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A CONDUTA PASSIONAL COMO MÁ-FÉ

Por:   •  18/1/2018  •  3.388 Palavras (14 Páginas)  •  579 Visualizações

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A tomada de consciência da liberdade e a responsabilidade que é ser livre acarreta a angústia. Dessa forma a angústia é a consciência de liberdade. Ela se constitui quando me percebo separado do futuro por minha própria liberdade.O que eu projeto para tal futuro é apenas uma mera possibilidade entre tantas e o que da valor as suas escolhas é exclusivamente a sua liberdade, nada justifica a adoção de valores determinados. Dessa forma, na angústia, percebo que o sentido do mundo provém de minha liberdade.A angústia é um sentimento conflituoso o que nos faz gerar mecanismos de fuga e defesa de tal sentimento.O determinismo por exemplo, segundo Sartre, se mostra uma defesa reflexiva contra angústia . Tais mecanismos de fuga rumo a mitos tranquilizadores nadificam a angustia enquanto dela fujo e nadifica a si enquanto sou angústia para dela fugir. Tal fuga é o que se chama de má-fé.

A má fé para Sartre é uma atitude essencial da realidade humana, no qual a consciência volta sua negação para si. Primeiramente é necessário distinguir a mentira da má-fé. A primeira também é uma atitude negativa, porém a essência da mentira implica que o mentiroso esteja completamente ciente da verdade, o mentiroso também pretende enganar outra pessoa e não tenta dissimular essa intenção em sua própria consciência, de forma a exercer um controle regulador sobre todas as suas atitudes. Assim sendo, enquanto a mentira não põe em jogo a intraestrutura da consciência presenta a má-fé esconde de mim mesmo a verdade. Na má-fé não existe a dualidade do enganador e do enganado.

Sartre estabelece em vários momentos a psicanálise como interlocutora, sendo está uma interpretação rival da filosofia sartriana. Na hipótese psicanalítica, usa-se a censura ou recalque para reestabelece a dualidade do enganador e do enganado. A psicanálise visa descobrir a verdade das satisfações simbólicas relacionando-as a história do paciente. Na distinção entre o "id" e i "eu" Freud cindiu em dois a massa psíquica, de modo a não termos relação privilegiada ao todo do meu psíquico. A descoberta dos atos simbólicos necessita da mediação do psicanalista entre minhas tendências inconscientes e minha vida cosnciente.Somente um outro é capacitado a me desvelar, me domo que só posso me conhecer por intermédio de um outro.Dessa forma a psicanálise substitui a noção de má-fé pela ideia de uma mentira sem mentiroso, posso não mentir a mim, mas sou enganado por mim mesmo.Dessa forma substitui a dualidade do enganador e do enganado, condição essencial da mentira, pela dualidade do "Id" e do "Eu".

Sartre faz sérias críticas a teoria psicanalítica, levando a questão de como a censura poderia discernir impulsos reprimíveis sem ter consciências de discerni-los? O psicanalista explica a as resistências, que para eles são surdas e profundas, vêm de longe, tendo raízes no próprio fenômeno a ser elucidado., enquanto para Sartre tal resistência se da pela má-fé, sendo um processo consciente e dotado de intencionalidade. Para Sartre não ganhamos em nada aderindo a teorias psicanalíticas, pois para suprimir a má-fé se estabelece entre o inconsciente e o consciente uma consciência autônoma de má-fé. Tal explicação rompe com a unidade psíquica, não dando conta do fenômeno que a primeira vista parecem dela depender, existindo uma infinidade de condutas de má-fé que negam claramente tal explicação, pois a essência da conduta se da consciência.

Dessa forma a má-fé se diferencia da mentira por ser um fenômeno de crença, sendo acompanha de uma característica ontológica no qual o ser é o que não é. Ao contrário da mentira não existe cinismo ou o preparado dos conceitos enganadores.A primeira intenção da má-fé é fugir não do que não se pode fugir, fugir do que se é. O fenômeno da crença se mostra análoga ao estado onírico, no qual acreditamos nos sonhos enquanto o vivenciamos. A má-fé também é tida como verdade para o ser, se manifestando através do autoengano, fuga ou negação.

Uma conduta de má-fé é a conduta passional, no qual através da emoção nos estabelecemos uma relação mágica com o mundo, desprezando as relação da pré determinadas existentes no mundo. Adotamos tal conduta quando não mais suportamos uma determina tensão, não conseguimos manter uma conduta superior e nos utilizamos das emoções, não de uma forma inconsciente, mas com uma intencionalidade dada na própria unidade consciente. Sartre faz uma análise fenomenológica da conduta emocionada na sua obra "Esboço de uma teoria das emoções" mostrando que a conduta passional é um tipo de conduta de má-fé.

3 A CONDUTA PASSIONAL COMO MÁ-FÉ

Sartre durante toda sua obra tenta compreender o significado das emoções humanas. Tentou fazer isso principalmente na sua obra da juventude "Esboço para uma teoria das emoções" publicada em 1939.Nesse livro o filósofo faz uma primeira abordagem fenomenológica das emoções. Sartre tem como objetivo reformular a psicologia que utiliza os meios da ciência empírica em seu trabalho, fundando suas investigações em fatos heteróclitos que não fornecem uma essência da totalidade sintética humana. Para o filósofo a emoção é uma conduta com determinada finalidade, sendo o psíquico a instância que o ocorre tais emoções. A conduta passional é uma conduta não adaptada de fracasso contrastando com o enfrentamento, que seria uma conduta superior. Sartre então busca explicar as emoções em estruturas gerais essenciais da realidade humana, e não no próprio processo da emoção que mesmo devidamente descritos e explicados é apenas um fato fechado em si mesmo, nunca permitindo compreender outra coisa senão eles mesmo, nem captar através dele a realidade essencial do homem.

Sartre tem como método a intuição eidética, "colocando o mundo entre parênteses" , pois só através da essência se permite classificar e inspecionar os fatos. A emoção para Sartre, significa a sua maneira o todo da consciência, ou seja, ela exprime sob um aspecto definido a totalidade sintética. A emoção é a própria realização da realidade humana, tendo sua essência, estruturas particulares, leis de aparecimento e significação. Sartre mostra a insuficiência das teorias clássicas sobre as emoções critica a ideia de inconsciente utlizada pela psicanálise. Em seu projeto filosófico, tenta entender, se a psicologia pode obter um método e ensinamentos fenomenológico, acreditando que a hermenêutica da existência fundaria uma nova antropologia. Essa antropologia serviria como fundamento para toda a psicologia e que agora partiria da totalidade

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