A Recensão Crítica Como Género Textual

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A Recensão Crítica é mencionada por diversos autores como uma atividade que implica rigor por parte do Crítico já que este deve fazer uma «leitura atenta e cuidada» da obra (Ana Azevedo e Carlos Azevedo 2008: 73). O seu trabalho é fundamentado na verdade em prol do leitor para que este fique bem «informado acerca do valor geral da obra» (ibidem p. 73), tendo em conta a isenção e integridade da crítica ficando, assim, com uma «noção exata (…) do objeto de apreciação» (Recensão In Infopédia 2011).

Por outro lado, há autores que relevam uma opinião negativista da Crítica Literária, a título de exemplo Eça de Queirós (Crítica in Citador)[2] enfatiza:

«As obras de arte devem falar ‘por si mesmas’, explicar-se ‘por si mesmas’, sem terem necessidade de pôr ao lado um cicerone. Acompanhar um livro de versos de crítica ‘já feita’ é querer impor um guia à emoção do leitor. O leitor detesta isso.»

Isto mostra-nos o reverso da medalha, pois se, frequentemente é concebida como «a escola do gosto» ou «teoria da produção literária» (Macherey apud Recensão in Infopédia 2011), confrontando-a com esta concepção podem delinear-se os terrenos movediços em que se situa a Crítica, que se não tiver tido em conta a rectidão que deve investir-se poderá converter-se muito facilmente numa actividade marginal, com carácter frequentemente depreciativo.

Recensão Crítica e Artigo Científico

Salienta-se agora a extrema importância de distinguir Recensão Crítica de um texto congénere – o Artigo Científico – tendo em conta o rigor e as semelhanças que os caracterizam, tornando-se importante fazer uma distinção íntegra entre ambos.

Se por um lado, Recensão Crítica se realça «como uma atividade reflexiva, que implica observação, análise e apreciação judicativa sobre um assunto (…) [isto é], um exame crítico sobre o valor interno e interesse» (Recensão in Infopédia 2011), mostrando-se mais do que um resumo, pois parte de uma abordagem sintética mas, que, no entanto, implica uma análise e juízo (Marques apud Casanova 2008: 1), o Artigo Científico, embora com algumas semelhanças, revela um carácter implicitamente distinto. A Recensão Crítica apresenta uma metalinguagem específica, nomeadamente a nota bibliográfica no início para localização da obra e a presença ou não de um título (Madeira 2011: 8).

O Artigo Científico, de acordo com a Wikipédia[3], é também um «trabalho académico que apresenta resultados sucintos de uma pesquisa realizada», mas rege-se «de acordo com o método científico aceite por uma comunidade de pesquisadores», sendo subjugado assim a um consideração antes de ser publicado «por outros cientistas, que verificam as informações, os métodos e a precisão lógico-metodológica das conclusões ou resultados obtidos». Pode ainda ressalvar-se que, no que respeita aos elementos que compõe, aborda um «tema bastante circunscrito / restrito, e apresentado de forma descritiva no próprio título» (Madeira 2011: 13). No que respeita à metalinguagem, poderá ser formatado com «pontuação gráfica – espaços entre linhas / entre parágrafos, contrastes na mancha gráfica (negrito, itálico, tamanho da letra)» (ibidem, p. 11), o que ajuda à sua leitura e compreensão, já que se envolve numa especificidade considerável e necessita assim de elementos que auxiliam o leitor a decifrar a informação e a encadear as ideias de forma correcta.[pic 1]

Definição de Recensão

Função

Centrando-se agora nos aspectos que integram uma Recensão Crítica, dever-se-á ter em conta quatro pontos fundamentais, partindo destes para relevar uma perspectiva pessoal confrontando-a com a de alguns autores.

Tendo em conta as funções pode destacar-se um breve «juízo crítico» (Ana Azevedo e Carlos Azevedo 2008: 73), partindo da análise sintética da obra, expondo um pequeno resumo com uma apreciação do Crítico (Recensão in Infopédia 2011: 1)[4]. Pode ainda referir-se, com maior precisão, a função de uma crítica no âmbito do trabalho académico, pois, neste caso, «não contempla um juízo [marcadamente] negativo (…), mas uma análise dos conceitos retirando-os do contexto da obra e percebendo como estão inter-relacionados. Isto requer que o crítico se informe sobre o tema a abordar e seja capaz de o entender sobre diferentes perspectivas» (Writing a Critical Review in http://www.lc.unsw.edu.au/onlib/pdf/critical_review.pdf). Deste modo, e sob uma perspectiva pessoal, uma Recensão Crítica encontra a sua função - chave no caráter informativo ao próprio autor e à comunidade literária. Sendo o reflexo de uma perspectiva pessoal poderá enriquecer o leitor (confrontando-o com diferentes perspectivas), quer pela publicação, quer pela concretização da literatura em instituição.

Componentes

Destacar as componentes de uma Recensão Crítica reflete a sua importância na distinção perante outros géneros textuais semelhantes, e ajuda na análise e estruturação deste texto. Uma Recensão Crítica deve conter, regra geral no início, uma menção ou «referência bibliográfica completa (…) [conjugada com dados adicionais] que possam ser importantes para a identificação da obra e a sua posterior consulta» (Ana Azevedo e Carlos Azevedo 2008d: 73). Seguidamente, deve expor-se o conteúdo, organizando as ideias «de forma detalhada, mas sintética» (ibidem p. 73), seguindo a organização já presente no livro, expondo-se a «descrição do método seguido pelo autor, (…) seus pontos originais e as vantagens da sua utilização» (ibidem p. 73). Evidencia-se aqui a importância em demonstrar como as ideias foram concatenadas para chegar aos conteúdos. É essa interligação que o crítico tem, a maior parte das vezes de ter em conta. Em último lugar, está subjacente a avaliação crítica do método utilizado pelo autor, estruturação de ideias e conteúdos e metalinguagem, «informando [então] o leitor da existência ou não, de outras obras mais completas sobre o tema» (ibidem p.73).

Estrutura

No que respeita à estrutura que de uma Recensão Crítica, devem ser tomados em conta os aspectos que vão ajudar na análise do exemplo escolhido. Segundo o artigo Writing a Critical Review, uma Recensão Crítica deve ser composta por uma pequena introdução, que pode fazer menção ao autor, título e assunto da obra, admitindo uma breve perspectiva pessoal que servirá de mote à recensão. Apresenta, também, um resumo que, expondo as essencialidades