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Língua Portuguesa e comunicação oficial

Por:   •  16/6/2018  •  5.447 Palavras (22 Páginas)  •  308 Visualizações

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3 Texto e discurso

Para Ingedore Koch (1997, p. 22), texto se constitui em torno de três aspectos, a saber, o estrutural, o cognitivo e o sociocultural, pois o define como “uma manifestação verbal constituída de elementos lingüísticos selecionados e ordenados pelos falantes durante a atividade verbal, de modo a permitir aos parceiros, na interação, não apenas a depreensão de conteúdos semânticos, em decorrência da ativação de processos e estratégias de ordem cognitiva, como também a interação (ou atuação) de acordo com práticas socioculturais.” Em outra definição, Koch e Travaglia (1997, p. 09) acrescentam que, enquanto unidade de sentido, ela deve preencher “uma função comunicativa reconhecível e reconhecida” e que a extensão do texto é irrelevante.

Texto é o lugar da organização e manifestação do discurso, constituindo-se um todo significativo. Discurso, por sua vez, são os efeitos de sentido provocados entre os interlocutores durante uma interação (cf. ORLANDI, 2001) ou o espaço em que emergem as significações (cf. BRANDÃO, 1998). Segundo Possenti (2011), um texto só adquire sentido porque seus interlocutores estão inseridos em formações discursivas, que podem ser semelhantes ou diversas, em função da memória discursiva, do interdiscurso, que o texto retoma e do qual é parte.

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Fonte: http://t6m2.blogspot.com.br/2013_10_01_archive.html

Com a publicidade acima, exemplificamos a maneira como texto e discurso caminham juntos. O enunciado (texto) “Cigarro mata mais do que arma de fogo” promove um discurso antitabagista mobilizado por um sujeito social (o Grupo Viva Bem Sem Fumo); este, para dar peso ao seu posicionamento ideológico, vale-se da imagem que simula uma arma constituída de um maço de cigarros, um isqueiro e cigarros já fumados como se fossem balas já disparadas. Com base nessa explanação, o que significa o enunciado na caixa de texto “Mate a vontade de fumar”?

O uso de algumas palavras também é marcado pela formação ideológica a que se vincula e que, muito provavelmente, a criou. Desencarnar é um termo usado por sujeitos de formação discursiva espírita e representa a concepção que esse grupo tem sobre “morte”. Sororidade nasce com o movimento feminista e concebe o pacto entre as mulheres que se reconhecem como irmãs, tendo, portanto, uma dimensão ética, política e prática. Homossexualismo, homossexualidade e homoafetividade são palavras relacionadas, mas de significados sociodiscursivos diferentes: a primeira foi cunhada nos fins do século XIX e estava impregnada de conotações médicas, patológicas, e apenas em 1990 a Organização Mundial de Saúde a excluiu de sua lista de distúrbios mentais (por isso, diz-se que ela caracteriza doença); a segunda surge em uma tentativa de neutralizar as práticas homossexuais e naturalizá-las, procede-se, então, à mudança do sufixo; por fim, o terceiro termo foi criado pela desembargadora e jurista Maria Berenice Dias, que defende que o afeto é o fator mais relevante na atração que uma pessoa sente pelo mesmo sexo. Segundo a Desembargadora, a homoafetividade vai além da relação sexual, é um vínculo criado pela afetividade, pelo carinho e pelo desejo de estar com o outro em uma convivência harmônica.

4 Textualidade

Conforme Koch e Travaglia (1997, p. 26), “a textualidade ou a textura é aquilo que faz de uma seqüência lingüística um texto e não um amontoado aleatório de palavras. A seqüência é percebida como texto quando aquele que recebe é capaz de percebê-la como unidade significativa global”. A textualidade consiste, portanto, na capacidade mútua que autor e leitor têm de compreender um texto como tal, atribuindo-lhe significado.

São sete os fatores abrangidos pela textualidade: dois deles (coesão e coerência) se referem à configuração linguística, aos conhecimentos linguísticos e às regras do sistema linguístico; os demais cinco (aceitabilidade, informatividade, intencionalidade, intertextualidade, situacionalidade) estão relacionados à situação comunicativa, aos conhecimentos de mundo e aos aspectos extratextuais.

Figura 1: Fatores de textualidade

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(MARCUSCHI, 2008, p. 96)

Como podemos observar no quadro acima, a base da textualização se decompõe em autor, texto e leitor, sendo o texto compreendido tanto como processo quanto como produto. Os aspectos linguísticos, estruturais e sistemáticos estão incluídos na cotextualidade; já os aspectos sócio-cognitivo-culturais são abarcados pela contextualidade, a situação em que o texto ocorre e se desenvolve.

Passemos à definição e funcionamento desses aspectos.

4.1 Intencionalidade

Conforme Antunes (2009, p. 75), a intencionalidade “refere-se à predisposição do falante para comportar-se eficientemente em sua atividade verbal, ou seja, para apenas dizer coisas que têm sentido – em passagens coerentes e coesas – e que sejam, portanto, interpretáveis.” Isso significa que não se trata apenas das intenções (objetivo ou força ilocucionária) do falante, mas também de seu interesse em cooperar para o sucesso da interação, permitindo ao outro processar os sentidos e as intenções do que é expresso. Vejamos o exemplo:

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Fonte: http://chargesprotestantes.blogspot.com/2008/02/violncia-domstica.html

As charges são textos que visam à crítica social, sobretudo, através da ironia. No exemplo acima, o chargista põe em relevo a violência doméstica, cujas principais vítimas são as mulheres (cônjuges, filhas etc.). Para tornar ainda mais eficaz seu discurso, o autor naturaliza a violência na fala da personagem feminina, como se sofrer a agressão fosse igual a alimentar-se ou se medicar (“você poderia me adiantar a surra das 8:00”), afim de seguir com a rotina. Outros elementos reforçam a intencionalidade: a personagem masculina segura uma garrafa e está sentado numa poltrona como se estivesse bêbado. Novamente, o chargista traz uma informação relevante, a saber, o alcoolismo do parceiro é uma das causas da agressividade e da violência.

4.2 Aceitabilidade

Para Antunes (2009, p. 76), a aceitabilidade é a contraparte

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