OS ENCONTROS E DESENCONTROS DA PSICOPEDAGOGIA
Por: Juliana2017 • 8/11/2018 • 3.160 Palavras (13 Páginas) • 281 Visualizações
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Uma única trama de atuação e uma grande experiência: professora da Educação Infantil por dez anos. O início deste período me trouxe a certeza que se encontrava perdida em meio à indecisão, pois a proximidade com a sabedoria, com as interrogações e com as curiosidades infantis transformaram meu olhar diante do que é ser professora.
Ao ver as metáforas que as crianças eram capazes de produzir eu pensava: será que estou preparada de fato para dar aula? Tornei-me mais frágil, mais atenciosa, mais próxima desse mundo infantil que era tão distante da minha vida!
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Para muitos dos questionamentos infantis, não tinha respostas. Foi quando descobri como as crianças são sábias, como estabelecem relações, como possuem argumentações consistentes, como são libertas, espontâneas, afetivas, verdadeiras, inocentes. Essas são virtudes infantis que descobri ali, bem próxima ao olhar, aos gestos, às expressões e falas de uma infância sem pudores e sem medos.
O magistério não me ensinou a lidar com as famosas interrogações infantis, tais como: por que a luz de uma vela apaga quando coloco um copo sobre ela? Por que a lua me segue quando lia a história da Cinderela e a criança falava do seu passarinho? Quando perguntava o que era vulcão e a criança dizia que era o nome do seu cão. Também não aprendi a lidar com situações inusitadas. Não sabia como agir: falavam que era parente da girafa devido ao pescoço cumprido e fino! O que era tudo isso? Por que essas situações aconteciam? Como deveria atuar? Afinal. Qual era a concepção que acreditava? E neste período, formei-me em Pedagogia.
Mas também vi as dificuldades, principalmente com as relações... Sim relações alunos/professor, professor/alunos, pais/professores, professores/pais, pais/filhos... e foi aí que minha vocação explodiu! E quando foi implantado o Conselho Tutelar em minha cidade, pela primeira vez eu sabia o que realmente queria. Candidatei-me a Conselheira e fui eleita junto com mais três outros conselheiros.
Com o passar do tempo, deixei o magistério e fui dedicar-me exclusivamente à infância e juventude, com seus encontros e desencontros, suas diferenças e mazelas, seus prazeres e sofrimentos. Foi uma luta diária, pois como em tudo em minha vida, envolvi-me literalmente com os problemas acerca do ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente), os dissabores que uma família sofre quando um filho (a) é delinquente, ou quando o pai é violento, fazendo com que toda a família sofresse e até mesmo as drogas consumindo tantos seres que poderiam fazer de suas vidas as mais úteis e dignas possíveis.
E foi assim que em 2003, com todas as mazelas que comecei a presenciar como Conselheira vi que eu não podia me afastar da educação, do ensino, da aprendizagem; e foi aí, tendo a máxima convicção de que se o mundo tivesse que ter sucesso seria através da educação...... na escola... a grande população tem que ter a base na escola o que seria correto dentro de casa e foi quando comecei a me especializar nas áreas que conseguia poucas explicações para o insucesso da criança... Queria entender o porquê de tanta falta de interesse, dificuldade em aprender e até mesmo o desinteresse nas aulas, nos ensinamentos... E acabei chegando à conclusão não bastaria apenas “fazer a minha parte”, eu teria que me envolver mais, me entregar aos alunos.
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Sempre acreditei que para “assumir/administrar um cargo eu teria que passar pela experiência não apenas de professora, mas na supervisão, na orientação; nas empresas, nas corporações, enfim, chegar ao ser humano e conhecê-lo como um aprendiz de almas...”
E foi nesta caminhada, que cheguei à Faculdade de Administração e Informática, fazendo o Magistério Superior (nome dado ao curso na época).
E assim, envolvida no Conselho Tutelar, dando aulas em várias escolas, em 2013 decidi fazer uma especialização em Psicopedagogia.
Chegando à pós-graduação, senti uma total falta de sintonia, tanto com os colegas de sala quanto com o professor. Não conseguia entender as explanações do professor, não entendia o porquê que certas pessoas insistiam tanto em querer aprender o que não lhes cabia, mas também pensava, “não posso julgar, não estou aqui para apontar quem é merecedor ou não de um curso tão sério...”
A decisão e mãos à obra
Ao começar um curso, geralmente, conhecem-se professores que dominam vastos conhecimentos acadêmicos, científicos e profissionais referentes à sua área de atuação. Ao assistir suas aulas apreendem-se efetivamente os conteúdos ministrados. Em contrapartida, determinados professores apresentam sérias dificuldades didáticas, prejudicando o aprendizado e pior, desestimulando os alunos. Há professores que articulam os conhecimentos científicos à prática pedagógica. Porém, muitos se limitam a um ensino superficial.
Questiona-se: como o professor aprende a dar aulas? Quem é responsável pela preparação do docente para atuar no ensino, seja ele de que nível for? De acordo com o artigo 66 da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, LDBEN n.º 9.394/96 “a preparação para o exercício do magistério far-se-á em nível de pós- graduação, prioritariamente em programas de mestrado e doutorado. Parágrafo único” (BRASIL, 1996).
E foi neste contexto que me vi indagando como fazer para transformar em mim mesma e fazer a diferença no decorrer do tempo de agora em diante.
Atualmente a nova configuração da sociedade, cujo conhecimento está ancorado no acesso instantâneo às informações, exige competências que colaborem com estas expectativas. Hoje, a humanidade vive num cenário indiscutivelmente diferente e complexo. O rápido desenvolvimento do mundo do conhecimento bem como a expressividade da dicotomia entre o pensar e o fazer neste universo contemporâneo proporcionam o surgimento de um novo contexto educacional. A educação firmou-se como um instrumento imprescindível para exploração e interpretação demandadas por esse novo cenário. O acúmulo de saberes e conhecimentos adquiridos ao longo dos anos acadêmicos não são mais suficientes para a interação com este novo paradigma social e educacional. Fazem-se necessários o desenvolvimento de habilidades mobilizadoras e articuladoras dos conhecimentos construídos em sala de aula e a prática
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