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O TERRITÓRIO - SOBRE ESPAÇO E PODER, AUTONOMIA E DESENVOLVIMENTO

Por:   •  20/5/2018  •  1.667 Palavras (7 Páginas)  •  877 Visualizações

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A renovação crítica do pensamento geográfico propôs uma interpretação diferente, mais ampla do que a proposta pela geografia clássica, do conceito de território. Nela, o território não é o espaço concreto em si, mas as relações de poder espacialmente delimitadas que operam sobre uma base, um substrato material referencial.

Marcelo de Souza ilustra essa diversidade territorial como uma exemplificação de territórios explica essa proposta de conceituação do território como “campo de forças”, a partir de exemplos de territorialidade urbana, como os territórios da prostituição, do comércio ambulante e das máfias do narcotráfico no Rio de Janeiro.

Nesses casos, o autor explica que a territorialidade pode se estabelecer das seguintes maneiras:

Territorialidade cíclica: os espaços onde a prostituição ocorre são ocupados no período noturno. Durante o dia, o perfil das pessoas que ocupam o território é diferente. Ao contrário, o comércio ambulante, que também possui uma temporalidade bem definida, predomina ao longo do dia e vai se esvaindo com o anoitecer.

Territorialidade móvel: ainda tomando como exemplo a questão da prostituição, o autor explica que pode haver disputa entre grupos rivais (prostituição masculina, feminina, travestis etc.) e como consequência pode haver mudanças nos limites controlados por cada grupo. Os limites dos territórios da prostituição são instáveis.

Territorialidade em rede: é o exemplo da estrutura espacial do tráfico de drogas, onde cada facção detém o controle de algumas áreas (favelas) relativamente distantes entre si, e intercaladas tanto pelo “asfalto” quanto por outras áreas controladas por facções rivais. No entanto, o conjunto das áreas controladas por uma facção forma uma rede pois essas áreas são conectadas por fluxos diversos (de armas, drogas, dinheiro, ordens de comando etc.). A sobreposição das redes, tanto entre as controladas por cada facção, quanto com o “asfalto”, forma uma malha complexa constituída pelo que o autor optou chamar de “territórios descontínuos”.

Entre as várias faces e complexidade das relações que abrangem o território, todas as superposições que são causadas pelos grupos sociais que dominam e interagem com o espaço, e é nesse ponto que entra em foco o espaço, que entra em um ponto citado por muitos estudiosos do território “o espaço vem antes do território”.

Marcelo Lopes de Souza concordando com Raffestin, quando diz que o espaço é anterior ao território e faz criticas quanto à visão de Raffestin, no que ele chama de “coisificação” do território, quando este autor incorpora ao conceito o próprio substrato material, vale dizer, o espaço social. Diz o autor que “se todo território pressupõe um espaço social, nem todo espaço social é um território”.

Com o uso do pensamento de Raffestin, o espaço seria reduzido apenas ao espaço natural, é um pensamento que chega a romper em certa parte com a lógica clássica usada pela geográfica política. Ao que parece, a falha crucial de Claude Raffestin se dá pela falta de aprofundamento e argumentação de alguns de seus estudos acerca exclusivamente do território, com esses pontos se conclui a primeira abordagem do texto, onde o enfoque é dado para descrições e conclusões sobre o conceito de território.

No próximo ponto, o autor embrenhar em uma discussão sobre a objetividade do conceito e das ideias que permeiam o campo do desenvolvimento, esse contexto traz a união entre os conceitos de território e de desenvolvimento, e a relação entre esses dois conceitos tomou diversos aspectos ao longo da história do homem, havendo novas formas de ligação, novas roupagens para a dicotomia território-rede.

No cenário nacional podemos citar algumas ideias de desenvolvimento acelerado que usaram essa dicotomia, como foi o caso do governo de Juscelino Kubistchek e no milagre econômico situado no governo de Emílio Médici, e dessas características de desenvolvimento vem o acesso da população aos serviços básicos, o uso do território para a sobrevivência do homem, é o outro enfoque dado ao território, à base da sobrevivência do homem.

Este é um capitulo primordial para o meio acadêmico, os conceitos dados para o “território” demonstram a realidade em que se insere o homem e sua sociedade, e mostra o quão complexo se torna a rede que liga todos esses grupos distintos que compõem os fenômenos decorrentes da lógica globalização no qual impactaram as analises geográficas. Faz-se fundamental neste período histórico, que o profissional da geografia revise constantemente seus fundamentos teóricos, para evitar que suas ferramentas de análise tornem-se defasadas ou ineficazes. É importante salientar que nenhum conceito oferece resposta para todos os fenômenos, bem como nenhuma metodologia pode ser considerada imbatível.

O debate sobre território e desenvolvimento não termina o autor pretende aqui não apenas afirmar o conceito de território, mas sim mostrar sua importância e sua aplicabilidade nos dias atuais.

O conceito de território, devido à sua flexibilidade e ao seu caráter multidimensional e multiescalar, representa uma ferramenta perfeitamente apropriada nos dias de hoje. Ele pode ser utilizado tanto para analisar produções econômicas ou políticas do espaço (na sua perspectiva material), como também outras formas de relacionamento do homem com seu meio, tais como a religiosidade, a cultura ou as manifestações étnicas (na sua perspectiva idealista). O território, entendido como um espaço socialmente apropriado

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