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SOCIOLOGIA BRASILEIRA

Por:   •  15/11/2018  •  1.510 Palavras (7 Páginas)  •  288 Visualizações

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Com a abolição da escravidão e a ascensão do sistema de classes no Brasil, o negro sofreu com “reminiscências vivas do passado e estruturas arcaicas que reconstruíam o antigo regime em vários níveis da convivência humana” (FERNANDES, F., 1965, p. 300), isso quer dizer que mesmo fazendo parte de um novo sistema, mesmo vivendo no sistema de classes, o negro não possuía um lugar nesse sistema de forma plena, como previa a abolição. O autor ressalta que as esferas em que isso aconteceu são mais evidentes em dois pólos extremos: nos círculos sociais constituídos pelas elites e os setores dependentes da plebe, dessa forma o povo negro era excluído tanto dos círculos das elites, como dos setores da plebe ficando aquém da sociedade de classes. Esses dois polos, elites e plebe, se relacionavam de acordo com os comportamentos e aparências exteriores, sendo que a plebe conseguia se integrar de forma superficial nos “interesses práticos” da sociedade conforme se dava a expansão urbana e econômica. Dessa forma, formam-se as “ilhas culturais”: conforme os resquícios do antigo regime eram eliminados e desapareciam os contrastes mais gritantes entre o branco e o negro, aparecem as ilhas culturais que congregam as diversas variedades de heranças étnicas que não fazem parte dessa relação entre os dois polos.

Com a superação do antigo regime acontece um processo de modernização e mudança no país onde as elites e plebe tentam se inserir no “mundo de negócios” que era tendência nas cidades. Dessa forma, Florestan Fernandes chama de “drama do negro na cidade” as dificuldades de diferenciação e reintegração na sociedade que o negro sofria. Era necessário, para conseguir algum ascenso nesse novo sistema, o envolvimento no crescimento econômico e desenvolvimento sociocultural que dependiam de recursos morais e materiais, ou seja, recursos econômicos e técnicos que, em grande parte, era possuído pela elite. O negro, porém, sofre mais dificuldades em conseguir esse ascenso pois o histórico da escravidão o deixava em desvantagens insuperáveis em relação ao branco. Sendo assim, o negro não pode fazer parte do desenvolvimento em que a sociedade se encontra, nem usufruir das oportunidades que o novo sistema abria, pois o passado histórico não lhe dava condições de entrar no novo método competitivo em que se organizava a sociedade, impossibilitando-o de acessar de forma plena a democracia.

É assim que se dá a heteronomia racial, o negro permanece, mesmo na sociedade de classes, como “liberto”, possuindo grande distância do homem branco. As exigências para se adaptar à essa nova organização social exigiam padrões socioculturais, comportamentais e econômicos majoritariamente brancos, herdados do antigo regime, da sociedade escravista e que impediam o negro de integrar-se a essa nova sociedade, permanecendo excluído e possuindo dificuldades de integrar-se até os tempos atuais.

4. Defina "função social" para Florestan Fernandes ​ em A Função da Guerra na Sociedade Tubinambá​. O conceito se aproxima mais da ideia de função matemática que aparece ​posteriormente ​ no estruturalismo e pós-estruturalismo, função que condiciona a reprodução de estruturas e relações no tempo (sincronia), ou estaria mais próximo da ideia de função relativa à "diferenciação funcional" (de inspiração biológica) que se desenrola no decorrer tempo (diacronia)? Justifique.

Florestan Fernandes é um pensador inovador no sentido de romper com o evolucionismo. O autor não acredita que há uma linha evolutiva da sociedade em que uma sociedade dita primitiva se desenvolve para uma sociedade moderna, esse pressuposto de sua análise é essencial para qualquer reflexão que envolve o autor.

Em “A Função da Guerra na Sociedade Tupinambá” o autor considera a guerra nessa sociedade como um fato social, que tem uma função social na organização desse povo, uma função que envolve uma importância também política, econômica e territorial. Ele analisa desde as armas, tecnologias e estratégias de guerra até o papel que ela cumpre na sociedade, o substancial dessa obra é o entendimento de que a guerra na sociedade tupinambá exerce uma função social, desse modo podemos notar o teor funcionalista de sua análise.

Por não acreditar na ideia de que existe uma linha de evolução entre as sociedades, é possível dizer que a função social não segue uma sincronia, visto que a sociedade tupinambá não se encontra sincronizado com o mesmo período de desenvolvimento das sociedades modernas, sendo a guerra uma função que interage com a sociedade mantendo sua organização em diferentes âmbitos.

BIBLIOGRAFIA

REIS, José Carlos. Anos 1960: Caio Prado Jr. e "A Revolução brasileira". Rev. bras. Hist. vol.19 n.37 São Paulo Sept. 1999

PRADO Jr., Caio. “Sentido da colonização” In: Formação do Brasil Contemporâneo: colônia. São Paulo: Brasiliense, 1994.

FERNANDES, Florestan. “Heteronomia Racial na Sociedade de Classes”. In.: A integração do Negro na Sociedade de Classes: O legado da “raça branca”. Vol. 1. São Paulo: Ed. Dominus, 1965.

FERNANDES,

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