A importância do Cinema para a História
Por: Sara • 5/6/2018 • 1.748 Palavras (7 Páginas) • 412 Visualizações
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Para Terry, Eagleton, o termo ideologia é um conceito muito amplo e abrangente, uma trama tecida com diferentes fios conceituais, que envolvem desde uma simples ideia até pensamentos (e a comunicação destes pensamentos) que ajudem a legitimar um poder político dominante.
Analisando O Príncipe do Egito, vemos a clara a diferença religiosa entre os egípcios e os hebreus, mostrando que os egípcios eram politeístas, prova disso são as formas zoomórficas que os deuses egípcios possuíam apresentadas nas imagens dos templos e estátuas, e os trabalho dos sacerdotes. No filme Hotep e Huy são sacerdotes que estavam sempre ao lado do faraó, a fim de aconselha-lo sobre questões religiosas. Já os hebreus eram monoteístas, no filme o seu Deus aparece a Moisés dizendo que é o Deus de seus antepassados: o Deus de Abrão, Isaque e Jacó. Nesse encontro o seu Deus, reafirma a aliança com os hebreus e promete libertá-los da escravidão do Egito, e leva-los para A Terra Prometida.
O poder era exercido pelos faraós, no primeiro momento Seth I, segundo faraó da XIX dinastia, é o governante do Egito. Depois com o tempo, Seth I foi substituído por seu filho Ramsés II. Os faraós diziam: ‘Eu sou o Egito” A estrela da Manhã e da noite, se eu disser que é noite está decidido, mostrando assim sua autoridade e supremacia. No filme os hebreus eram escravizados pelos egípcios, e forçados a trabalhar e construir os templos, palácios e a produzir nos campos.
Baseado no livro do Êxodo da Bíblia, os hebreus viviam em canaã,’ A Terra Prometida’, emigraram para o Egito por volta de 1800 a.C devido a seca e a fome. Naquele período os Egípcios foram dominados pelos hicsos, mas com a expulsão destes, os hebreus tornou-se escravos dos egípcios, sendo acusados de colaborar com os hicsos.
Para Ferro, o filme fala de uma outra história: é o que ele chama de contra-história, que torna possível uma contra-análise da sociedade. Para ele, o filme revela aspectos da realidade que ultrapassam o objetivo do realizador, além de, por trás das imagens, estar expressa a ideologia de uma sociedade. Ferro defende assim que, através do filme, chega-se ao caráter desmascarador de uma realidade político e social.
O Príncipe do Egito além de abordar a religião, a cultura, a economia a sociedade dos Egípcios e Hebreus encontrados nos conteúdos históricos, passa também importantes informações e imagens que podem ser utilizadas como documento histórico.
Na década de 1920, surgiram indícios de que alguns historiadores passavam a reconhecer o cinema como fonte de conhecimento histórico. Prova disso foi o interesse pelo filme como documento histórico demonstrado por um grupo de historiadores que compareceu aos encontros do Congresso Internacional das Ciências Históricas realizados entre os anos de 1926 e 1934. Na produção do filme foi feita visita ao Egito, e foi capturado in loco através dos desenhos, dos monumentos e a arquitetura do Egito Antigo para compor os cenários das ações do filme portanto, BENCINI (2005, P.49) aponta que,
O filme é uma visão particular do roteirista e do diretor, que se baseiam em fatos históricos. Para isso, selecionaram e interpretaram as informações que quiseram. O mesmo se dá na escolha e edição das cenas. Os sons e as imagens têm exatamente essa finalidade – criar a sensação de que estamos assistindo a algo verdadeiro. (BENCINI, 2005, p.49).
O filme causa impacto para o espectador, um exemplo real foi a de um aluno do 6º ano do Ensino Fundamental, que na sala de aula foi interrogado pelo professor de História quais eram os conhecimentos dele sobre a história de Moisés, e o aluno respondeu contando as cenas do filme O Principie do Egito, o final da eloquente explicação do aluno, o professor indaga: “pois é, também vi esse filme”.
Nesse contexto, segundo Marc Ferro é importante “analisar no filme tanto a narrativa quanto o cenário, a escritura, as relações do filme com aquilo que não é filme: o autor, a produção, o público, a crítica, o regime de governo. Só assim se pode chegar à compreensão não apenas da obra, mas também da realidade que ela representa.” É a partir das imagens e dos documentos históricos apresentados no filme que pode-se aproximar mais dos fatos e acontecimentos do passado, permitindo avaliar a relação entre as sociedades passadas e até comparar com a nossa realidade no presente.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
O príncipe do Egito é um filme que deve ser visto como uma celebração à liberdade e é eficiente em transmitir as lições reveladas por Moisés, um líder que venceu o medo à insegurança e com a força do seu Deus, ajudou os Hebreus a sair da escravidão, mostrando para a sociedade a superioridade do Deus de Israel para os deuses do Egito.
Ao constatarmos que o cinema e a História estão interligados, vemos que os filmes mostram a diversidade de questões e ideologias que se colocam ao historiador, que aceita o desafio em trabalhar com documentos visuais, e lida com a imagem cinematográfica. Mesmo reconhecendo que a sociedade contemporânea está absolutamente mergulhada num mundo de imagens, esta é uma proposta de trabalho inovadora e ousada para todos os públicos.
O filme não é apenas entretenimento, mas também uma fonte de pesquisa e documento histórico que pode ser utilizado por todos os pesquisadores e historiadores, mesmo sendo uma ficção ou baseado em fatos reais ele passa a sua ideologia. Ao assistir o filme não devemos ter apenas uma visão superficial de entretenimento, mas critica e analítica, pois muitos deles trazem no seu conteúdo informações históricas.
REFERÊNCIAS
ADOROCINEMA - O PRÍNCIPE DO EGITO. Disponível em: http://www.adorocinema.com/filmes/filme-27657/
BENCINI, Roberta. Filme na aula de história: diversão ou hora de aprender? Revista Nova Escola. Ano XX, n. 182, mai. 2005, p. 46-51.
HISTÓRIA EM CARTAZ – O PRÍNCIPE DO EGITO. Disponível em: http://historiaemcartaz.blogspot.com.br/2012/05/o-principe-do-egito.html. Acesso em 07/12/2016.
MARC FERRO, AnaJyse de [i lm, analyse de sociétés, ap.cit., p.lI e "O filme, uma contra-análise da sociedade?", ap.cil., p.203.
MARC FERRO, Ana/yse de film, analyse des sociétés, ap.cit, p.19-38.
SORLIN, Pierre. Cines europeos,
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