Manifesto comunista
Por: Rodrigo.Claudino • 23/2/2018 • 3.226 Palavras (13 Páginas) • 403 Visualizações
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A burguesia vive em guerra perpétua e finalmente, nos períodos em que a luta de classes se aproxima da hora decisiva, o processo de dissolução da classe dominante, de toda a velha sociedade, adquire um caráter tão violento e agudo, que uma pequena fração da classe dominante se desliga desta, ligando-se a classe revolucionaria, a classe que traz em si o futuro. As condições de existências do proletariado já não existem mais, estão destruídas as da velha sociedade, pois não são mais propriedades, suas relações com a família nada tem de comum com as relações familiares burguesas, as religiões as leis são para eles meros preconceitos burgueses, aos quais ocultam outros interesses. Sua missão é destruir todas as garantias e seguranças da propriedade privada até aqui existentes, conquistando assim a democracia, centralizando todos os instrumentos de produção do Estado, isto é, do proletariado organizado em classe dominante.
A luta entre as duas classes explode numa revolução aberta e o proletariado estabelece sua dominação pela derrubada violenta da burguesia, sendo evidente que a mesma é incapaz de continuar desempenhando o papel de classe dominante, sua existência se torna incompatível com a sociedade.
II
Proletários e Comunistas
Os comunistas não têm interesses que os separem do proletariado em geral. Constituem-se com a fração mais resoluta dos partidos operários de cada país, a fração que impulsiona as demais; teoricamente possui sobre o resto do proletariado a vantagem de uma compreensão mais nítida das condições, da marcha e dos fins gerais do movimento proletário, possuindo de imediato o mesmo interesse que todos os demais partidos.
Os comunistas podem resumir sua teoria nesta formula única: abolição da propriedade privada. Criticam a nós comunistas o querer abolir a propriedade pessoalmente adquirida, dos pequenos camponeses, fruto do trabalho individual. Não precisamos aboli-la, porque o progresso da indústria já aboliu e continua a aboli-la diariamente.
O trabalho do proletário, o trabalho assalariado de modo algum criará propriedades a ele, ao contrario, cria o capital, sendo a propriedade que o explorará novamente, que só poderá oferecer aumento, sob condição de aumento de produção. Essa forma de propriedade se move entre dois termos antagônicos: capital e trabalho. O capital é um produto coletivo, só pode ser posto em movimento pelos esforços combinados de muitos membros da sociedade, não é uma força pessoal. O trabalho assalariado é o preço mínimo de salário pago para o sustento necessário para a vida do operário. Não queremos de modo algum abolir a essa apropriação pessoal dos produtos do trabalho, apenas queremos é suprimir o caráter miserável, que faz com que o operário só viva para aumentar o capital, na medida em que o exigem os interesses da classe dominante.
Na sociedade burguesa, o trabalho vivo é sempre um meio de aumentar o trabalho acumulado. Na sociedade comunista, o trabalho acumulado é sempre um meio de ampliar, enriquecer e melhorar cada vez mais a existência dos trabalhadores. O comunismo não retira a ninguém o poder de apropriar-se de sua parte dos produtos sociais, apenas suprime o poder de escravizar o trabalho de outrem por meio dessa apropriação.
As acusações feitas contra o modo comunista de produção e de apropriação dos produtos materiais tem sido feita igualmente contra a produção e apropriação dos produtos do trabalho intelectual. As declamações burguesas sobre a família e a educação, sobre os doces laços que unem a criança aos pais, tornam-se cada vez mais repugnantes à medida que a grande indústria destruiu todos os laços familiares dos proletário e transformou as crianças em simples objetos de comercio e trabalho.
As demarcações e os antagonismos nacionais entre os povos desapareceram cada vez mais com desenvolvimento da burguesia, com liberdade do comercio e do mercado mundial, com a uniformidade da produção industrial e as condições de existência que lhes correspondem. Toda a produção propriamente dita estando centrada nas mãos dos indivíduos associados, o poder publico perderá seu caráter político. Quando os antagonismos de classe, no interior das nações, tiverem desaparecido, desaparecerá a hostilidade entre as próprias nações. E quanto às acusações feitas ao comunistas em nome da religião, da filosofia e da ideologia em geral, não merecem um exame aprofundado. Sem duvida, digamos que as ideias religiosas, morais, filosóficas, políticas, jurídicas etc., modificaram-se no curso do desenvolvimento histórico – as revoluções – mas a religião, a moral, a filosofia, a política, o direito mantiveram-se sempre presentes através dessas transformações. Mas o comunismo quer abolir a religião e a moral em lugar de lhes dar uma nova forma, isso contradiz todo o desenvolvimento histórico anterior. A revolução comunista é a ruptura mais radical com as relações tradicionais de propriedade; nada de estranho portanto, que rompa, do modo mais radical, com as ideias tradicionais. Em lugar da antiga sociedade burguesa, com suas classes e antagonismos, surge uma associação onde o livre desenvolvimento de cada um é a condição do livre desenvolvimento de todos.
III
Literatura Socialista e Comunista
O SOCIALISMO REACIONÁRIO
- O Socialismo Feudal
Devido à sua posição histórica, as aristocracias da França e da Inglaterra viram-se chamadas a lançar libelos contra a sociedade burguesa. Para criar simpatias, era preciso que a aristocracia fingisse descuidar seus próprios interesses e dirigisse sua acusação contra a burguesia, aparentando defender apenas os interesses da classe operária explorada, assim nascendo o socialismo feudal, onde se mesclavam jeremiadas e libelos, ecos do passado e ameaça sobre o futuro. Se por vezes a sua crítica amarga, mordaz e espirituosa feriu a burguesia no coração, sua impotência absoluta de compreender a marcha da História moderna terminou sempre por um efeito cômico. Ocultam tão pouco o caráter reacionário de sua crítica, que sua principal queixa contra a burguesia consiste justamente em dizer que esta assegura sob o seu regime o desenvolvimento de uma classe que fará ir pelos ares toda a antiga ordem social.
Do mesmo modo que o pároco e o senhor feudal marcharam sempre de mãos dadas, o socialismo clerical marcha lado a lado com o socialismo feudal. Nada é mais fácil que recobrir o ascetismo cristão
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