Guerra do Contestado/ Análise do filme A guerra dos pelados

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Não há como falar da versão para o cinema sem mencionar a jovem Ana e explorar um pouco a sua história no decorrer do filme. A moça tem o dom de se comunicar com o monge desencarnado e ajudar os sertanejos em suas lutas pela sobrevivência, Ana, só é vista como santa e pura por conta de sua virgindade intacta. A partir do momento em que ela a perde, acaba perdendo a consideração e o respeito dos beatos, inclusive a do seu pai, essa ligação entre santidade e virgindade era e talvez ainda esteja bem atrelada no imaginário popular. São vários os aspectos em que podemos observar a santidade de Ana, ela mesma acredita ser possuidora do dom de profetizar, e da mesma forma, quando se entrega aos desejos carnais passa a acreditar que destrói sua santidade e seu poder de profetizar acaba fraquejando.

O que é possível notar é que essa pequena história não teve muita atenção nem sequer no próprio país, pois, eu mesma assumo nunca ter ouvido falar nesta até então. Talvez, por ser uma história revoltante e impactante, pela miséria e a violência na qual estão inseridas, acabam sendo esquecidas propositalmente no intuito de não se mostrar a podridão do passado causado pelo descaso do governo, e até da formação de alianças entre os governantes e os coronéis, grandes proprietários de terra. Por mais que se tente enxergar de outra forma, sob meu olhar será sempre a maioria finalmente entendendo que a minoria não podia ser a única detentora de bens em exagero. A obra tem o poder de abrir nossos olhos para o que aconteceu e ainda acontece em algumas regiões brasileiras, a cultura coronelista sendo posta em prática e recebendo proteção dos governantes, o que é muito bem enfatizado no filme.

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