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Resenha critica consciência negra

Por:   •  25/12/2017  •  9.702 Palavras (39 Páginas)  •  412 Visualizações

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Sarney estava longe de ser o candidato dos sonhos dos brasileiros e poderia ter passado despercebido ao longo dos quatro anos de mandato, não tivesse Tancredo morrido sem chegar a assumir a Presidência. Ao deixar o governo, em 15 de março de 1990, porém, Sarney entrara para a história como presidente da democratização, o homem que havia legado ao país uma nova Constituição e provocado imensa mobilização nacional em torno de um pacote econômico, o Plano Cruzado. Graças às astuciosas manobras na Constituinte, Sarney também prolongara seu mandato em um ano, permanecendo cinco na chefia da nação (BRUNO, 2003, p. 403).

O presidente José Sarney governou até 1990 e seu mandato esteve marcado por várias turbulências políticas e econômicas, uma vez que teve que enfrentar a crescente inflação e inúmeras greves que se propagaram por todo o país. O novo presidente procurou desenvolver uma política de contenção, ou seja, uma tentativa de conter a inflação que, no ano 1989, chegou a atingir o índice anual superior a 1.000%. Com o objetivo de enfrentar a crise, o Ministro da Fazenda Dilson Funaro organizou um plano econômico para atacar a inflação: o Plano Cruzado que, criado em 28 de fevereiro de 1986, chegou a reduzir a inflação a praticamente zero nos primeiros dias de sua aplicação. Esse plano teve uma aceitação quase geral, já que poucos questionaram as medidas antiinflacionárias mediante o congelamento de preços. A população era responsável por fiscalizar os preços dos produtos. Havia um contexto internacional favorável: a cotação do petróleo estava em queda, o dólar desvalorizado e os juros diminu- íam diariamente. O entusiasmo ainda se acrescentava por conta de que no plano estava embutido o aumento salarial para os trabalhadores, situação que incentivou o consumo interno de diversos produtos industrializados. Mas esse sucesso só durou até o mês de julho do ano 1986. Rapidamente a economia voltava a deteriorar-se de tal forma que, em 21 de novembro de 1986, foi lançado o Plano Cruzado II com o intuito de controlar o déficit fiscal e aumentar a receita tributária que propunha medidas de liberação de preços dos produtos e serviços, reajuste de aluguéis, aumento de impostos a bebidas e cigarros, aumento de tarifas públicas, entre outras (SKIDMORE, 1998). Essas medidas acabaram afetando o consumo interno, a popula- ção teve que enfrentar inúmeros aumentos de preços – gasolina, telefones, bebidas, carros, cigarros, etc. – que muitas vezes aconteciam num mesmo dia. Dado ao fracasso do Plano, o Governo enfrentou várias manifestações e protestos populares. Durante o ano 1987, continuaram os problemas e o descontentamento da sociedade brasileira perante a política econômica e social implementada por Sarney. Nesse mesmo ano, houve em Brasília uma mobilização que terminou em saques, depredações e incêndios. O governo enfrentava também desajustes na balança de pagamentos, a taxa de câmbio estava supervalorizada, facilitando a entrada de produtos importados, porém isso afetava as exportações, porque os produtos brasileiros estavam a preços muito altos no contexto do comércio internacional. Com efeito, no referido ano, devido à queda de reservas cambiais, foram suspensos os pagamentos dos serviços da dívida externa aos bancos privados, declarando-se uma moratória unilateral de fato. Perante a alta dos preços, o governo não teve mais condições de continuar com o controle de preços, porém se manteve um certo controle sobre os salários, com o objetivo de reduzir a demanda interna, dada a alta inflacionária que ainda o país mantinha. Perante a situação de imobilidade total do governo e o agravamento da escassez de produtos e a crise de pagamento da dívida externa, em junho de 1986, foi implementado um ajuste ao Plano Cruzado, mesmo antes do segundo Plano, que foi conhecido como

Cruzadinho, um pacote fiscal que se caracterizou pela criação de um sistema de empréstimos compulsórios para adquirir gasolina e automóveis e impostos não-restituíveis pela compra de moedas estrangeiras e passagens aéreas internacionais, com o intuito de congelar os preços e aquecer a demanda interna. Com isso, em 1987, o Plano Cruzado II era um total fracasso, uma vez que, após cinco meses de haver entrado em vigor, foi substituído o ministro da Fazenda Dilson Funaro por Carlos Bresser Pereira que, em junho de 1987, institui novo plano econômico conhecido como Plano Bresser cujo foco era o controle cambial e tarifário, mediante o congelamento de preços, salários e aluguéis. O último plano do período se chamou Plano Verão, que começou a vigorar a partir de janeiro de 1989, também tinha por objetivo congelar preços por tempo indeterminado e por intermé- dio dele se fixou uma cotação da moeda nacional, estabeleceu-se uma taxa de câmbio fixa, porém não foram definidas regras para reajustar os salários. Previa um ajuste fiscal com metas de redução de despesas públicas, extinção de ministérios, privatizações, demissões de funcionários públicos para equilibrar os cofres públicos. O plano não conseguiu deter a inflação e o governo manteve altas taxas de juros. Como o plano não foi bem sucedido, o governo teve que criar mecanismos de reindexação da economia, e criou os Bônus do Tesouro Nacional, continuando assim a estagnação da economia Brasileira. Viera e Farias (2007) analisam esse período da seguinte forma: A expressão Nova República, utilizada como referencia à proposta de governo de Aliança Democrática, é incorporada por José Sarney para designar sua própria administração. Esta é caracterizada por instabilidade na economia e efervescência no âmbito político. As altas taxas de inflação levam o governo a empreender várias tentativas de controle através de planos econômicos: Plano Cruzado (março/1986), Plano Cruzado II (novembro/ 1986), Plano Bresser (abril/1987) e Plano Verão (janeiro/1989). Apesar dessas iniciativas e da constante troca de ministros, a inflação não é contornada, em março de 1990 atinge 80%. Se a inflação e o arrocho salarial assustaram a população, diminuindo seu poder de compra de forma vertiginosa, no cenário político, contudo, o momento é de esperança. Entre 1985 e 1986 é revogada a legislação autoritária, sendo aprovadas as seguintes medidas: restabelecimento da eleição direta para a presidência da República; concessão do voto aos analfabetos e jovens a partir de 16 anos; extinção da censura prévia e da intervenção em sindicatos; abrandamento das exigências para o registro de novos partidos, o que viabiliza a legislação do PCB (Partido Comunista Brasileiro) e do PC do B (VIEIRA, Sofia Lerche Vieira; FARIAS, Isabel Maria Sabino de. Política educacional no Brasil: introdução histórica. Brasília: Líber livros, 2007). Em

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