Análise do filme: A sociedade dos poetas mortos
Por: YdecRupolo • 13/11/2018 • 1.790 Palavras (8 Páginas) • 565 Visualizações
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Entretanto, Piaget, em suas teorias educacionais, ao defender a interação objeto-sujeito como base para auxiliar o conhecimento, de certa forma, nega outro caráter de extrema importância para o aprendizado: a interação social.
A teoria educacional que aborda a interação, sujeito-social, é a do psicólogo bielo-russo Lev Vygotsky. Vygotsky acreditava na necessidade de um mediador entre a interação indivíduo e objeto, sendo ele, o ambiente. Nesse mundo marcado pela forte desigualdade social, é natural que cada aluno terá suas particularidades e suas influências do meio, que trarão junto com eles para dentro da sala de aula. Então, uniformizar o aprendizado de crianças, por exemplo, apenas por faixa etária, é negar toda à influência que o ambiente gera no psicológico e no aprendizado dos alunos e das alunas.
Trazendo o condicional do ambiente para o exemplo do filme. O aluno Neil Perry vivia uma situação social diferente dos seus colegas. Sua família, diferente das demais, havia uma condição econômica menor, tendo uma pressão por parte dos pais, para que o menino tivesse uma vida melhor e menos sofrida que eles. Assim, Neil tinha uma carga de pressão enorme em cima de si, refletindo em suas atitudes e em seus medos de desapontar seus pais, deixando para trás o seu maior sonho de atuar em peças teatrais. Ainda sobre a situação de Neil Perry, após muita pressão por parte dos pais, acaba sendo obrigado a desistir de fazer teatro, e como consequência, acaba cometendo uma atitude radical, tirar sua própria vida.
Para tentar explicar a situação de Neil Perry, usarei outro influente pedagogo brasileiro do século XX, a quem muito me inspira: Paulo Freire. No livro Pedagogia da Esperança (Freire, 1992), o autor relata que na vida pessoal e social, homens e mulheres encontram desafios que necessitam de muito empenho para ser vencidos, nomeados de situações-limites.
Diante das situações limites, pode-se haver diversas atitudes dos sujeitos envolvidos, desde a de não conseguir romper com elas, até a identificações de tais situações e rupturas com elas. Entretanto, Freire relata a influência social e localização temporal no processo de identificação das situações limites e de sua emancipação:
“As situações-limites implicam, pois, a existência daqueles e daquelas a quem diretamente servem, os dominantes; e daqueles e daquelas a quem se “negam” e se “freiam” as coisas, os oprimidos. Os primeiros veem os temas-problemas encobertos pelas “situações-limites” daí os considerar como determinantes históricos e que nada há a fazer, só se adaptar a elas. O segundo quando percebem claramente que os temas desafiadores da sociedade não estão encobertos pelas “situações-limites” quando passam a ser um “percebido destacado”, se sentem mobilizados a agir e a descobrirem o “inédito-viável”. “
Nota-se que é perceptível a relação entre a chamada situação-limite, do pedagogo brasileiro, e a situação de Neil no filme. O estudante buscou romper com a negação de fazer o que ele realmente amava, atuando contra a vontade de sua família. Entretanto, a influência social e temporal foi de tamanha amplitude, que o aluno não conseguiu prosseguir em seu verdadeiro sonho de interpretar nos palcos. O ápice para Neil, foi quando seu pai decide colocá-lo em um colégio militar, acabando de vez, com a possibilidade do filho de fazer teatro. Percebe-se, que Neil chegou em sua situação-limite, catalisado por diversos fatores, e sua alternativa, infelizmente, foi trágica.
Ao longo de todo filme, as atitudes do professor John Keating são de grande valia para uma reflexão ampla sobre atitudes que como futuros professores e professoras devemos ter. Primeiramente é necessário que tenhamos consciência de quão privilegiados somos por estarmos inseridos em um espaço como a faculdade, já que a grande maioria da população não tem a oportunidade de entrar em uma instituição assim. Então, dentro da academia, temos ao menos um mínimo de contato com uma educação libertadora, que fuja do caráter simplista e hierárquico do professor ou professora “depositar” conhecimento no aluno e na aluna, e sim, citando duas teorias já citadas no texto, de Piaget e Freire, que estimule que os estudantes construam seu conhecimento, instigando um pensamento crítico por parte dos alunos e alunas.
Sendo assim, é nosso dever ao entrar nas salas de aulas, colocar em práticas tais atitudes, ser agentes de mudança. John nos mostra no filme, como uma prática individual pode ser de extrema importância para um grande número de pessoas. Ao praticar métodos diferentes da escola tradicional, o professor estimulou os alunos, antes inibidos, a usarem suas criatividades, suas expressões, mudando assim, a vida daqueles meninos antes acostumados a só reproduzir conteúdos. O uso de artifícios alternativos na prática de educação, também é ponto interessante de se pensar, ao trazer para a vida de alunos a arte, sendo a poesia, o teatro, por exemplo, ele rompe com alguns paradigmas do ensino tradicional, mostrando como a arte auxilia na melhora de expressão, comunicação e pensamento, no aprendizado.
As atitudes do professor John durante na obra cinematográfica também serve de aviso para nós, futuros educadores e educadoras. Nunca devemos esquecer, que cada aluno, cada aluna, cada ser tem uma realidade, sendo ela social, econômica, emocional. É errôneo da nossa parte, separar as crianças e seus níveis de aprendizagem somente por faixa etária, por exemplo, ignoramos assim, toda influência que o ambiente gera no indivíduo. Ao estimular Neil a enfrentar seu pai, de dizer a verdade sobre seu real interesse de ser ator e não médico, talvez o professor não tenha refletido sobre toda a carga emocional que tinha sobre o menino, de como poderia ser a reação por parte do pai. Isso, de modo algum retira os méritos do educador, os alunos na cena final do filme subindo na classe e defendendo ele mostram tamanha influência positiva que ele gerou, mas reitera
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