A Delinquência Juvenil
Por: YdecRupolo • 9/12/2018 • 7.390 Palavras (30 Páginas) • 304 Visualizações
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O trabalho tem duas componentes, uma teórica e uma prática, onde nos focamos na primeira parte em compreender os padrões de desviância, os fatores de risco e as consequências destes comportamentos. Numa segunda parte, abordaremos a parte prática, onde aplicamos um inquérito a turmas de 7º e 10º ano do Agrupamento de Escolas Abade de Baçal, tentando perceber, nestas transições, que grau de influência pode ter nos comportamentos dos alunos, analisando os seus comportamentos e dando relevo à sua perceção perante os comportamentos dos pais que podem influenciar (ou não) o comportamento antissocial dos filhos.
Segundo, Dickes e Hausman (1986, cit. Santos e tal., 2004, p.8 in Quintãns, 2009 p.10) a delinquência trata-se de “todos os comportamentos de quebra das condutas sociais convencionais que o indivíduo manifesta decorrentes de um processo de socialização juvenil”.
Quando falamos em género, pode afirmar-se que é uma das variáveis mais sólidas na diferença de comportamentos delinquentes (Bouças, 2014). Marques (2012) afirma que os comportamentos antissociais que mais se destacam são em pessoas do género masculino e o grupo de pares também influenciam nestes comportamentos.
Em detrimento do grupo de pares a escola tornou-se um fator que influencia o comportamento delinquente bem como a família se tornou um dos fatores que originam tais comportamentos, havendo assim uma fraca ligação entre os pais, originando uma vinculação insegura que trás á criança sentimentos negativos que se manifestam nos atos delinquentes (Cusson, 2002 in Sanches,2014).
Como consequência destes atos, e baseando-nos na Lei Tutelar Educativa (in Cunha, 2014, p.21), esta é aplicada a adolescentes que têm estes comportamentos, com medidas educativas para uma melhor educação e integração na sociedade do adolescente em questão.
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Capítulo I: Enquadramento teórico
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Padrão de desviância
Relativamente ao padrão de desviância é importante explicar o conceito de delinquência, que segundo Peres e Gonçalves (2006, in Quintãns, 2009), é um “conceito multidimensional, considerando que a sua definição resulta de um debate que se centra essencialmente na opção de uma perspetiva legal ou de uma perspetiva não legal, que pode ser psicológica, sociológica ou psicopatológica.”
Segundo, Dickes e Hausman (1986, cit. Santos e tal., 2004, p.8 in Quintãns, 2009 p.10) a delinquência trata-se de “todos os comportamentos de quebra das condutas sociais convencionais que o indivíduo manifesta decorrentes de um processo de socialização juvenil”
“Delinquir significa cometer delito ou falta em relação à sociedade, em desrespeito pelo que está legalmente instituído.” (Matos, 2005, p.57). Segundo Friendlander (1951, in Matos, 2005), os primeiros sinais podem aparecer entre os 7 e os 9 anos, a partir de pequenos atos que a criança possa ter precocemente à vontade dos outros.
Moffit (2004) e Born (2005) afirmam que existem duas carreiras, uma permanente ao longo da vida e outra limitada à adolescência. A permanente ao longo da vida começa precocemente na infância, é marcada por experiencias de insucessos escolares e também pela relação com os pares e mantem-se até à idade adulta. Estes são marcados por problemas de personalidade, hiperactividade e autocontrolo, também têm problemas na aprendizagem e vinculação insegura. (Moffit, 1993). No caso da limitada à adolescência começa por volta dos 11-12 anos de idade e acaba na fase final da adolescência, dando ao individuo oportunidades de adquirir responsabilidades afetivas e profissionais, que não serão possíveis de ganhar se este continuar na carreira de delinquência (Moffit, 2004; Born, 2005).
Na lista de comportamentos do inquérito “Internacional Research”, Junger-Tas & Terlouw e Klein (1994) apontam alguns comportamentos desviantes tais como: Faltar às aulas; Conduzir um veiculo sem carta de condução; Vários tipos de roubo (roubo por esticão, de carteiras, com violência, na escola); Consumo de álcool; Consumo e venda de drogas; Agressões.
2- Fatores de risco : Género, escola e família
2.1. Género
O género é uma das variáveis de diferenciação mais sólidas na análise dos comportamentos delinquentes, trazendo alguns padrões históricos com algum estereótipo, onde associa o sexo masculino à agressão e o feminino à vitimização. (Bouças, 2014).
No sexo masculino é onde se encontram maiores incidências de comportamentos antissociais, sendo que esta associação contém várias justificações e teorias, como a existência de algumas características, tais como o aspeto físico, problemas de aprendizagem, hiperatividade, défice de atenção. (Marques, 2012)
A influência dos pares e os níveis de testosterona na fase da adolescência podem ser uma das várias explicações para os comportamentos criminais apresentados pelos rapazes. Também a supervisão dos pais podem ser um fator explicativo da delinquência presente no sexo masculino, pois existe um maior controlo sobre o sexo feminino. As raparigas tendem a ser mais protegidas e a permanecer em casa durante mais tempo, facto este que as poderá afastar dos comportamentos delinquentes. (Marques, 2012)
Segundo o estudo de Moffit, Caspi e Silva (2001, in Marques, 2012) “os jovens do sexo masculino tendem a apresentar percentagens elevadas comparativamente ao sexo aposto em categorias de delitos como ofensas violentas, roubos e consumos de drogas ilegais e álcool.”
2.2. Escola
No que diz respeito à escola, esta “passou a ser considerada igualmente uma das principais instancias que origina o fenómeno da delinquência juvenil”, dado que é nesta que são transmitidas normas e modelos de comportamento (Matos et al., 2009; Ferreira,1997 e Thompson e Bynum, 2010, in Marques, 2012, p.24).
Quando se verifica baixo rendimento escolar, algumas dificuldades cognitivas, algumas dificuldades em adaptar-se à escola, que levam a faltas ou até mesmo ao absentismo escolar e também se verifica más relações com os outros que fazem parte do sistema escolar, como funcionários, professores e colegas, tudo isto podem ser fatores que estão na base da delinquência juvenil. (Loeber & Farrington, 2001, in Pais, 2011/2012, p.16).
Podemos então chegar a conclusão
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