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A FESTA DA PENHA

Por:   •  12/5/2018  •  2.856 Palavras (12 Páginas)  •  365 Visualizações

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A partir desse momento, o Capitão passou a subir a pedra para agradecer e pedir proteção, sendo seguido por parentes, amigos e vizinhos. Como a ermida estava em cima de uma pedra, a Nossa Senhora lá postada passou a ser chamada de Nossa Senhora da Penha - palavra que deriva de rocha, dorso de uma serra, de acordo com o dicionário Michaelis[1].

3 A IGREJA DA PENHA

A divulgação dos milagres atribuídos a Nossa Senhora da Penha levou a intensificação de peregrinos e demandou uma série de mudanças na igreja e no seu em torno. Assim, após o capitão Baltazar doar todas as suas propriedades a Nossa Senhora da Penha, foi criada a Venerável Irmandade de Nossa Senhora da Penha para administrar a manutenção do Santuário. Coube a ela a empreitada da demolição da primeira capela em 1728. Essa capela foi substituída por outra em 1870, já durante a crise do Império. Essa, por sua vez, possuía uma torre e novos sinos.

Em 1900, o templo foi ampliado, ganhando duas novas torres e, posteriormente, um carrilhão com 25 sinos. Desde 1906 a igreja passou a ter a aparência atual, com seus 365 degraus. Antes, porém, a escadaria tinha 382 degraus que foram entalhados na rocha custeada por um casal, em agradecimento pelo nascimento do filho.

Recentemente, foram realizadas obras de melhoria da igreja, como novos banheiros e uma Concha Acústica que pode acomodar até 30 mil pessoas. O santuário também conta com um bondinho que pode transportar até 500 pessoas por hora.

A Arquidiocese do Rio espera construir, em breve, um abrigo para peregrinos, um restaurante panorâmico e uma praça de alimentação. Ainda existe a perspectiva da Irmandade, construir uma nova igreja com capacidade para 20 mil pessoas.

O fluxo cotidiano mais intenso de peregrinos acontece aparecem na Rua dos Romeiros, devido à maior concentração comercial e à proximidade da estação, mas de modo geral as calçadas de toda a área são muito ativas. A área da irmandade, em contraste, é bastante vazia fora dos horários de eventos da Igreja. Os fluxos ficam restritos à população que vive na comunidade adjacente e que eventualmente a acessa pela Estrada da Penha.

O investimento em melhorias da igreja e seus anexos permite intuir sobre o número de peregrinos e visitantes do Santuário.

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4 O BAIRRO DA PENHA

Atualmente marcado pela trajetória de empobrecimento e violência, o Bairro da Penha nem sempre foi assim. Antes de ser notícia devido aos constantes conflitos no Complexo do Alemão ou na Vila Cruzeiro no combate ao tráfico de drogas, a Penha era um típico bairro do subúrbio carioca, de casas modestas e de cotidiano pacato.

Antes disso, o bairro da Penha e arredores foram áreas produtoras de açúcar da zona rural do velho Rio. Essa atividade foi estabelecida pela facilidade que o transporte marítimo oferecia. Assim permaneceu até a crise da produção açucareira (século XIX). [2]

Só então, começaram a surgir os primeiros povoados no local, “primeiro pelo parcelamento das terras agrícolas em propriedades menores, e depois, progressivamente, através de seu parcelamento em lotes urbanos.

Entretanto, foram os trilhos os maiores propulsores da suburbanização dessas antigas áreas rurais”. No entanto, foi a ferrovia que permitiu o crescimento progressivo do bairro e a urbanização tornou-se intensa a partir da década de 1920[3].

As primeiras ruas do bairro foram abertas na virada do século XIX para o XX, partindo da Estrada da Penha e seus atalhos. Hoje, Penha expandiu em torno da estrada de ferro Leopoldina que divide o bairro ao meio. Há pouco mais de dez anos, o bairro recebeu um grande investimento público que viabilizou melhores condições para os seus moradores, na perspectiva de que assim se derrotaria o cotidiano de violência que marcava o bairro. O Projeto Rio Cidade reurbanizou espaços públicos e implantou novas infraestruturas.

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5 A FESTA DA PENHA

Em Portugal e na Espanha, a festa de Nossa Senhora da Penha ocorre todo dia 8 de setembro, já no Brasil a festividade acontece no mês de outubro, precisamente em todos os domingos do mês.

A Festa da Penha já foi considerada a segunda maior do gênero no Brasil, só perdendo para o carnaval. Nela, a igreja recebe muitos visitantes e faz parte do seu cotidiano receber peregrinos que sobem de joelhos os seus 365 degraus.

A Irmandade financia, organiza e promove a festa religiosa. O recurso é proveniente de doações, mas conta com o apoio da Prefeitura que, normalmente, viabiliza a divulgação e concede as licenças necessárias para o funcionamento da festa. Além da prefeitura, a festa conta com parceiros privados, como universidades e comerciantes. Com poucos recursos, a Irmandade também costuma ter apoio de artistas que participam, voluntariamente, nas atividades culturais que ocorrem.

No período das festividades, a igreja e seu entorno ficam cercados por barraquinhas de comida e produtos religiosos. No entanto, esse cenário diverso da festa era um pouco diferente em tempos remotos. Até o século XX, os portugueses eram os que mais visitavam a igreja. Aos poucos, os nativos da terra e os negros começaram a chegar, principalmente para ofertar algum tipo de serviço.

Era comum ver as baianas que se posicionava fora da igreja para oferecer e lá mesmo costumavam agradecer aos seus orixás pelas vendas. Vale lembrar que nessa época que a presença do negro dentro das igrejas ainda enfrentava restrições, mesmo após a abolição da escravidão.

Apesar da restrição aos negros ter persistido mesmo após a abolição, entre 1879 a 1907, o padre português e abolicionista Ricardo Silva manteve ali um abrigo de escravos fugidos, tornando a área conhecida como “Quilombo da Penha”, que originou o Complexo do Alemão.

É possível afirmar que a festa da Penha e a cidade evoluíram juntas, isso porque à medida que a festa ganhava popularidade, a cidade ampliava seus espaços urbanos e melhorava a sua mobilidade. Assim, nos primórdios da festa da Penha, aquele que desejasse participar, só conseguia chegar através das Barcas da Cantareira, pelo porto de Maria e de lá, a pé, de carroça ou cavalo. Era um longo e exaustivo percurso. Certamente a popularidade e o crescimento de romeiros estão diretamente relacionados à gradual melhoria dos

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