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Políticas Públicas para a Juventude

Por:   •  13/11/2017  •  2.451 Palavras (10 Páginas)  •  434 Visualizações

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Há expectativas na sociedade em relação à família, de que ela seja o esteio, ao mesmo tempo, protetora, orientadora e norteadora dos seus membros. A imagem da família é de um local de desenvolvimento da afetividade e autonomia de formação de novas gerações. Nessa visão esperada e propagada pela sociedade, a família deve dar proteção, abrir caminhos, fornecer recursos para o desenvolvimento de suas potencialidades e manter no seu seio, princípios e valores morais propostos pela sociedade. De uma certa forma a família assume uma postura disciplinadora para que seus membros tenham uma conduta satisfatória para se interagir e viver na sociedade.

Porém, as condições para que a família cumpra esse papel não são garantidas, uma vez que grande parcela da população brasileira vive em situação de pobreza e exclusão social, cenário propicio para o esfacelamento de relações familiares, violência, perda de referencia e valores estabelecidos. Os aspectos simbólicos que permeiam as reações familiares desaparecem frente a uma lógica prática de “sobrevivência”. Nas camadas mais pobres, à luta pela sobrevivência, e a organização da vida material ordena os significados das relações familiares.

Atualmente há um reconhecimento da diversidade das formas familiares existentes na nossa cultura, o que vem derrubar o modelo único de família considerado até então, como perfeito, saudável, estruturado e adequado. Podemos levantar uma discussão sobre os limites éticos no âmbito familiar diversificado existente hoje, mas não devemos considerar uma estrutura familiar superior às demais. Independente de sua estrutura, é no âmbito familiar que articulamos fragmentos do cotidiano como um projeto de vida conjunto, distinção de papéis, socialização infanto-juvenil, posicionamento em relação ao mercado de trabalho e ao consumo. Todas as relações familiares vivem esse movimento, mas como vão reagir a ele depende da característica e recursos do grupo familiar.

Os governos e as sociedades neoliberais, enfatizando o Brasil, apóiam e ajudam a efetivar as “leis” determinadas pelo interesse das relações e forças do mercado. Não há um compromisso com a promoção da justiça social.

A lógica capitalista consumista vem modificando e determinando valores éticos vivemos numa sociedade que: “A posse de bens significa status, o que gera a idéia de elevação do nível de aspiração: quanto mais se eleva o status, maior é a exigência no aumento do consumo”. (MEDEIROS,2002. p. 20)

A lógica do consumismo utiliza-se de inúmeros recursos tecnológicos e publicitários como a internet, jornal, televisão, rádio, para divulgar os produtos de maneira atrativa, aflorando o desejo no individuo. As mensagens destacam a individualidade. Muitas vezes, os jovens tornam-se reféns dessa industria de consumo, ora como produto, porque a publicidade usa a sua imagem para associar diferentes valores simbólicos- vitalidade, saúde, beleza, liberdade, alegria. E ora como consumidor, pois ele é dos potenciais alvos da indústria de consumo. Diante de tantas opções, possibilidades de ter, possuir, consumir, portanto deve satisfazer o seu desejo, mesmo que isso signifique fragilizar relações, curto prazo de vida, desvincular-se dos princípios éticos que sustentam as relações familiares e sociais. Ao mesmo tempo em que os meios de comunicação cultuam o consumo, eles estabelecem para a sociedade, que para ter acesso a bens e serviços, é preciso possuir. Assim, grande parte da população é excluída, pois ela não possui nem os mínimos sociais para a sobrevivência. Essa camada pobre é segregada, posta de lado, mas não deixa de ser instigada pela lógica consumista universal que é uma constante em todas as camadas sociais.

Um outro aspecto da sociedade contemporânea que atinge a juventude e deve ser tratado é a escola que não atualizou as formas de relação com a educação. A diminuição do analfabetismo não significou qualidade no ensino oferecido. A desqualificação no ensino e a inexistência de um aprendizado que tenha uma matriz sócio-cultural tornou a escola um lugar pouco atrativo, levando a evasão escolar.

A educação, por si só, não consegue resolver o problema da desigualdade social no Brasil. A escola não consegue vencer as dificuldades causadas pelas desvantagens sociais, vinculando os insucessos e a evasão escolar à pobreza e ao desemprego. Miguel Arroyo enfatiza a necessidade de aprendermos a ser humanos, saber o significado da cultura, de experimentar ser alguém. Posto o desafio como ensinar- aprender a ser humanos os desumanizados?

Os processos de desumanização a que são submetidos desde a infância levam à perda de horizontes, à perda da vontade de ir além dos seus limites. A vontade de ir além com um sonho que deveria ser de toda criança, jovem e adulto. Sonhos triturados e abandonados pela necessidade permanente da sobrevivência. (ARROYO, 2002. p.58).

Devemos ressaltar também, o alto índice de desemprego, segundo dados do IBGE, da pesquisa nacional por amostra de domicílios (PNAD 2001), cerca de 3,7 milhões dos jovens estão sem trabalho representando 47% do total de desempregados no Brasil. Outro dado preocupante é da pesquisa lançada recentemente no site www.projetojuventude.org.br, dia 29 de abril de 2004, “Perfil da Juventude”, uma iniciativa do Instituto Cidadania, uma ONG que desde 1991, em parceria com o Governo Federal, vem construindo propostas viáveis e consistentes para superar a enorme dívida social do país. Essa pesquisa foi realizada para o Projeto Juventude, proposta do Instituto Cidadania em parceria com o Sebrae (Serviço de Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas). Entre novembro e dezembro de 2003, foram ouvidos 3504 jovens de 15 a 24 anos. Segundo essa pesquisa, 32% dos 34 milhões de jovens brasileiros trabalharam e hoje estão desocupados, e 8% nunca trabalharam e procuram emprego. Ou seja, 40% dos jovens brasileiros estão desempregados. E, dos 36% que estão trabalhando, 64% estão na informalidade.

A violência está presente na sociedade contemporânea, principalmente nos grandes centros urbanos. E vem crescendo de maneira assustadora atingindo principalmente os jovens. Basta afirmar que o Brasil ocupa o terceiro lugar no ranking da ONU em número de jovens assassinados entre 15 a 24 anos. O Brasil perde apenas para a Colômbia e Venezuela. ( Dados do Mapa da Violência III, divulgado pela UNESCO em 2002).

A violência implica uma relação de poder que articula as dimensões estruturais e culturais, formando uma rede complexa gerando medo e insegurança. O medo instala-se no campo subjetivo - humilhação, sofrimento, insegurança, desconfiança

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