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Historia das mulheres

Por:   •  23/1/2018  •  4.133 Palavras (17 Páginas)  •  291 Visualizações

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Passando por alguns períodos históricos na sociedade brasileira, percebemos que durante muito tempo as mulheres estiveram sem visibilidade na historia, isto porque na sua grande maioria eram analfabetas, subordinadas juridicamente aos homens e politicamente inexistentes. Sua condição as excluía de qualquer exercício de função nas câmaras municipais, na administração eclesiástica, proibindo-as de ocupar cargos de administração que lhes garantissem reconhecimento social. Com tantas dificuldades a mulher ainda conseguiu construir um campo de atuação em diversos setores sociais, como defende a autora Mary Del Priore:

Mas insisto: isso era apenas mera aparência, pois, tanto na sua vida familiar, quanto no mundo do trabalho, as mulheres estabeleceram formas de sociabilidade e de solidariedade que funcionavam, em diversas situações, como na rede de conexões capazes de reforçar seu poder individual ou de grupo, pessoal ou comunitário. (PRIORE, 2000, p. 9).

Junto a esta autora também podemos destacar vários outros autores, como Gilberto Freyre e Caio Prado Jr., que ao estudarem com seriedade a História do Brasil, interessou-se por este grandioso tema, que mesmo anônimas e invisíveis, as mulheres despertaram tamanho interesse, fazendo parte assim, da historiografia brasileira, desde os tempos da colonização ao século XX.

Durante o período colonial uma série de fatores cristalizou-se, atribuindo à mulher uma posição especifica na sociedade que então se formava. Num contexto de cruzamento de etnias diferentes, diálogos entre visões de mundo diferentes, costumes, hábitos e crenças marcados pela alteridade, fecundaram a condição feminina que então se organizava na Terra de Santa Cruz.

Da mulher indígena herdava-se, neste momento, o espólio de tradições que ela detinha na estrutura tribal. A mulher branca contribuiu com modos de viver e morrer importados com a emigração de Portugal, modos estes, muitas vezes, também trazidos de outras terras, reelaborados na Metrópole e transladados para o Brasil. Da sociedade africana a vida colonial legaram comportamentos e mentalidades características do espaço que a mulher ocupava em seu interior. (PRIORE, 2009, p. 21).

A mulher neste período vivia sobre fortes influências e discursos moralizantes de ideais de comportamento, vindos da metrópole e de outras partes do mundo, os porta-vozes destes discursos eram os padres, representantes legais da igreja e do estado português, que transmitiam as suas ideologias em favor de seus interesses religiosos e estatais.

No século XIX, com o advento de várias transformações na sociedade brasileira, tais como a consolidação do capitalismo, uma nova vida urbana com novas alternativas de convivência social, a ascensão da burguesia e o surgimento de uma nova mentalidade, a burguesa, fez com houvesse uma reorganização na estrutura familiar e doméstica, assim também no tempo e nas atividades femininas, como também nas sensibilidades e na forma de pensar o amor. “Presenciamos ainda nesse período o nascimento de uma nova mulher nas relações da chamada família burguesa, agora marcada pela valorização da intimidade e da maternidade”. (D’INCAO, APUD, PRIORE, 1997, p. 223).

Final do século XIX começa a chegar ao Brasil uma série de modernizações, intensificando-se com a emergência da republica com ideais opostos à sociedade patrimonial que predominava até então.

A proclamação da república pode ser vista como o momento a partir do qual os novos modelos femininos passaram a ser mais reforçados. Esse período promoveu intensas transformações e remanejamentos nas elites que vinham se configurando no decorrer do século XIX. Muitas das imagens idealizadas das mulheres sofreram mudanças e intensificações por conta das transformações que se operaram com a proclamação da República. (PEDRO, APUD, PRIORI, 1997, p. 291).

Com a modernização e a industrialização no Brasil, as mulheres ganhavam novas perspectivas de trabalho e de atuação. Com a crescente incorporação das mulheres ao mercado de trabalho, estas passaram a fazer parte de amplas discussões que abrangia temas como adultério, virgindade, casamento e prostituição. “Enquanto o mundo do trabalho era representado pela metáfora do cabaré, o lar era valorizado como o ninho sagrado que abrigava a “rainha do lar” e o “reizinho da família””. (RAGO, APUD, PRIORE, 1997, p. 588). Assim a ideologia da maternidade parecia esta mais ainda revigorada pelo discurso masculino. A ideia da mãe cívica, como preparadora física, intelectual e moralmente do futuro cidadão da pátria, revigorou bastante nos anos 20 e 30 que se sucederam a instauração da república.

Ser mãe, mais do que nunca, tornou-se a principal missão da mulher num mundo em que se procurava estabelecer rígidas fronteiras entre a esfera pública, definida como essencialmente masculina, e a privada, vista como um lugar natural da esposa-mãe-dona de casa e de seus filhos. (RAGO, APUD, PRIORE, 1997, p. 591).

No entanto, com todas estas modernizações vividas no país, ainda carregamos muitas marcas do clientelismo, da política do favor e de outras formas tradicionais de relacionamento, violentas, perversas e corrosivas. Porém muitas mulheres, trabalhadoras e, especialmente, as feministas, têm lutado bastante para a afirmação de uma esfera pública democrática, pela a afirmação da questão feminina, e para assegurar a conquista dos direitos que se referem à condição da mulher.

Nos anos 50, recorte temporal de minha pesquisa, podemos identificar no Brasil um período de ascensão da classe média. “Com o fim da Segunda guerra Mundial, o pais assistiu otimista e esperançoso ao crescimento urbano e industrial que conduziram ao aumento das possibilidades educacionais e profissionais para homens e mulheres”. (BASSANEZI, APUD, PRIORE, 1997, p. 608). No entanto ainda prevalecia na sociedade um forte preconceito com relação ao trabalho das mulheres, mesmo acompanhando as tendências internacionais de modernização e emancipação feminina, também foi fortemente influenciado com a campanha pós-guerra, que pregava a voltar das mulheres que deixaram seus lares para ocupar posições masculinas durante a guerra para o lar e os valores tradicionais da sociedade. Agora “ser mãe, esposa e dona de casa era considerado o destino natural das mulheres”. (BASSANEZI, APUD, PRIORE, 1997, p. 609). Nos anos dourados a ideologia que prevalecia era da maternidade, casamento e dedicação ao lar, deixando a mulher sem história, sem possibilidades de contestações. As moças desse período eram muito próximas aos olhares observadores de seus pais, tinham gestos contidos, se preparavam

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