CRISE HÍDRICA: A falta de água no sistema Cantareira é um problema da estiagem ou falta de investimento e gestão por parte do governo do estado de São
Por: Hugo.bassi • 23/1/2018 • 2.602 Palavras (11 Páginas) • 528 Visualizações
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O sistema chama atenção ainda pela distância de sua estrutura em relação ao núcleo urbano ao qual ela serve e também pela extensão da sua área de drenagem, que se estende até o sul do estado de Minas Gerais.
Por volta de meados dos anos 1960, o governo paulista, preocupado com o alto crescimento demográfico da cidade de São Paulo e dos municípios vizinhos, cuja população já totalizava 4,8 milhões de habitantes, decide reforçar o abastecimento de água da Região Metropolitana de São Paulo planejando a construção de diversas represas nas nascentes da bacia hidrográfica do rio Piracicaba, iniciando assim o Sistema Cantareira.
Em 1966, iniciou-se a construção das barragens do Rio Juqueri (hoje, Paiva Castro), Cachoeira e Atibainha. Em 1976, foram iniciados os reservatórios de Jaguarí e Jacareí, acrescentando uma capacidade de 22 mil litros/segundo ao sistema.
O nível de água útil do principal reservatório do estado, o sistema Cantareira, chegou oficialmente ao nível zero dia 10/07/2014, pela primeira vez desde que foi inaugurado em 1974. Restando apenas a reserva da reserva, conhecido pelo nome técnico de volume morto, 400 milhões de metros cúbicos que ficam no fundo da represa, abaixo do nível de captação das comportas e que acumula sujeira, sedimentos e até metais pesados, o denominado volume morto, cuja qualidade é considerada boa segundo as autoridades, nunca tinha sido utilizado para abastecer a população até que em maio se tornou um recurso, e único para o momento.
Alguns especialistas concordam com o fato de que não foi apenas a falta de chuva deste verão -50% abaixo do normal e as altas temperaturas que levaram o estado de São Paulo a atual crise de abastecimento. "Nosso sistema está completamente desfasado no tempo”. O jornal El País, que é considerado global e com edições dos seus jornais em diversos países, foi um dos primeiros se não um dos únicos a tratar do assunto sobre a perspectiva da falta de investimentos no sistema Cantareira. “Há 30 anos que temos os mesmos mananciais porque nenhum governo investiu para ampliar o sistema, enquanto a cidade crescia, chegando a mais de dez milhões de pessoas”, lamenta Júlio Cesar Cerqueira, engenheiro civil e membro do Conselho de Meio Ambiente da Federação de Indústrias de São Paulo – FIESP - (Jornal El País 11/07/2014).
PROBLEMA DE PESQUISA
A escolha, crise hídrica no sistema Cantareira como tema, se deve ao fato de analisar as constantes declarações do governo do Estado de São Paulo em afirmar que a estiagem e a falta de chuvas são as responsáveis pela falta de água e crise no abastecimento das residências paulistas e consequentemente adotando politicas no fornecimento de água tratada pela SABESP, tais como: redução na pressão de água, menor vazão de escoamento para tratamento e até mesmo o controle através do racionamento como forma mais radical do abastecimento residencial.
Estas atitudes, que chegam a tramitar nos tribunais de justiça e possíveis projetos de leis para controle na distribuição, trazem à tona, o possível questionamento sobre a sociedade no geral, estar pagando um preço por uma dívida que não seja necessariamente com a natureza pelos baixos níveis e até mesmo a falta d’agua nos reservatórios do sistema Cantareira, e sim o da falta de investimentos e pouca atenção para os dados dos administradores e a área de contabilidade que detém as informações necessárias para suprir e dar conhecimento aos gestores, principalmente o “controller” (uma função eminentemente contábil, porém, com profundo conhecimento em administração da empresa) responsável pela distribuição e pelos sucessivos governos na esfera estadual e a pouca preocupação em proteger os mananciais nos últimos 30 anos, desde o ultimo grande investimento real e conclusão do maior reservatório, o sistema Cantareira, pois desde 1974 que os investimentos em relação ao sistema Cantareira têm sido apenas de manutenção e de aplicações emergenciais.
OBJETIVOS
Esta pesquisa tem como objetivo analisar, os reais motivos entre o que levou a maior parte da sociedade do município de São Paulo, a enfrentar uma crise hídrica e por consequência a diminuição da pressão nos dutos de distribuição e o racionamento de água no fornecimento residencial dos clientes atendidos pelo sistema Cantareira, e as intempéries da natureza na qual o governo paulista tem creditado esta crise.
Os objetivos principais são:
- Analisar a influência da estiagem e falta de chuvas no estado de São Paulo nos níveis de armazenamento do sistema Cantareira.
- Analisar a falta de investimentos e informações gerais da contabilidade gerencial, na infraestrutura do sistema Cantareira.
- Analisar a administração do governo paulista através da gestão e análise da área contábil através do seu “controller” na sua principal distribuidora (SABESP) no abastecimento das residências dos paulistanos e as medidas tomadas pelo governador.
METODOLOGIA
A metodologia deste trabalho baseou-se nas seguintes etapas:
- Buscar informações no histórico da construção do sistema Cantareira e os investimentos na época do projeto.
- As fases do projeto, o que foi feito desde o inicio das obras, e se os objetivos da época abrangiam a época atual sem criar alternativas.
- Buscar informações em publicações dos grandes jornais do estado de São Paulo, para saber se houve outras crises hídricas ou estiagens e falta de chuvas comparáveis com a atual.
- Saber se depois da finalização da ultima etapa do sistema Cantareira, foram investidos ou se o governo do estado realizou investimentos suficientes para enfrentar situações adversas.
- Entender se as áreas de mananciais em torno do sistema Cantareira foram preservadas e se pode ter influenciado ou não nos níveis de abastecimento.
- Procurar em reportagens de jornais de grande prestígio e reputação, as opiniões de especialistas técnicos e repórteres investigativos sobre o caso da crise hídrica.
A pesquisa focou os problemas enfrentados pela sociedade paulistana atendida pela distribuição de água do sistema Cantareira, as dificuldades em enfrentar o racionamento e a redução na pressão nos dutos em atendimento à ordem do governador por orientação do seu secretário
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