Homens mulheres metade perigosa
Por: Rodrigo.Claudino • 9/10/2018 • 2.291 Palavras (10 Páginas) • 299 Visualizações
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Os Lugbara da Uganda e Zaire.
- Uma sociedade organizada sobre a linha de parentela e das categorias de idade, dos grupos de filiação e redes de aliança
- Nesse sistema, a mulher se encontra em posição marginalizada, é definida por uma qualidade instrumental: ela procria, produz, tece relações “circulando” pelo jogo dos intercâmbios matrimoniais). É tida como uma sociedade viril, que coloca as mulheres a seu serviço.
- É um dos exemplos etnográficos em que a mulher aparece como estrangeira a sua própria sociedade.
- Pra essa situação de exclusão e inferioridade tem toda uma justificação ideológica através de um sistema de representações de caráter dualista: a mulher está do lado das coisas, do lado da natureza selvagem, não de uma paisagem humanizada
- (ver pag 29) Nesse sistema de representações, todos os elementos são concebidos em termos de inversão ao masculino, sendo o feminino o lado mau.
- Ele conclui que essa relação dualistica aparece nos lugbara na oposição entre o social e o a-social (ou anti-social). A mulher não é associada aos antepassados, ao universo social, mas a figura mítica Adro, que representa a feitiçaria. E essa oposição implica, mais uma vez, na oposição entre ordem e mudança.
Há alguns exemplos no decorrer do texto que não vou falar muito mas posso falar rapidamente das características principais e dos aspectos que é Balandier destaca. Os Ndémbu, da Zambia, sociedade em que a inferioridade feminina transparece na divisão das atividades produtivas. Os homens à caça, supervalorizada, atividade humana por excelência, e mulheres a agricultura, algo referente a natureza, fertilidade. E também é outro exemplo que ela está presente marginalmente. Ela está fora da sua linhagem quando se torna esposa. Cita o caso dos Fang gamboneses, que existe uma ideia de complementaridade entre os dois elementos opostos, mas essa complementaridade, que é ideológica, não chega a mascarar completamente a situação inferior da mulher. E nesse exemplo tem um caso das mulheres conseguirem algumas artimanhas para elevar seu status, mas que com isso vários conflitos são gerados, o que para ele não é uma surpresa, visto que essa unidade é sempre tensiva. E o caso dos Ruanda e Barundi antigos, em que a relação entre o homem e da mulher funciona numa relação de poder paralelo a outras relações de poder que operam de forma semelhante, como a relação soberano/súdito, primogênito/caçula, pai/filho. E isso permite que essa inferioridade da mulher seja relativizada em outras situações, o que explica porque nesse caso o antagonismo homem/mulher é mascarado.
II - As interpretações das teorias sociais
Esses exemplos apresentam a maneira pela qual são definidas as relações entre sexos e, mias do que as práticas sociais, a condição existencial feminina. Eles mostram que esse dualismo também acabam modelando arranjos sociais de outra natureza, PORÉM mais na frente aparece melhor sobre as raízes desse princípio dualista.
O dado mais geral desses exemplos é a afirmação da inferioridade da mulher, mesmo se essa situação se encontre ponderada pela incidência de hierarquias sociais. Elas aparecem a margem dos conhecimentos e das práticas mais valorizadas, do lado dos utensílios e das coisas.
E ainda seu status de estrangeira efetuada pelas práticas exogâmicas, trocas matrimoniais, etc.
E a intenção foi mostrar pelo menos 3 formas possíveis de estabelecer uma unidade, uma ordem nessa relação antagônica: uma união por fusão (com o elemento andrógino), uma união pela complementaridade por origem comum (do casal de gêmeos), e os últimos que seria uma unidade pela aliança de diferenças.
E ele situa essa complementaridade dos opostos como podendo ser a origem dos sistemas sociais, na qual somente por essa relação ambivalente poderia se estabelecer um sistema de relações sociais. (O que explicaria por exemplo, a proibição do incesto e da homossexualidade).
O relato mítico fundamenta a sociedade e a cultura, encobre as forças de ruptura que ameaçam o que ela sustenta.
III - Os sexos e as estruturas
Sociedades por conjuntos segmentários, por circunscrição e em situação de estado tradicional.
os Talensi da Gana (ou os Tali)
- É um tipo clânico segmentário, sua coesão social resulta das trocas matrimoniais, e a essas trocas ficam relegada a função da mulher. A mulher se encontra marginalizada na estrutura social, se inser apenas atraves de uma ficção. Confinada ao espaço doméstico e sempre representando ameaça, representando a força de contestação da ordem.
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Os Bamilaque do Camarões ocidental
- Sociedade relativamente extensa num interior de uma circunscrição, nela as desigualdades se exprimem a princípio pela divisão das tarefas econômicas entre os homens e as mulheres (elas assumindo as consideradas mais inferiores)
- É um caso mais complexo de perceber como se apresenta a oposição dos sexos, porque a mulher não está destituída das relações e da estrutura. E há a existência de uma aristocracia feminina, uma minoria de mulheres que estão no sistema de poder e que exerce poder sobre as outras mulheres. Mas o que o autor ressalta é que ela só tem poder quando associada a um homem-chefe e como-um-homem. Ela tem sua sexualidade destituída e ainda tem uma função instrumental de ser intermediária entre o elemento macho e fêmeo. Então a metade perigosa seria regulada através desse poder ambíguo dessas mulheres.
De forma semelhante acontece nos Bunioro da Uganda, que é o exemplo de sociedade estatal tradicional.
- Pois nela também existe uma figura feminina (a Kaliota) que está ao lado do soberano. Ela não exatamente casada com o Rei, mas com o encargo de que este é detentor. Ele tem a função de ser a “cabeça” das mulheres do clã real.
- Há ainda outra mulher que tem um status mais elevado, a mãe do rei. Após a entronização do rei, ela não deve ter mais contato com ele, mas deve protegê-lo religiosamente.
- Então vai aparecer a figura feminina tanto no poder político como religioso, mas em ambos os casos elas tem o lado feminino amputado, se tornam assexuadas. Ao mesmo tempo que tem a função de
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