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A MIGRAÇÃO PARA RONDÔNIA: E CONHECIMENTOS ADQUIRIDOS NA ÁREA DA EDUCAÇÃO COM OS POVOS DA FLORESTA

Por:   •  19/12/2018  •  4.026 Palavras (17 Páginas)  •  326 Visualizações

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A história dos seringais da Amazônia inicia com a descoberta do látex que possibilitou a inserção migratória da floresta amazônica até metade do século XIX. O que chamado primeiro ciclo da borracha envolveu cerca de 500.000 Nordestinos que sonhavam com uma vida melhor e, sobretudo porque onde moravam, as possibilidades em função das secas, estavam se esgotando. (NEVES, 2015, p.6)

Segundo Francisco Cassupá o Governo Federal prometia dá terras a quem viesse para Rondônia trabalhar como soldado da borracha, para uns a promessa era de terras, melhorar sua situação econômica, enriquecer e retornar a sua terra de origem após a guerra. No caso do seu avô Estáquio foi prometido terra como pagamento pelo seu trabalho, e lhe foi dada, entretanto ele não podia se dedicar a terra uma vez que seu trabalho era árduo e fora de seu território, os soldados da borracha passavam a vida no meio da floresta. O maior desafio destes soldados era aprender a enfrentar a floresta para poder sobreviver além dos conflitos que enfrentavam entre disputa de território com indígenas. Trabalhou 38 anos na floresta e faleceu ainda em atividade de soldado em 1979. Conforme Neves, (2015, p.6):

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O cotidiano no seringal não era fácil, uma vez que os patrões seringalistas impunham um trabalho árduo no intuito de assegurar exclusivamente a extração do látex. Assim de um lado os seringalistas se preocupavam com a disponibilização de alimentos, vestuário e materiais utilizados para a atividade seringueira e de outro, o seringueiro tinha como tarefa a coleta do látex.

Ainda do rico relato sobre o passado de seu avô do processo migratório para soldado da borracha e o ganho da terra localizada em Porto Velho, no bairro Alphaville, Cassupá conta que as terras do seu falecido avô foram invadidas e há anos está em processo jurídico, onde a família aguarda indenização por parte do Município. Neves, (2015, p.16) ainda ressaltam que: “Na atualidade os povos da floresta persistem em suas lutas [...]”

O então Território Federal de Rondônia constituiu-se, a partir de 1970, em um verdadeiro laboratório dos projetos militares para a Amazônia. Entre 1970 e 1978 foram instalados sete projetos dirigidos de colonização em Rondônia, com o assentamento de 23.210 famílias de colonos. Juntamente com as famílias instaladas nos projetos do Estado Militar, veio para o estado um imenso fluxo migratório espontâneo. (SOUZA; PESSOA, 2009, p.5)

Em meio ao processo da extração da borracha na floresta amazônica, Cassupá fala: “o meu tio também cearense, esposo da tia Maria Luzia, trabalhava na linha da Madeira de Ferro Madeira Mármore, em Guajará-Mirim, no posto dos índios chamado SPI (Serviço de Proteção ao Índio) conhecida atualmente por FUNAI.”

Este meu tio, levou sua esposa juntamente com suas duas cunhadas para viverem em Guajará no posto, conforme Cassupá, o senhor José Dias, chefe do posto indígena de Guajará-Mirim quem trouxe seu pai a civilização, pois desde pequeno Cassupá recorda de histórias escutadas, e afirma que após uma briga entre os familiares de seu pai (povos indígenas), houve uma separação de povos, onde parte foi para a aldeia em Vilhena e seu avô Paterno que era o cacique dos Cassupá, junto com suas quatro esposas e seus familiares foram para a cabeceira do Rio Guaporé, lá adoeceram, os adultos pegaram doenças como malária, gripe, tuberculose e febre, levando os assim a morte.

As crianças foram apresentadas e entregues ao posto indígena (FUNAI), dentre estas crianças estava o Basílio Cassupá que cresceu e apadrinhado pelo chefe do posto da FUNAI casou-se com Maria Lourdes mãe do Francisco, e desta união tiveram quatros filhos. Segundo Cassupá a sua mãe tinha apenas 16 anos e seu pai 17, para casar foi preciso aumentar as datas de nascimento de ambos.

O encontro entre indígenas e não indígenas em Rondônia, ocorreram principalmente por ocasião dos chamados ciclos de desenvolvimento econômicos ou a produção dos chamados grandes empreendimentos: a instalação da estação telegráfica, os ciclos da borracha, a construção da BR 364, a descoberta de diamante em Ji-Paraná, a colonização particular e a desenvolvida pelo poder público através do INCRA, dentre outros eventos. (NEVES, 2015, p.4).

Hoje Cassupá ainda tem contatos com os familiares indígenas paterno, mas relata que, em Porto Velho encontram se apenas os tios Manelito e Alonso Cassupá e duas tias, segundo Francisco Cassupá esses parentes indígenas falam bem o português porém é preciso prestar atenção para compreender. Já os parentes indígenas mais antigos que vivem em Vilhena faleceram todos e só tem uma tia chamada Maria, ele tem fotos, mas não tem contato, os parentes mais novos, hoje são estudantes e outros já formados em direito e técnico de informática e já não querem morar em aldeias.

O Basílio Cassupá pai do Francisco Cassupá, logo que casou foi trabalhar na FUNAI no posto de Ribeirão, mesmo sendo indígena foi trabalhar neste posto, Francisco Cassupá recorda que não passaram a infância na aldeia nem conviveram com os familiares do pai, e que em 1968 seu pai veio a óbito e a família sepultou o mesmo em Guajará-Mirim e no mesmo ano mudaram para Porto velho, onde nunca mais voltou em Guajará-Mirim para visitar parentes, apenas passou pela cidade para buscar a certidão de óbito do pai, enfatiza que no local onde viveram e seu pai trabalhou já não existe mais o posto da FUNAI, só mata e alguns indígenas que vivem por lá, brinca ao dizer que os indígenas que lá vivem não andam pelados e sim vestidos. Deste modo, a ocupação na região amazônica “[…] foi sinônima de expropriação e de violência. No território rondoniense, durante a década de 1970, mais concretamente, este processo exterminou diversos grupos indígenas, desterritorializou seringueiros, garimpeiros e posseiros.” (SOUZA; PESSOA, 2009, p.13)

Os anos passam e Francisco Cassupá conta que morando em Porto Velho possibilitou estudar no SENAI, e hoje sua profissão é mecânico. No ano de 1981, relata ele que tinha curiosidade para ter contato com os indígenas e saber como eles vivem, conhecer um pouco

da cultura de seu pai, viver uma experiência com os indígenas e então entrou na Funai neste mesmo ano para trabalhar.

Designado para trabalhar com o Presidente da FUNAI, Apoena Meirelles[5] indigenista muito respeitado em todo território rondoniense, Francisco conta um pouco de seu trabalho e das “aventuras” vivida por eles integrantes deste posto da FUNAI, recorda ele que: “não era fácil este trabalho, porém era preciso

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