Essays.club - TCC, Modelos de monografias, Trabalhos de universidades, Ensaios, Bibliografias
Pesquisar

A MATEADA ESCOLAR COMO FORMA DE MANUTENÇÃO E DISSEMINAÇÃO DA CULTURA TRADICIONAL GAÚCHA

Por:   •  19/10/2018  •  1.882 Palavras (8 Páginas)  •  444 Visualizações

Página 1 de 8

...

Bom, essa era a história contada nos livros didáticos e bancos escolares na década de 80, quando eu cursei o ensino fundamental, e desconfio, até hoje em algumas escolas. No entanto hoje se sabe outra versão da história, historiadores e estudiosos do tema descortinam fatos que décadas atrás não eram de conhecimento público. De acordo com o pesquisaram mais a fundo documentos da época e o outro lado da revolução começou a vir a tona: Foi uma revolução da elite para continuar mantendo seu padrão de elite; não era um objetivo inicial nem fundar a república e nem a separação do Rio Grande do Sul do Brasil; a constituinte, que não foi concluída, não previa a libertação dos escravos e nem direitos maiores aos índios, mulheres e pobres; foi uma revolução dura e sangrenta, com degolas, saques, estupros e outras atitudes nada valorosas ou gloriosas; o acordo que pôs fim a revolução só foi vantajoso aos grandes fazendeiros, o império perdoou a “insubordinação” dos revoltosos após o pagamento de polpudas indenizações e a captura covarde dos escravos que haviam sido libertos para lutar como homens livres, uma vez que, homens negros com alto treinamento militar ofereciam um grande risco a ordem nacional vigente.que receberam altas quantias em dinheiro, terras e honrarias; os negros, os que sobraram após conchavos e traições, foram entregues ao império e tiveram fins diversos, desde a continuação no trabalho escravo a incorporação no corpo da marinha imperial (MACHADO, 2010).

Pois bem, mas e aí? Então sempre existiu o orgulho dos feitos farroupilhas? Nem sempre, na história do nosso país somos marcados por avanços, retrocessos e “histórias embaixo do tapete”, pois bem, de acordo com o pesquisador e folclorista Paixão Côrtes (HOFMEISTER, 2014), ao ir morar em Porto Alegre em 1947, pós Estado Novo, deparou-se com um cenário em que era proibido usar bombacha, alpargata, tomar chimarrão... a pessoa poderia até ser presa! Contudo, as “modas” vindas dos Estados Unidos ou Europa eram perfeitamente aceitas e disseminadas. Mas onde ficavam as memórias e costumes desse povo? Pensando nesse sentimento um grupo de rapazes do colégio Júlio de Castilhos desfilou a cavalo pela Avenida João Pessoa em 1947, nascia ali o movimento tradicionalista gaúcho.

Por muito tempo essa revolução figurou como uma mancha na história gaúcha, ser gaúcho, para o restante do país, era sinônimo de um ser grosseiro e insubordinado do campo, era esse o estigma que acompanhou os insubordinados. Mas como essa data passou a ser reverenciada? Pois bem, em torno de 1930, um grupo de estudantes universitários, entre eles Paixão Côrtes e Barbosa Lessa, decidiram fazer um trabalho de resgate da antiga cultura gaúcha, ao perceberem que os gaúchos jovens envergonhavam-se da sua origem do campo, dos trajes tradicionais, dos costumes... na época era raro ver alguém usando algum elemento do traje típico do gaúcho na rua, a tradicional pilcha. Para tanto muniram-se de um gravador portátil e saíram pelo interior do Estado, entrevistando pessoas de mais idade, das mais diversas origens, colhendo relatos sobre as danças e músicas antigas, costumes, valores e afins. De posse desse material iniciaram um trabalho de resgate desses costumes, que culminou com a criação do primeiro Centro de Tradições Gaúchas do Estado. Coube a esses rapazes a “invenção” do gaúcho, que, controversos ou não, chegaram até nossos dias, expandindo os CTGs pelo Brasil inteiro e mundo afora

no dia 20 é comemorado o Dia do Gaúcho, nessa ocasião ocorrem cavalgadas, acampamentos, tertúlias, bailes, jantares e desfiles em todos os recantos do Estado. Os CTGs (centros de tradições gaúchas) ficam lotados para celebrar a data, nesse contexto, as escolas costumam realizar atividades que cultivam a cultura gaúcha, para Morin (2003) cultura, entre outras definições, é o capital adquirido de saberes, fazeres, crenças e mitos transmitidos de geração em geração.

Nas famílias do sul é muito comum as crianças ganharem de seus avós ou padrinhos uma cuia e uma bomba de chimarrão em miniatura, essa é uma das formas em que a criança é inserida na cultura gaúcha, para Morin (2003) cultura, entre outras definições, é o capital adquirido de saberes, fazeres, crenças e mitos transmitidos de geração em geração.

Pois bem, depois dessa breve incursão pela história e costumes gaúchos chegamos a escola, que tem essa missão controversa de cultivar tradições, mas ao mesmo tempo, expor às crianças todos os lados e vertentes da história. A postura adotada na escola em que trabalho é a de que precisamos conhecer a história, mas nos apropriar e cultivar nossas raízes e costumes, sejam eles indígenas (como o chimarrão), africanos ou europeus. Por ser uma escola que abrange os primeiros anos do Ensino Fundamental acreditamos ser papel da escola apresentar o máximo de referencial possível as crianças, quando tiverem idade e maturidade suficiente para suas escolhas poderão aprofundar-se e escolher a postura a adotarem

? Geralmente é a culminância das atividades realizadas durante esse mês, nessa ocasião a escola recebe os alunos e a comunidade escolar com exposições, apresentações de danças, declamação de poesias, encenações, brincadeiras e gastronomia típica – como as aguardadas “tortas fritas”, que são uma iguaria típica da nossa fronteira com o Uruguai – usualmente as crianças e professoras vestem-se com trajes tradicionais e levam seu chimarrão para compartilhar. Até pouco tempo eu observava esse movimento como apenas mais uma atividade escolar, no entanto, ao continuar meus estudos, pude constatar o quanto a mateada é significativa. Acredito que ver os elementos que fazem parte da cultura diária de cada um, como o simples ato de preparar um mate ou ouvir uma música tradicional gaúcha, tomarem a dimensão de conteúdo escolar, promova

Durante o mês de setembro a escola mergulha no estudo dos hábitos e costumes gaúchos, cada turma é incentivada a pesquisar e se aprofundar em um assunto específico, que varia desde a indumentária, passando pela culinária, a música, a poesia, a arte... O grande tema vai sendo desmembrado em temáticas menores e, quando se percebe, as temáticas menores originam novos subtemas.

A indumentária gaúcha é um ponto comumente estudado, quais as roupas que fazem parte dessa tradição, por que as roupas das mulheres são

...

Baixar como  txt (12.1 Kb)   pdf (55.5 Kb)   docx (15.8 Kb)  
Continuar por mais 7 páginas »
Disponível apenas no Essays.club