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ANÁLISE DO ARTIGO - OS ESPAÇOS ESCOLARES E A CONSTITUIÇÃO DE UM PROGRAMA ANTIDISCIPLINAR

Por:   •  26/11/2018  •  2.632 Palavras (11 Páginas)  •  335 Visualizações

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(1921), os pequenos gostam de aprender e a maioria segue normalmente os cursos. Ele diz que as crianças cuja primeira escola foi Summerhill frequentam mais às aulas do que as que vieram de escolas tradicionais. Neil acredita que não existem crianças preguiçosas e sim aquelas com falta de saúde ou de interesse.

SCUOLA BARBIANA, TOSCANA, ITÁLIA, 1957

Esta escola era localizada numa pequena vila chamada Barbiana, que fica na região da Toscana, na Itália. Os filhos dos camponeses pobres da região eram constantemente reprovados e não tinham como continuar os estudos. O maior empecilho era o próprio idioma, uma vez que a maioria falava o dialeto da região que era marginalizado nas escolas. Dom Lorenzo Milani foi enviado para a paróquia de Barbiana e, ao chegar e encontrar essa realidade, decidiu fundar a Scuola Barbiana, uma escola não-seletiva e não-competitiva.

A escola funcionava todos os dias da semana, dez horas por dia, sem feriados e férias, aceitando meninas e meninos. Como a construção que abrigava a escola era pequena e antiga, a maioria das aulas era ao ar livre. Não existiam salas de aula, provas, notas nem horários rígidos. Essa experiência escolar, mesmo orientada por um religioso, fugia totalmente dos padrões disciplinadores da Igreja.

Quando os jovens entraram em contato entre si, perceberam que os seus problemas não eram individuais, mas o resultado de uma forma de organização socioeconômica. Com esse convívio, os jovens passaram a se identificar. Como as turmas eram heterogêneas – em relação a sexo e idade –, quando um aluno não entendia uma lição, os outros explicavam. Dom Lorenzo priorizava, em suas aulas, a realidade próxima dos alunos, tendo em vista a transformação social.

Após a morte de Dom Lorenzo em 1967, a escola não conseguiu se manter em funcionamento, mas a sua história e suas críticas ao sistema tradicional de educação se mantêm vivas até hoje.

ESCOLA DA PONTE, PORTO, PORTUGAL, 1976

A Escola da Ponte é uma escola pública, localizada na Vila das Aves, na cidade do Porto. Esta escola oferece educação básica para estudantes entre cinco e treze anos, com exceção para alguns alunos mais velhos caso sejam pessoas com necessidades especiais, de acordo com sua filosofia inclusiva.

Nesta escola não há séries, ciclos ou turmas. Os educandos se reúnem em grupos com interesses comuns para desenvolver projetos de pesquisa coletivos ou optam por estudos individuais. Os alunos podem pedir ajuda a um professor e este pode indicar outro com mais conhecimento sobre o assunto. Não há especialistas, mas sim professores-tutores, que auxiliam de perto um grupo de oito a onze alunos, promovendo reuniões sistemáticas, inclusive com pais e mães. Como não tem uma listagem fixa de conteúdos, os alunos fazem seu próprio plano de estudos.

Um prédio público foi remodelado para receber a escola. Ao invés de salas de aula e lugares fixos, os espaços são diferenciados: existem pavilhões para cada área de conhecimento, que são matemática e ciências, história e geografia e educação artística e tecnologias. A biblioteca está instalada numa parte externa, onde estão instalados também os seguintes instrumentos pedagógicos: a) “Caixinha dos segredos”, na qual as crianças escrevem seus problemas e desabafos, ou seja, tudo o que querem transmitir de forma privada; b) Caixinha do “eu já sei”, cujo objetivo é desenvolver a autonomia dos alunos através de um processo de auto avaliação; c) Caixinha “eu preciso de ajuda”, onde as crianças colocam suas dificuldades e os professores organizam grupos de estudo e/ou cursos para sanar as dúvidas; d) Espaço “posso ajudar”, onde as crianças se colocam à disposição umas das outras para estudarem juntas.

Então podemos ver que, mesmo fundada em 1976, a forma com que essa escola estimula os alunos segue inovadora até os dias atuais. E o fato de incitar a independência dos alunos é um dos maiores diferenciais do colégio, sendo um referencial para a educação.

ESCOLA OFICINA, CURITIBA, PARANÁ, BRASIL, 1973

A Escola Oficina foi fundada em 1973 por um grupo de famílias pertencente à Associação de Estudos Educacionais Oficina, uma sociedade sem fins lucrativos, em que os pais atuavam em várias atividades, desde a manutenção financeira da escola até as atividades extracurriculares e a confecção do material didático. A escola foi fechada em 1986.

Recebendo duras críticas por ser uma escola elitista, os fundadores respondiam chamando mais pais e mães para aderirem à associação e à escola: “[...] pretendemos que nossa proposta seja discutida, alterada, adaptada, que sirva a mais setores da sociedade. Hoje este projeto está sendo levado por um pequeno grupo; e aí se coloca um problema: por que este grupo é tão reduzido?” (BOLETIM OFICINA, 1978)

O contexto histórico de quando a Escola Oficina foi fundada era de agitação mundial: Revolução Cubana, manifestações em prol de liberdades nos EUA, barricadas de estudantes em Paris e a Primavera de Praga. Em meio a todos esses acontecimentos, começaram a surgir as bases ideológicas das escolas alternativas entre 1960 e 1970, além de iniciativas de caráter não-oficial que eram paralelas ao Estado e às escolas tradicionais. No Brasil, vivia-se a luta contra a ditadura militar e as diversas formas de repressão, motivando a criação de muitas dessas escolas, incluindo a Escola Oficina. Alguns professores da Oficina foram detidos sob a alegação de doutrinar os alunos dentro dos princípios marxistas, desenvolvendo uma visão materialista na pretensão de realizar transformações sociais.

Sobre o funcionamento da escola, aceitavam-se crianças entre três e seis anos. Praticamente todas as atividades eram em grupo e os trabalhos individuais não eram valorizados. A escola ficava numa casa alugada, simples e de madeira. As crianças ficavam fora das salas de aula, em espaços livres e com muitas brincadeiras, contato com a natureza e com os animais. Os alunos realizavam muitos trabalhos artísticos como teatro, literatura e cerâmica. No mais, muitas aulas aconteciam fora do espaço da escola e realizavam-se acampamentos com pais e professores.

A Escola Oficina foi uma das experiências de escola alternativa mais bem sucedidas no Brasil e se aproxima das outras escolas anteriormente apresentadas; porém com outra visão dos espaços voltados às crianças.

Através das ideias de Foucault (1999) e Escolano (1998), foi possível observar que as escolas tradicionais servem para garantir à sociedade

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