SEMIÓTICA APLICADA: Um estudo comparativo sobre a aplicabilidade de distintas teorias semióticas na comunicação publicitária
Por: Hugo.bassi • 12/2/2018 • 23.045 Palavras (93 Páginas) • 547 Visualizações
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4.11 O anúncio do Desafio GA sob a ótica discursiva...............................................62
4.12 Estudo do significante plástico do anúncio.........................................................64
4.13 Estudo do significado do anúncio.......................................................................67
4.14 Conclusão............................................................................................................69
5. Capítulo: Considerações finais............................................................................70
Introdução
Por meio da pesquisa de iniciação científica, tive meu primeiro contato com a semiótica. Quando dei início aos estudos das teorias semióticas, não tinha conhecimento das diferentes correntes teóricas que a compõe, tampouco conhecimento da existência dos diferentes métodos e modelos que fazem parte dos instrumentais de análise. Com o passar do tempo, fui compreendendo, por meio das leituras, orientações, reuniões de estudo e cursos realizados, as diferenças e as características de cada corrente semiótica.
Na pesquisa desenvolvida durante esses últimos dois anos (2005 a 2007), sob a orientação do Prof. Dr. João Batista Freitas Cardoso, tive a oportunidade de ter contato com um grande número de trabalhos no campo da semiótica aplicada. A observação desses trabalhos, apresentados por pesquisadores brasileiros nos principais congressos de comunicação, tornou possível reconhecer as correntes mais adotadas e classificar os instrumentais metodológicos mais utilizados em análises semióticas do signo visual. Os resultados parciais dessa pesquisa foram apresentados em alguns congressos de iniciação cientifica – I Seminário PIBIC/IMES, em agosto de 2006; I Congresso de Iniciação Científica da Universidade Imes, em outubro de 2006; 9º Congresso de Iniciação e Produção Científica da Universidade Metodista, em outubro de 2006; e 6º Congresso Nacional de Iniciação Científica (CONIC-SEMESP); 4º Congresso Internacional de Iniciação Científica (COINT-SEMESP), em novembro de 2006); 30º Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação (INTERCOM), em setembro de 2007 e II Congresso de Iniciação Científica da Universidade Imes, em outubro de 2007.
Com parte dos resultados dessa pesquisa, começaram a surgir uma série de questionamentos a respeito da aplicabilidade das teorias semióticas. Um dos aspectos que mais chama a atenção são as especificidades do caráter operatório de cada teoria. Por meio das distintas teorias semiótica, podemos investigar mais a fundo os elementos que compõem uma determinada mensagem e o seu papel como gerador de sentido. Desse modo, utilizamos diferentes métodos e modelos, que nascem de bases teóricas distintas (e muitas vezes divergentes), como instrumento para examinar os mais diferentes tipos de linguagens e processos de comunicação. Chama a atenção aqui, a variedade de correntes teóricas que se prestam ao mesmo fim.
Entre essas teorias, existem três que se destacam: a semiótica discursiva, que é de origem francesa, que surge como um desdobramento dos estudos do lingüista Ferdinand Saussure; a semiótica russa, difundida pela escola de Tartu, que usa como base teórica a Antropologia e a Sociologia; e, por último, mas não menos importante, a semiótica de Charles S. Peirce, lógico americano que dedicou grande parte da sua vida ao estudo dos signos e fenômenos que se manifestam na mente humana – sua teoria teve como base a Filosofia. Na semiótica aplicada, essas teorias ganham um caráter operatório, no qual os instrumentais teórico-analíticos são utilizados na análise de objetos concretos. Nesse sentido, os diferentes processos de análise, adotados por cada teoria, são empregados para que se possa analisar uma linguagem específica.
Capítulo 1
SEMIÓTICA, O QUE SIGNIFICA ISSO?
Quando se fala em semiótica, muitas pessoas se vêem confusas e perguntam o que isso quer dizer.
Na verdade, é preciso tomar cuidado. Qualquer explicação do que venha a ser semiótica deve ser amparada por um certo grau de cautela. Isso se deve ao fato de existirem diferentes correntes semióticas.
Nem todas as correntes semióticas defendem a utilização do mesmo termo. Uma das diferentes explicações adotadas classifica semiótica como “a teoria dos signos e dos processos significativos (semiose) na natureza e na cultura” (Nöth, 1995; pág 17). Considerando aqui como signo todas as coisas que estão aptas a produzir fenômenos, sendo assim, os signos são geradores de sentido.
Essa definição descrita acima não será aceita por todas as correntes. A semiótica discursiva, que é uma das teorias semióticas mais utilizadas e possui bases muito bem estruturadas, discorda dessa afirmação.
A semiótica discursiva tem sua origem na lingüística, que tem como objeto de estudo a língua. A lingüística vai estudar os sistemas das línguas naturais. O conceito de sistema na lingüística refere-se a um conjunto de diferenças organizadas. O que importa em um elemento não é a sua realidade física, mas sim seu valor sistêmico, seu valor atribuído e reconhecido como peça de um sistema.
Na semiótica discursiva vai ter como objeto de estudo a construção dos discursos presentes nos textos das diferentes linguagens. O texto semiótico é composto por diferentes sistemas; por exemplo, a arte é uma linguagem, e um quadro é um texto dessa linguagem, composto de diferentes sistemas: sistema visual (cor, luz, forma), sistema material (tela, pincéis). Essa definição de texto também é adotada pela semiótica da cultura que extraiu da lingüística alguns conceitos para compor seu corpo teórico. Na semiótica da cultura - diferente da semiótica discursiva onde é estudada a construção do texto a partir das unidades mínimas – são estudadas as relações entre os diferentes sistemas.
O texto possui uma organização, e todas as linguagens têm uma estrutura parecida com a da língua natural. Por isso, é preciso que se estendam esses conceitos da lingüística para todos os tipos de linguagem. Na semiótica discursiva, é preciso explicar não o que o texto diz, mas sim, como o texto diz. Não existem objetos, existem as relações entre eles. A semiótica busca explicar o conjunto dessas relações.
Muito se confunde, e isso também graças
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