HISTÓRIA DO BRASIL COLÔNIA
Por: Hugo.bassi • 9/11/2018 • 4.722 Palavras (19 Páginas) • 375 Visualizações
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às quais a historiografia parece não ter atentado. Sua temporalidade, inserida no meio da Guerra dos Bárbaros (1683-1725), retrata a atuação dos soldados portugueses no fomento da guerra que aniquilou os sertões da colônia (PUNTONI, 2002), a participação das elites nos processos de expulsão dos índios e a formação das aldeias com mão de obra indígena, o que evidencia a sua presença ativa e constante na sociedade colonial. Apesar de haver muitos trabalhos respeitáveis na academia, como os de autoria de Puntoni, Taunay e Studart, eles evidenciam a participação dos índios enquanto agentes resistentes e contrários à colonização portuguesa. Entretanto, nenhum deles destaca a importância da obra de Francisco de Matos na confecção dessa historicidade. Esclareço aqui a importância desses autores na elaboração desse singelo trabalho, na catalogação de fontes e nas inúmeras questões que as obras supracitadas nos forneceram no decorrer dos nossos estudos acerca da Guerra dos Bárbaros e da formação do Brasil Colonial. Contudo, apesar de também haver artigos de tamanhos menores, mas de grande pertinência, as obras reconhecidas e muito publicadas que abarcam de uma maneira geral o conteúdo histórico aqui enfatizado, são A Guerra dos
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Bárbaros, de Pedro Puntoni, A Guerra dos Bárbaros, de Afonso Taunay, e as Notas Históricas sobre os Baiacu2 do Ceará, de Studart Filho. Como metodologia, atentamos inicialmente para a interpretação de termos da linguagem portuguesa do século XVII visando uma melhor compreensão da obra estuda. Após várias leituras e pesquisas, na qual destacamos aqui a importância do Dicionário de D. Rafael de Bluteau3, que sem ele a interpretação da carta seria praticamente impossível, iniciamos uma análise documental consistida em alguns passos de suma relevância para a contextualizarmos com o passado colonial. Quanto aos critérios de análise, ressaltamos a posição do autor diante do Estado, da sociedade e das classes sociais, a postura frente à Igreja, a religião, à cultura e qual sua compreensão sobre as etnias indígenas. Perceber a oposição do autor e os motivos que o fazem escrever são aspectos também abordados nesse trabalho como fatores metodológicos de análise. Uma pequena biografia da autoria e a localização geopolítica de todo o contexto histórico em que essa carta se insere e na qual a sua narrativa está abarcada foram outros agentes de compreensão que tentaremos abordar nesse trabalho. Já nas primeiras leituras, o levantamento de hipóteses, que foram veementemente testadas no decorrer das pesquisas, análises e estudo da bibliografia básica, deram o caráter científico ao nosso pequeno empreendimento. Essas hipóteses foram as responsáveis por gerarem as questões e as discussões que nos fizeram pesquisar cada vez mais a fim de uma melhor análise e de uma melhor construção do conhecimento histórico. É a partir do questionamento sobre qual é a participação dos índios na colonização portuguesa que se pode perceber na carta do Padre Francisco de Matos que buscamos construir, acima de tudo, um maior aprofundamento acerca da realidade indígena que permeia a Guerra dos Bárbaros no sertão da Província do Rio Grande durante os séculos XVII e XVIII, o que deu origem a esse trabalho. Por fim, agradecemos a professora Drª Maria Emília Monteiro Porto que nos incentivou a dar continuidade ao nosso trabalho, elencando questionamentos, indicando autores e apontando eventos não percebidos por nós pela nossa falta de experiência; os nossos colegas de classe, pela insistência em sadia em perseverarmos no tema, mesmo 2 Segundo JÚNIOR, 2006, os Paiacus são também chamados de Pacaju e Baiacu. 3 Disponível em <http://www.brasiliana.usp.br/handle/1918/00299210#page/516/mode/2up>. Acesso em maio de 2017.
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quando os empecilhos diários e institucionais pareceram conspirar contra o nosso desempenho; e aos funcionários da Biblioteca Central Zila Mamede, da UFRN, que tanto se empenharam em procurar livros em edições antigas e esgotadas no gigantesco acervo.
DESENVOLVIMENTO
A autoria: sua localização e seu contexto histórico
O Padre Francisco de Matos, Provincial, foi diretor da Província do Brasil da Companhia de Jesus entre os anos de 1697 a 1702 teve relativa proximidade com outros jesuítas de destaque político e intelectual como o Padre Antônio Vieira, ao qual lhe deu apoio ao projeto de estabelecer estudos no Maranhão, em 1679. No Brasil em 1693, foi reitor do Colégio do Rio de Janeiro, duas vezes provincial e reitor do Collegio do Salvador da Baía e foi ocupando esse cargo que se deu a Guerra dos Bárbaros. Veio a falecer em 1720 numa localidade desconhecida pelas nossas pesquisas4. Na carta, dois elementos nos chamam a atenção quanto à localização do autor: no cabeçalho, o remetente indica o local e a data de onde é escrita, “Baía”, “4 de agosto de 1701”; o outro elemento está situado numa frase do último parágrafo “[...] como desde o Colégio da Baía até a sua residência há mais de 300 léguas [...]", o que, por entendimento nosso, a autoria está situada no Colégio da Baía. Com relação ao destinatário, poderá se encontrar uma breve discussão no fim deste trabalho. Capital do Brasil Colonial, a Cidade do Salvador, centro político e econômico da principal colônia portuguesa, abrigava o maior centro de ensino dos limites coloniais do Reino de Portugal, o Collegio do Salvador da Baía, fundado pelo padre Manoel da Nóbrega, em 1553. Com seus estudos públicos e gratuitos, o caráter humanístico do ensino atendia aos interesses da Igreja Católica e dos colonizadores portugueses. Em seu curso elementar, ensinava-se a ler, escrever, contar e conceitos básicos da religião Católica. No curso secundário, os jesuítas enfocavam o ensino de Letras e Filosofia, sendo o primeiro os estudos de Gramática Latina, Humanidades e Retórica.
4 Texto sem referência documental, disponibilizado pela professora Drª Maria Emília
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No segundo, estudava-se Lógica, Metafísica, Moral, Matemática e Ciências Físicas e Naturais. A formação sacerdotal também fazia parte, sendo ministrados os curso de Teologia e Ciências Sagradas. Ainda em 1573, o Collegio graduou também os primeiros bacharéis em Artes do Brasil. E em 1578, concedeu os primeiros graus de mestre em Artes, sendo considerado, não oficialmente, o primeiro curso de nível superior do Brasil. E, mesmo sem aprovação oficial de Portugal, no século 17, os jesuítas
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