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Casa Grande e Senzala (Roberto Ventura)

Por:   •  13/4/2018  •  1.213 Palavras (5 Páginas)  •  493 Visualizações

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Freyre substituía o evolucionismo biológico de Oliveira Viana por um evolucionismo culturalista, em que a raça era enfocada em termos psicológicos enquanto predisposição psicológica, capaz de atuar no processo de mestiçagem. Celebrava o cruzamento de raças e culturas, até então condenado pelos racistas e poligenistas, e destacava as contribuições dos negros e árabes para a cultura brasileira, subvertendo a hierarquia racial e desafiando a pretensa superioridade dos brancos.

Apresentou a provocativa tese de que os escravos africanos, sobretudo os maometanos, atuaram como fator civilizatório, ao trazer hábitos de higiene e alimentação que influenciaram os nem tão castiços senhores portugueses. A profunda influência dos africanos no Brasil chegou até mesmo ao nível da fala, modificada e amolecida pelos escravos, que deslocaram a colocação dos pronomes para antes do verbo, dando um novo ritmo e musicalidade à língua portuguesa. O sociólogo procurou incorporar à escrita de Casa-Grande & Senzala tal fluência da fala brasileira, rompendo com a pretensa erudição dos ensaístas que o antecederam.

Oswald de Andrade ironizou no poema “Pronominais”, de Pau Brasil (1925), a divergência entre a norma e o uso da língua, resultante da atuação dos africanos, que geraram não apenas uma sociedade original, mas também um idioma próprio:

Dê-me um cigarro

Diz a gramática

Do professor e do aluno

E do mulato sabido

Mas o bom negro e o bom branco

Da Nação Brasileira

Dizem todos os dias

Deixa disso camarada

Me dá um cigarro.

Freyre teve uma visão peculiar em relação ao escravo negro, que o faz valorizar a cultura negra. A “sombra do negro” paira sobre a vida do brasileiro, que traz sempre na alma, quando não no corpo, a presença do negro. Atribui, em certos momentos, a superioridade cultural do negro sobre os indígenas e até sobre os portugueses ao regime alimentar mais rico e equilibrado: “Uma vez no Brasil, os negros tornaram-se, em certo sentido, verdadeiros donos da terra: dominaram a cozinha. (Ler página 50)

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