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A Interpretação Textual

Por:   •  25/10/2018  •  2.140 Palavras (9 Páginas)  •  297 Visualizações

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Com base em todos os pressupostos aqui elencados, toda palavra, seja ela qual for, não se concebe como vã, sem significado, haja vista que possui um sentido, cabendo a você, em especial, decifrá-la em toda a sua essência.

O objetivo de apresentação das fases, é a abordagem em torno do sujeito. Na primeira fase, trata da identificação do tipo de enunciado em que o sujeito apresenta de acordo com a ideologia a que pertence, pois, todo discurso estaria submetido a regras específicas. É dessa perspectiva que se parte da ideia de assujeitamento. De acordo com Possenti (1993, p. 46), “A primeira fase é a que imagina que existe um conjunto de enunciados que compõem um discurso idêntico a si mesmo e diferente de outros no sentido de que o que está contido num discurso está excluído de outro”.

A segunda fase transformação, pois não existe um discurso uniforme, apresenta uma “mistura” de enunciados. Esta segunda fase mostra, portanto, segundo Possenti (1993, p.46) “a inexistência da unidade interna dos discursos. (...) vigora a ideia de que o sujeito é uma função e ele pode ter mais de uma”. Portanto, se evidencia que o sujeito é um ser atravessado por mais de uma formação discursiva.

A terceira fase trabalha com a ideia da heterogeneidade, isto é, “termo utilizado pela Interpretação Textual para destacar que todo discurso é atravessado pelo discurso do outro ou por outros discursos” (GLOSSÁRIO DE TERMOS DO DISCURSO, 2001, p.17).

É nesta fase que se percebe a existência do conjunto harmonioso de sons. As palavras não são só nossas. Elas significam pela história e pela língua. O que é dito em outro lugar também significa nas “nossas” palavras. O sujeito diz, pensa que sabe o que diz, mas não tem acesso ou controle sobre o modo pelo qual os sentidos e constituem nele. (ORLANDI,1987, p.11)

A questão de sujeito para a Interpretação Textual mais ortodoxa mostra que ao enunciar um discurso, ele fala a partir de uma ideologia, de uma instituição da qual é apenas porta voz. Pensa ser o sujeito um ser livre quando de fato não é, pois ele não fala, é um discurso anterior que fala através dele. “Os enunciados não têm origem, são em grande parte imemoriais, e os sentidos que carregam são consequência dos discursos a que pertencem, não de ser ditos por você ou por mim” (POSSENTI, 1993, p.47).

O sujeito apesar das circunstâncias exteriores que o cerceiam estabelece para si algumas escolhas.

“A linguagem serve para comunicar e para não comunicar. As relações de linguagem são relações de sujeitos e de sentidos e seus efeitos são múltiplos e variados. Daí a definição de discurso: o discurso é efeito de sentidos entre locutores”.

A ideologia para Interpretação Textual é um elemento determinante do sentido do enunciado e é algo constitutivo da prática discursiva, o sujeito não tem consciência, mas a ideologia está presente em qualquer manifestação discursiva, permitindo sua identificação com a formação discursiva que o domina.

A formação discursiva compreende o interdiscurso que se trata de um atravessamento daquilo que já foi dito e que disponibiliza dizeres determinados em outros discursos.

O interdiscurso relaciona-se com a memória discursiva, sendo esta que constrói os sentidos, dando a impressão que o sujeito sabe do que está falando no momento de um enunciado, e se forma aí a ilusão de que ele (sujeito) é a origem do que diz. Porém, sabe-se que o sujeito apenas reproduz vozes que se produzem no interdiscurso. As ilusões não são “defeitos”, são uma necessidade para que a linguagem funcione nos sujeitos e na produção de sentido. Os sujeitos “esquecem “ que já foi dito e este não é um esquecimento voluntário para, ao se identificarem com o que dizem, se constituírem em sujeito. É assim as palavras adquirem sentido, é assim que eles se significam retomando palavras já existentes como se elas se originassem neles e é assim que sentidos e sujeitos estão sempre em movimento, significando sempre de muitas e variadas maneiras. Sempre as mesmas, mas ao mesmo tempo, sempre outras (ORLANDI, 2001, p 36).

As condições de produção de um enunciado envolvem o sujeito, a memória e a situação. Pode-se considerar as condições de produção em sentido estrito, isto é, o contexto imediato e considerá-la em sentido mais amplo, incluindo, aí, o contexto sócio histórico ideológico.

A memória tem suas características, quando pensada em relação ao discurso. E, nessa perspectiva ela é tratada como interdiscurso. Este é definido como aquilo que fala antes, em outro lugar, independentemente. Ou seja, é o que chamamos memória discursiva. (ORLANDI, 2001, p.31).

Faz-se aqui uma reflexão em torno da questão sobre a autoria, para a Interpretação Textual, pode-se considerar o sujeito como resultado da interpelação do sujeito pela ideologia, mas o autor, no entanto, é representação de unidade que se delimita na prática social como uma função específica do sujeito. O autor é o sujeito que, sabendo usar certos mecanismos discursivos representa, pela linguagem, esse papel, na posição em que se constitui, assumindo assim a responsabilidade pelo o que diz. A partir de uma leitura de Foucault, Orlandi (2003) ressalta que embora se saiba que existem discursos que não precisam de autores, eles ainda necessitam de alguém que os assuma em decorrência do processo enunciativo, tais como receitas, conversas, contratos e outros.

Entende-se que o procedimento teórico da Interpretação Textual, atualmente, vem proporcionando reflexões produtivas envolvendo as temáticas sobre leitura/ interpretação/produção de textos e propondo análises que associam o político, o linguístico, o institucional e o histórico, oferecendo propostas (instrumentos) que permitem promover avanços quanto ao estudo da língua Portuguesa em relação a prática de leitura.

O tempo age sobre a vida do homem projetando sua consciência social, que reflete os desempenhos da cultura e da sociedade de uma época”.

A Interpretação Textual procura compreender como objetos simbólicos produzem sentido não a partir de um gesto automático de codificações, mas como procedimento que desvenda a historicidade contida na linguagem, em seus mecanismos imaginários. Dessa forma o fragmentário, o disperso, o incompleto e a opacidade são de domínio da reflexão na análise do discurso.

O que importa são os discursos produzidos na linguagem, as ações que se realizam entre sujeitos situados em um contexto histórico e social, dentro de uma

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