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Resumo Livro Fotografia da Caixa Preta

Por:   •  6/12/2018  •  3.166 Palavras (13 Páginas)  •  371 Visualizações

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- A Imagem Técnica

No segundo capítulo, Flusser passa a fazer uma comparação entre a imagem tradicional e a imagem técnica (produzida por aparelhos), que para ele, simboliza uma espécie de evolução no modo de pensar e enxergar a imagem. “As imagens tradicionais precedem os textos, por milhares de anos, e as imagens técnicas sucedem aos textos altamente evoluídos. ” (FLUSSER, pg. 10).

O autor diz que a imagem técnica requer toda uma estratégia, que gira em torno de um pensamento crítico do mundo, por isso é mais dificilmente decifrada. E a aparente objetividade das imagens técnicas é ilusória, pois são símbolos abstratos que codificam textos em imagens.

Se na imagem tradicional havia um agente (pintor, desenhista, escultor) que se coloca entre a imagem e o seu significado, transferindo símbolos para superfície pela ação de sua mão; na imagem técnica, além do agente, há o aparelho (caixa preta) que se interpõe entre a imagem e o significado. Enquanto a magia das imagens tradicionais ritualizava mitos/modelos; a magia da imagem técnica ritualiza “programas” elaborados por “funcionários”, que preparam seus receptores para um “comportamento mágico programado”.

Por fim, Flusser sugere que com o advento da imprensa e da escola obrigatória, se constituiu uma cultura ocidental fragmentada em três ramos: o pensamento conceitual hermético, o pensamento conceitual barato e a imaginação marginalizada pela sociedade. Sendo constituídos pelo o que é inacessível ao senso comum, pelo o que é consumido pelo proletariado, e pelas imagens reunidas em museus e exposições, respectivamente. A função da imagem técnica, portanto, é reunificar essa cultura: “o propósito das imagens técnicas era reintroduzir as imagens na vida cotidiana, tornar imagináveis os textos herméticos, e tornar visível a magia subliminar que se escondia nos textos baratos. ” (FLUSSER, pg.12)

- O Aparelho

Flusser começa o terceiro capítulo buscando conceituar o termo aparelho. “Sem dúvida, trata-se de objetos produzidos, isto é, objetos trazidos da natureza para o homem. O conjunto de objetos produzidos perfaz a cultura. ” (FLUSSER, pg. 13). De modo básico, existem dois tipos de objetos culturais: os bens de consumo e os instrumentos. Todos eles são como devem ser, possuem valores e obedecem aos homens de alguma forma.

Os instrumentos são responsáveis por arrancar objetos da natureza para serem utilizados pelos homens. A relação homem-objeto se chama trabalho; e o resultado dela, obra. Os instrumentos são as extensões do nosso corpo e, após a Revolução Industrial, começam a ser chamados de máquinas.

Flusser ainda analisa o aparelho que permite ao homem capturar uma imagem, ou seja, a câmara fotográfica. Ele a define como um instrumento que serve para gerar produtos e afirma que a máquina de fotografar é uma prolongação dos olhos do fotógrafo. “O aparelho funciona, efetiva e curiosamente em função da intenção do fotógrafo. Isto porque o fotógrafo domina o input e o output da caixa preta: sabe com que alimentá-la e como fazer para que ela cuspa fotografias. ” (FLUSSER, pg. 15). Assim, ele explica que é necessário ter discernimento para encontrar, em um mundo tão cheio de imagens, aquelas que possam significar alguma coisa e que possam adquirir valor.

Por fim, o autor conclui o conceito que dá nome ao capítulo: “aparelhos são caixas pretas que simulam o pensamento humano, graças a teorias científicas, as quais, como o pensamento humano, permutam símbolos contidos em sua “memória”, em seu programa. Caixas pretas que brincam de pensar. ” (FLUSSER, pg. 17).

- O Gesto de Fotografar

No quarto capítulo, Flusser faz uma comparação entre o ato de fotografar e a caça, onde o caçador (o fotógrafo) armado (com a sua câmera fotográfica), se camufla e vai atrás de suas presas (as boas imagens). O caçador tem como espaço a selva, já o fotógrafo tem seu cenário. O verdadeiro fotógrafo age, de acordo com essa ideia, “como um caçador que não se movimenta em pradaria aberta, mas na floresta densa da cultura”. Esta selva consiste de “objetos culturais intencionalmente produzidos que vedam ao fotógrafo a visão da caça” (FLUSSER, pg. 18).

O autor escreve que o fotógrafo só pode fotografar aquilo que é “fotografável” e reafirma a necessidade de imagens interessantes, informativas e, ao mesmo tempo, inéditas. Ele explica também que uma situação não pode ser fotografada exatamente como acontece, e, por isso, é necessário que o fotógrafo faça uma seqüência de fotos que possam ilustrar o acontecido da forma mais realista possível. “Na realidade, tais critérios estão, eles também programados no aparelho. Da seguinte maneira: para fotografar, o fotógrafo precisa, antes de mais nada, conceber sua intenção estética, política, etc., porque necessita saber o que está fazendo ao manipular o lado output do aparelho. ” (FLUSSER, pg. 19)

Flusser explica que a práxis fotográfica – prática para a transformação material da realidade – obedece a certas regras e restrições de aparelhagem, além de respeitar sempre um determinado ponto de vista, defendido, inevitavelmente, pelo fotógrafo. O gesto de fotografar é decisivo e apenas uma série de fotografias é capaz de revelar a intenção do seu autor, pois o produto final, a imagem técnica – é resultante de uma série de decisões, não podendo ser identificada na superfície de uma fotografia isolada. “O resultado do gesto fotográfico são fotografias, esse tipo de superfícies que nos cerca atualmente por todos os lados. De maneira que a consideração do gesto fotográfico pode ser a avenida de acesso a tais superfícies onipresentes”. (FLUSSER, pg. 21).

- A Fotografia

O quinto capítulo trata da fotografia impressa, propriamente dita. As fotografias estão presentes no nosso dia-a-dia, aparecendo em jornais, expostas em vitrines, paredes de escritórios, impressos em livros, latas em conserva, camisetas, etc. Seu significado é um conceito programado, que visa programar de modo mágico o comportamento de seus receptores.

Flusser diz que as fotografias mais verdadeiras são aquelas em que se pode imaginar algo, dependendo assim de um raciocínio para a interpretação da fotografia. Ele afirma que o papel do fotógrafo é eternizar momentos em imagens, e que estas precisam ter algum significado, que exija interpretação do receptor para sua compreensão, o que acaba na formação de uma crítica fotográfica na mente

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