Resenha Casa Grande e Senzala
Por: Hugo.bassi • 7/3/2018 • 1.364 Palavras (6 Páginas) • 616 Visualizações
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O autor trás a luz as relações entre a senhora dona de engenho com a escrava, quando esta desconfiava deque o seu marido estava flertando com a negra, e movida por ciúmes muitas vezes, mandava castigar a escrava, imputando castigos, mutilações e em certos momentos mandando até matar a escrava, como nos relata o autor “Não são dois nem três, porém muitos casos de crueldade de senhoras de engenho contra escravos inermes. Sinhá-moças que mandavam arrancar os olhos de mucamas bonitas e trazê-los à presença do marido, à hora da sobremesa, dentro de compoteira de doce e boiando em sangue ainda fresco. Baronesas já de idade por ciúmes ou despeito mandavam vender mulatinhas de quinze anos a velhos libertinos” (Freire, p.337). Na culinária ouve muita contribuição da etnia negra, com pratos muito saborosos como por exemplo Vatapá, Cururu e doces que fizeram muito sucesso, trazendo até recursos financeiros para as mulheres negras, também a cozinha brasileira muito se valeu do tempero africano, principalmente na região nordestina, em especial na Bahia. Outra área importante na formação do brasileiro foi as crenças medievais trazidas pelos portugueses, que devida a miscigenação sofreram um interação com as crenças africanas, e que muito influenciou na formação da criança brasileira e na religiosidade do brasileiro, como relata o autor nas cantigas para as crianças quando não queriam dormir:
“Vai-te, Côca, vai-te, Côca,
Para cima do telhado:
Deixa dormir o menino
Um soninho descansado”.
“Olha o negro velho
Em cima do telhado.
Ele está dizendo
Quer o menino assado”.
As crenças medievais, trazidas pelos europeus também marcaram de uma forma significativa no imaginário do povo brasileiro, crendices populares que transpassaram gerações, moldando a vida da sociedade brasileira de norte a sul, e que sem dúvida ainda nos dias atuais encontramos muito presente fazendo do cotidiano e dos hábitos em nosso país. “Como em Portugal a bruxaria, a feitiçaria no Brasil, depois de dominada pelo negro, continuou a girar em torno do motivo amoroso, de interesse de geração e de fecundidade,; a proteger a vida da mulher grávida e da criança ameaçada por tantos males – febres, câimbra de sangue, mordedura de cobra, espinhela caída, mau olhado” (Freire, p. 324).
Com certeza esta obra foi um divisor de águas, causando espanto e chocando aquela sociedade, dentro de uma cultura conservadora, de princípios cristãos fechados, com dominação do senhor de engenho, que mantinha o controle da vida das pessoas, sejam elas seus parentes de sangue ou da comunidade, pois este senhor era dono de uma grande área de terra, também recebia o título de “coronel”. Freire com Casa Grande e Senzala, descortina ao mundo como era a vida e as relações entre as pessoas da casa grande e da senzala, mostrando ao mundo a realidade, com seus defeitos, seus acertos, a vida privada das pessoas, dando ênfase à miscigenação, entre brancos, negros e indígenas. Sem rodeios, com uma clareza espantosa, explicitando o cotidiano das relações entre os povos que colonizaram o Brasil, falando abertamente sobre todos os assuntos que dizem respeito á vida das pessoas, nas relações sexuais, nas relações entre senhores e escravos, nas doenças sexualmente transmissíveis, na educação das crianças, nas relações do campo religioso com a fusão de crenças medievais trazidas pelos europeus com as religiões de matriz africana e as crenças dos indígenas.
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