem contabilizadas exclusivamente pela sua
forma legal, as demonstrações financeiras não iriam refletir o efeito comercial dessas
operações. A rápida inovação do mercado financeiro, bem como novas estruturas de
financiamentos propiciaram a utilização de práticas contábeis que ocultam a
verdadeira natureza das operações, gerando efeitos muitas vezes benéficos à
entidade. Essas inovações trazem dúvidas quanto à natureza dos ativos e passivos,
momento do reconhecimento, mensuração e apresentação. Assim, a utilização da
essência sobre a forma é fundamental para endereçar questionamentos e resolvê-los
de forma simples e absoluta.
Exemplificando a predominância da Essência sobre a forma a segregação
entre a propriedade legal e os benefícios referentes a uso do ativo, onde ausência de
segregação entre a propriedade legal e dos riscos e benefícios relacionados ao ativo
tem sido utilizado para evitar o reconhecimento de ativos, e muitas vezes do passivo
relacionado. Quando um ativo é vendido, porém a entidade “vendedora” retém
substancialmente os riscos e benefícios inerentes à propriedade legal, o ativo deveria
continuar no balanço da “vendedora”, não sendo baixado (desconhecido). Este
princípio norteia a contabilização dos arrendamentos mercantis financeiros.
Frequentemente, para tais situações o efeito da contabilização pela essência diverge
substancialmente da contabilização pela forma legal.
Por exemplo, um ativo imobilizado é “vendido” e arrendado simultaneamente
pela entidade “vendedora” pelo restante de sua vida útil, assim, na essência a
transação é um financiamento garantido pelo ativo, não representando uma “venda”.
Assim o ativo continua reconhecido, e os recursos provenientes da venda constituem
um passivo, como se fosse um empréstimo regular.
Outro exemplo prático é quando ativos são vendidos por um preço diferente de
seu valor justo, sendo provável a existência de transações relacionadas. Uma venda
por um preço superior ao valor justo é um forte indicativo que a operação constitua
alguma forma de empréstimo que será relacionado com uma operação futura que
impactará seu pagamento. Por outro lado, uma venda a um preço inferior ao valor
justo pode ser uma maneira de diferir o lucro da venda, podendo reduzir futuramente
alguma despesa. Exemplificando, uma entidade “vende” uma máquina para uma
terceira parte inferior ao seu valor justo, a venda é “ligada” a um acordo de
arrendamento por um aluguel inferior as taxas de mercado, sendo assim uma maneira
de suavizar o lucro (profit smoothing).
CONCLUSÃO
Observa-se que com o processo de convergência das normas contábeis e a
adequação das mesmas no Brasil implicam ao profissional da contabilidade o
julgamento e a análise criteriosa das operações realizadas pelas empresas, buscando
a prevalência da essência econômica das transações sobre a sua natureza jurídica.
Deve-se classificar as operações de acordo com documentos legais e reais, porém
essa legalidade contábil, prevista em lei, nem sempre é consistente com a natureza
dessas operações.
A escolha pela valorização da essência de cada operação, da natureza
contábil, não significa infringir a lei. As transações devem ser analisadas do ponto de
vista jurídico e legal, porém quando estas ocasionarem distorções da realidade
econômica e por consequência modificar as informações prestadas aos usuários das
demonstrações contábeis, é necessário priorizar à realidade econômica do
acontecido, ou seja, deve-se sempre optar em demonstrar a realidade da entidade,
pois esta característica contábil é de extrema relevância no processo de tomada de
decisão dos usuários internos e externos.
Esta qualidade é necessária para a classificação das operações da entidade,
portando é fundamental que os profissionais contábeis sejam conscientes,
mantenham
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