Análise do filme Zumbi dos Palmares
Por: Lidieisa • 20/2/2018 • 2.446 Palavras (10 Páginas) • 350 Visualizações
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No caminho para Palmares, a expedição é surpreendida com um ataque dos negros do Quilombo, liderados por Ganga Zumba. O mesmo diz que quer seu afilhado, filho de Gongoba, de volta para Palmares e que um dia ele retornará. Em uma vila, um negro está abeira da morte e um padre reza em latim, porém o negro, dito pelo padre como um cristão, não aceita o latim na reza em seu leito de morte, demonstrando que jamais se esqueceu de suas origens. As notícias de Palmares se espalham na região, fazendo com que os escravos das redondezas comecem a vislumbrar uma possível fulga, como ocorreu com Francisco, que mais tarde renega o cristianismo e foge para Palmares. Ao chegar a Palmares, Ganga Zumba reconhece Francisco como seu afilhado, que retorna ao Quilombo. Na cena em que o povo de Palmares está em festa, povos indígenas visitam o Quilombo para falar com Ganga Zumba, seu líder diz que a tribo está à procura da “Terra sem Males”, isso demonstra um contato dos povos africanos com os povos indígenas, que possuem uma cultura muito próxima e ambos lutam por propósitos parecidos. Mesmo que os indígenas não possam ser mais escravizados, em muitos casos a lei não é respeitada e além disso muitas tribos não aceitaram o cristianismo, fazendo com que alguns colonos escravizassem tais indígenas por heresia. Os indígenas constantemente entravam em conflito territorial com os colonos e lutavam por sua liberdade.
Quando o afilhado de Ganga Zumba chega ao Quilombo, ocorre uma cena muito interessante de se observar. Muitos dos moradores que lá estão, fazem comércio de vários produtos, o escambo é a principal forma de comercialização, pois ali não existe uma moeda. Tribos indígenas estão por lá também, em momentos festivos, de socialização e comercio. Em um determinado momento, ocorre uma desavença entre um homem com duas mulheres, ele alega que elas queriam roubar seus milhos, porém Ganga Zumba intervém e diz que “...O que é do mundo, é do mundo. E como a terra não é de ninguém, o que se tira dela é de todos.”, ou seja, ele diz que no Quilombo, o que se produz é de todos e não de cada um, que é uma comunidade em que todos tem seus direitos iguais.
Mais tarde, o capitão Fernão Carrilho negocia a paz em troca do que foi pilhado com os saques, ele diz que os Senhores de Engenho pagaria ele para invadir Palmares, mas ele estaria disposto a negociar com Ganga Zumba, caso pague mais. Ganga Zumba negocia essa paz em troca de armas, com isso, aceita pagar ao Capitão com tal condição. Alguns brancos pedem para ficar em Palmares, demonstrando a grande fama que o Quilombo possui pelo território. Tais brancos são aceitos, criando uma grande diversidade racial e cultural em Palmares.
Após a morte de Acaioba, no momento que ocorre o ritual fúnebre africano, que é comum dos povos yorubanos, que se chama Axexê, o afilhado de Ganga Zumba diz que se sente preparado para vingar a morte de seu companheiro, sendo assim, Ganga Zumba concede seu desejo realizando um ritual, convocando os ancestrais, que lembra o culto Egungun, que é realizado até hoje em território brasileiro e o consagra Zumbi dos Palmares, filho de Ogum, Orixá da Guerra e do ferro. Com isso, Zumbi lidera saques e destruição nas vilas e engenhos vizinhos de Palmares, libertando os escravos encontrados no caminho.
Após os ataques, com o retorno de Zumbi e Dandara, Ganga Zumba diz que recebeu uma carta, do Governador de Pernambuco a mando do Rei de Portugal, solicitando o comparecimento de Ganga Zumba em Recife para negociar a paz, tal carta foi lida por “Ana de Ferro”, interpretada por Vera Fisher, que era uma ex-prostituta, servia a um dos escravos de Capitão Fernão e acabou ficando no Quilombo com alguns brancos. Ganga Zumba decide negociar com os brancos, com receio de que Palmares não resista a um ataque dos colonos, ele diz que Palmares precisa se fortalecer e com isso é preciso negociar, para ganhar tempo com o intuito de crescer e fortalecer o Quilombo. Zumbi rebate e diz que não o correto, com isso, todas as tribos que habitam o Quilombo são consultadas e Palmares fica dividida entre os que vão para Recife com Ganga Zumba e os que ficam em Palmares com Zumbi. Neste ponto, existe mais uma demonstração da grandeza territorial de Palmares, e também da grande diversidade de povos africanos, brancos e indígenas.
Ganga Zumba, ao chegar a Recife, recebe o recado do representante do governo que se não levassem Zumbi junto, não existiria paz, tal representante seria o menino que aparece o início do filme. Arrependendo-se da decisão tomada, Ganga Zumba se envenena, acusando André Torinho, o representante do governo. Com o ocorrido, Ana de Ferro, a mando de Ganga Zumba, diz para o povo que lá está, retorne para Palmares e se juntem a Zumbi.
Por fim, O governador de Pernambuco contrata Domingos Jorge Velho, um bandeirante mameluco, tataraneto de índios tupiniquins e tapuias, filho de Francisco Jorge Velho e de Francisca Gonçalves de Camargo. Foi um dos maiores bandeirantes que o Brasil já teve e perseguidor de índios no nordeste brasileiro. Foi de São Paulo a Pernambuco responder o chamado da coroa portuguesa para acabar com o Quilombo dos Palmares. Com a notícia, Zumbi organiza as defesas do Quilombo, impondo que todos os moradores deveriam lutar e serem treinados para a guerra, enquanto Teodoro ficaria na mata aguardando o sinal para atacar pelas costas. Todos deveriam se concentrar na capital de Palmares, pois Domingos iria com um grande exercito equipados com canhões. Isso demonstra a grande inteligência e conhecimento militar que Zumbi possuía.
O primeiro ataque foi contido, com estacas e armadilhas ajudando a conter o avanço do exército de Domingos. À noite, Palmares entrou em festa e neste momento podemos observar mais uma característica cultural dos negros, que dançavam Maculelê.
“O maculelê em sua origem era uma arte marcial armada, mas atualmente é uma forma de dança que simula uma luta tribal usando como arma dois bastões, chamados de grimas (esgrimas), com os quais os participantes desferem e aparam golpes no ritmo da música em línguas africanas, indígenas e portuguesa. Num grau maior de dificuldade e ousadia, pode-se dançar com facões em lugar de bastões, o que dá um bonito efeito visual pelas faíscas que saem após cada golpe. Esta dança é muito associada a outras manifestações culturais brasileiras como a Capoeira e o frevo.” - https://pt.wikipedia.org/wiki/Maculel%C3%AA
Na mesma noite, após festejarem, Zumbi tem um sonho com Acotirene que o deixa inquieto, em seguida ele nota que o exército de Domingos Jorge Velho está avançando com os canhões e decide surpreendê-los atacando primeiro e mandando o sinal do ataque pela retaguarda,
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